Capítulo 5

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Seguindo uma ordem cronológica dos fatos Mary ficaria isolada com Tereza e suas amigas que não deixariam que outras pessoas se aproximarem, mas já no primeiro dia de aula Mary já tinha amigos com outros magos e passou os intervalos com o irmão postiço.

Eu estava em uma mistura de solidão e satisfação, afinal a história estava mudando e a nossa protagonista estava cada vez melhor relacionada! E mesmo assim eu tinha uma sensação que estava esquecendo alguma coisa...

Tereza e seu grupo eram infantis, queriam apenas espalhar rumores e isolar Mary e fingir que os humanos não eram pessoas que fossem boas para se relacionar, mas o final ela queria que Mary saísse da escola e que humanos não se misturassem com os sobrenaturais, ou simplesmente ela estava com ciúmes do brilho de Mary.

Que queria bater em Tereza pela forma que agia. A tradicional falsa.

Mas eu também queria bater em Mary por ser inocente. A irritante trouxa que não se podia deixar sozinha.

Primeiro seria a historinha dos salgadinhos que eu contornei com a ajuda de Erick, a segunda ideia delas era pichar uma mesa pela manhã, o que não foi muito possível porque tinha uma testemunha (eu) lendo na sala.

Depois iriam pichar seus cadernos com xingamentos (eu comprei dois cadernos para substituir o rasurado).

Eles iriam esconder suas roupas das aulas de educação física (o que não conseguiriam porque eu ia estar lá quando tentassem).

Iriam isolar ela com rumores sobre como ela era perigosa e tinha trazido uma faca para a escola (eu já tinha cuidado disso no início).

Essas eram as coisas que eu lembrava que aconteceriam e eu achava que quando tudo isso falhasse, elas desistiriam e Mary se daria conta que Tereza era uma idiota e arranjaria outras amigas com as quais pudesse mudar de quarto.

Mas é claro que algo tinha que dar errado.

Erick parecia me procurar desde que eu tinha enviado ele para Mary nos primeiros dias de aula e eu tinha fugido dele como um diabo foge da cruz, afinal não queria encarar o mal humor novamente e nem receber aquele olhar frio e irritado, mas diferente da irmã ele era enfadonhamente persistente.

Mary também me perseguia, é claro, mas eu conseguia evita-la com novas amigas que eu empurrava para ela. Quando Jade Bloodrake não tinha uma aura de morte e melancolia a sua volta todos queriam ser seus amigos.

Tereza demorou dois dias para perceber que era eu que estava me intrometendo em seus planos e não gostou nada disso e como uma valentona digna, ela foi me confrontar.

— Venha comigo — ela disse em seu tom autoritário me levando para fora da escola durante um intervalo, claro que ela não se dignou a olhar para trás para ver se eu a seguia ou não e sinceramente eu não tinha nem uma vontade de dar aquele gostinho para ela.

Existiam várias cafeterias naquela escola, todas espalhadas, mas eu sempre ficava na mesma e foi fácil ela me encontrar.

Eu tinha sido só um pouquinho tola por gostar demais dos bolinhos daquela cafeteria e ficar sempre por lá...

Eu estava sentada sozinha em uma mesa para duas pessoas em um canto e continuei sentada de braços cruzados esperando que ela percebesse que eu não ia junto. A rainha nunca esperava insubordinação o que tornava tudo ainda mais divertido.

Quando eu era eu, ninguém pensava em mexer comigo. Como eu era alta todos ficavam intimidados e quando eu cruzava os braços a pessoas costumavam ir embora, mas infelizmente agora eu era uma garotinha pequena e delicada e não colocava muito medo em ninguém. Ainda.

Diário de Observação de uma Autoproclamada Personagem Secundário - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora