Capítulo 16

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Pela manhã (ou final da tarde, ainda estava confusa quanto a como chamar a rotina daquela escola) eu levantei sobressaltada, sem saber que horas eram ou se estava atrasada, porque eu não encontrava meu celular em lugar nenhum... Na verdade eu não lembrava de ter visto ele no dia anterior inteiro... Mas também eu não lembrava muita coisa do dia anterior.

Quando vi que as pessoas já deixavam a cafeteria eu tive certeza que eu estava atrasada e fui correndo para a sala de aula.

— Cheguei! — eu disse quando passei pela porta da sala, mas para a minha surpresa haviam poucas pessoas na sala.

Mary estava com um pano limpando algo em minha mesa e outra garota limpava rasuras no quadro, no canto de sempre, Tereza e suas seguidoras riam com uma piada interna que não nos incluía.

— Jade! — Mary disse surpresa e tentando esconder a minha mesa atrás de si — ainda é cedo! O que está fazendo aqui?

— Eu perdi meu celular — eu me aproximei com curiosidade — então estou sem relógio... O que... O que você está fazendo?

Ela tentou esconder com as mãos, mas eu pude ver as rasuras feitas de caneta, os palavrões e xingamentos rasurados como tentativa de me afetar.

Tereza riu mais alto.

— Acho que esse negócio de proteger as amigas não era exclusividade — a vampira riu para as duas colegas.

Eu estava irritada. Não apenas perdi meu celular, mas Mary estava me protegendo a não sei quanto tempo daquelas palavras que não me afetavam (muito).

— Jade! Não é o que você está pensando... Eu só... — Mary parecia frenética tentando me explicar.

— A quanto tempo você vem fazendo isso? — perguntei, suas mãos estavam com manchas pretas da tinta. Não me importava o que dizia, mas eu estava irritada por gastar a amabilidade de Mary desse jeito.

— Não muito! Eu... — ela estava nervosa, provavelmente pensava que eu me machucaria com aquilo...

Que gracinha. Eu sorri para a tentativa dela de me proteger, na verdade eu que deveria fazer isso... Não o contrário.

— Obrigada Mary — eu sorri e me segurei para não bagunçar seus cabelos como eu fazia com Henry — não se preocupe com isso — eu peguei o pano de suas mãos.

— Que gracinha! — riu uma das acompanhantes que eu chamei de Irritante 1.

— Não é lindo quando se tem uma amizade "verdadeira" assim? — alfinetou a Irritante 2.

— Ah! Vão a merda! — eu não disse não conseguindo mais me conter, minha paciência já estava no limite... Eu tentei ser madura... Ser responsável... Dar lição de moral e até mesmo aconselhar, mas tudo tinha um limite! — sério... Parem de ser retardadas e vão cuidar das próprias vidas! Pelo amor de deus! O que é isso? É mesmo necessário? — Tereza revirou os olhos para mim — nem comece com essa reviradinha de olhos como se fosse melhor que alguém aqui... Porque as pessoas normais não precisam humilhar os outros para se sentirem melhores! Quer saber? Eu cansei! Vá tomar...

— O que está acontecendo aqui? — me interrompeu o professor.

—... Suco de banana! É ótimo para pele e vocês parecem estar precisando! — eu acrescentei rapidamente, já tinha me metido em encrencas demais durante aquele ano.

— Senhorita Bloodrake! O que aconteceu? — o professor exigiu saber — eu ouvi um vocabulário chulo daqui?

— Nada professor! Eu apenas estava dando umas dicas de beleza para as minhas colegas! — acrescentei, olhando para Tereza e as Irritantes pelo canto dos olhos, desafiando-as a discordar.

Diário de Observação de uma Autoproclamada Personagem Secundário - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora