Capítulo 25

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Quando me falaram da cidade eu imaginei algo mais...

Não sei o que eu imaginava, era igual a qualquer cidade que se esperava assim como da outra vez que saímos. Eliot foi em sua moto e nós quatro nos dividimos no carro de Bernardo.

Aparentemente nem Erick e nem Eliot tinham mais amigos e nem nada para fazer naquele acampamento. Será que eles realmente tinham ido apenas por minha causa?

Eu esperava que não... Isso era uma coisa que só acontecia em livros e para quem não tinha mais nada na vida além de uma obsessão... E como diabos eles podiam não ter amigos ou coisa melhor para fazer? Eles eram estranhos...

— O que vamos fazer primeiro? — perguntei.

— Eu... Deveríamos comer alguma coisa? — perguntou Mary envergonhada, aparentemente ela estava com fome, mas não queria incomodar ninguém.

— Podemos procurar algum lugar... — eu disse, afinal eu não conhecia o lugar e estava contando que os rapazes conhecessem.

— Eu sei um ótimo lugar — disse Bernardo — umas garotas me mostraram um café no ano passado, é um lugar bem agradável.

A cidade parecia pequena e não muito movimentada, ou pelo menos de quem morava ali, porque afinal de contas aqueles nas ruas pareciam apenas jovens de nossa idade.

Bernardo nos levou pelas ruas pequenas até uma pequena casa de madeira com um grande deck, com mesas atoalhadas e cortinas fofas de babados.

— Que lugar fofo! — disse Mary, ela e Bernardo pareciam se encaixar perfeitamente no lugar, afinal aquele lugar parecia saído de um comercial de guloseimas com seus tons pasteis e cortinas e toalhas rendadas e Mary parecia uma fadinha com seu cabelo loiro esvoaçante e Bernardo com seu cabelo rosado.

Se Mary já não fosse de Mikael eu diria que os dois ficariam bem juntos.

Já eu parecia uma gota de tinta preta caída no tecido branco com minhas calças pretas e botas altas com tachinhas e uma camisa vermelha plissada e passada por suspensórios. A única coisa mais branca em mim era minha pele e meus dentes.

Erick e Eliot pareciam igualmente deslocados. Erick com sua camisa engomada e calças sociais e colete (porque coletes masculinos sempre tinham tanto charme?) e Eliot com uma camisa justa meio puída e jeans rasgados com correntes e coturnos. Éramos realmente uma equipe e tanto.

Olhei em um espelho na parede e não pude evitar deixar escapar uma risadinha.

— O que foi? — Eliot perguntou, minhas botas tinham um pequeno salto, mas mesmo assim o topo de minha cabeça ficava da altura de seus olhos.

Eu nunca mais reclamaria de minha altura novamente... Ser baixinha não era tão legal quanto eu pensava.

— Nós parecemos ter saído de uma propaganda ruim sobre diversidade — eu disse para ele e logo os outros também estavam parados na frente do espelho rindo.

A gótica. O intelectual. O rebelde. A garotinha inocente. O gay. Certeza que alguém nos contrataria para uma propaganda de roupas ou integração social.

Nos sentamos em uma mesa redonda em um canto, eu me sentei em uma ponta com Bernardo a meu lado. Aparentemente os rapazes não queriam ficar perto dele, então Mary sentou ao lado dele, seguida de Erick e Eliot na ponta.

Eliot era o mais engraçado ali, afinal ele tinha todo seu estilo rebelde com as roupas rasgadas, motos e piercings e mesmo assim ele estava sentado em um banco acolchoado em tons pasteis com toalhas bordadas (mesmo com uma cara meio desgostosa) apenas para me agradar.

Diário de Observação de uma Autoproclamada Personagem Secundário - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora