Capítulo 19

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Funguei, acordei e passei a manhã de mal humor.

Ainda estava irritada pela maneira que aqueles dois tinham agido no dia anterior e não tinha me arrependido pela bronca que tinha dado. Porque aqueles dois não podiam apenas ser normais?

A resposta era óbvia, então a minha pergunta era: porque personagens de livros não podiam ser normais? Tipo... Ok ter característica marcantes era importante para um personagem de um livro, mas porque tinham que ser tão lindos, irritantes e me tratar como um tipo de pessoa que não pode pensar sozinha?

...

Eu era normal?

Essa era a pergunta que mais me rodava a mente, se todos ali eram considerados normais, eu era a estranha?

Era provável. Principalmente com a quantidade de pensamentos aleatórios que passavam pela minha mente... Talvez eu fosse realmente louca.

Cheguei na sala e Mary já estava lá, aparentemente Tereza não tinha mais se dado ao trabalho de pixar a minha mesa depois da nossa pequena... Discussão.

— Mary! — choraminguei, ela era como uma mãe para mim e eu tinha contado tudo a ela e ela confessou que o irmão já tinha lhe dito que gostava de mim, mas sinceramente eu não sabia dizer como me sentia sabendo que eu era o cupido dela e ela tentava ser o meu — não tomei café suficiente para viver hoje...

— Quantas xicaras você tomou desta vez? — Mary perguntou tranquilamente.

— Sei lá... Umas quatro? — eu me arrastei até a minha cadeira — aí me disseram que minha cota de café era aquela e me expulsaram de perto da máquina... Isso não é abuso infantil?

Mary riu adoravelmente.

— Depois eu deixo você tomar minha cota de café — ela disse.

— Mary... Você é um anjo! — eu disse a ela e me joguei por cima da mesa para abraça-la. Mary agora sentava a minha frente e nos duas sempre ficávamos juntas.

Alguém apareceu enquanto eu estava distraída com Mary e colocou uma xicara de café na minha mesa.

— Ah! Obrig... — eu sorri, mas eu sorriso morreu quando eu olhei quem era. Era Eliot. Só olhar para seu rosto era suficiente para que eu voltasse a ficar irritada, justo quando eu quase estava acreditando na humanidade novamente...

— Você realmente é viciada nessa coisa... Seria a ressaca? — ele ironizou.

— Estou irritada com você. Va embora — eu disse, mas mesmo assim peguei o café. Café era café, não importava a situação.

— Mesmo eu vindo me desculpar? — ele e puxou uma cadeira próxima — você já aceitou minha oferta de paz... — ele apontou para o café e eu bufei. Devia ter pensado nisso.

— E como se diz? — perguntei para ele.

— Me desculpe — ele sorriu, provavelmente do meu jeito mandão de braços cruzados.

— Por...? — insisti. Isso que eu nem havia feito ele se ajoelhar e implorar.

— Levar você em um lugar perigoso e te pôr em perigo? — ele perguntou — onde possivelmente receberia unhada de garotas ciumentas?

Eu não consegui evitar de rir, ver aquele punk pedindo desculpas com um ar inocente era tão controverso quanto era engraçado.

— Isso quer dizer que eu estou perdoado? — ele perguntou.

— Pelo amor de deus! Vão achar um quarto! — Tereza comentou.

— Olha, eu até queria, mas ela não quer ir junto — Eliot ironizou — eu até chamaria você, mas... — ele a olhou de cima a baixo — você não é muito meu tipo... Não acho que teria muita graça...

Diário de Observação de uma Autoproclamada Personagem Secundário - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora