Capítulo 34

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Eu não sabia se tinha magoado, ou dado esperanças para Erick, mas de qualquer forma ele parecia bem então eu não quis me meter mais... Provavelmente por estragar até mesmo nossa amizade.

Tudo voltou ao normal. Eliot continuou me enchendo a paciência, Bernardo fazia companhia nos lanches, as vezes eu ia tomar chá com Erick e Mary desaparecia com cada vez mais frequência para se encontrar com Mikael.

Nada aconteceu.

Nenhuma vingança adicional ou qualquer coisa do gênero, apenas a mais completa paz.

Era quase estranho.

Era entediante.

Eu corria os dedos pelas lombares dos livros de Erick enquanto ele parecia concentrado com alguma coisa, Mary tinha sumido novamente e eu não tinha nada para fazer além de engordar com os biscoitos dele e olhar livros que eu não entendia o significado.

— Ah! Jade — Erick chamou e eu olhei para ele desatenta, estava quase sentando de ponta cabeça no sofá para ver se eu tinha ideia de fazer alguma coisa — encima da mesa... O envelope azul, é para você.

Fui cautelosamente até a mesa, eu nunca recebia correspondências e a curiosidade acabava com meu tedio.

— O que é? — perguntei pegando o pequeno envelope, uma coisinha azul do tamanho de uma carta tradicional, mas timbrado com um unicórnio com dois pratos de balanças rodeados de plantas e o que pareciam minerais, o qual eu não fazia ideia do que significava.

— Um convite oficial para você ir no teste de aprovação na convenção dos magos — ele disse com simplicidade, mas até eu sabia que não era nada simples.

— Então você conseguiu? — eu disse com empolgação e ele sorriu para mim.

— É só um convite para um teste... — ele disse.

— Mas mesmo assim! Não é qualquer um que eles chamam para esse tipo de evento, certo? — eu disse parecendo mais empolgada que ele— e ainda mais dão esses convites extras...

— Bom... Você previu isso, não? — ele ergueu a sobrancelha, obviamente também estava entusiasmado — você disse que eu passaria...

— Que você vai passar! — eu disse com certeza — e eu com certeza vou! Quando é?

— Amanhã — ele disse voltando ao trabalho, o dia seguinte era um dia letivo e porque diabos ele não havia me avisado antes?

— O que? — eu disse subitamente irritada — porque não me avisou antes?

— Desculpe... Eles chegaram ontem à noite... — ele disse — na verdade o meu convite também — ele disse com sarcasmo — possivelmente alguém desistiu e resolveram me dar uma chance... Eu provavelmente só estou tapando buraco...

— E é só o que você precisa. Uma chance — eu disse tentando anima-lo — e amanhã você vai lá e vai mostrar para eles que você é a pessoa mais talentosa daquele lugar.

— Você acredita mesmo nisso? — ele perguntou feliz.

— Claro que sim — disse confiante para ele.

— Então você vai? — ele perguntou.

— Sim! — confirmei.

Mary também foi. Claro que ela provavelmente não perderia a estreia do irmão na sociedade, mesmo não sabendo que suas chances eram quase absolutas.

Era estranho ver nos duas andando juntas por aí, ela com o cabelo claro, olhos verdes e um vestido comportado rosa bebe e eu com meus cabelos pretos, olhos cor de rosa e minha saia de couro com meia arrastão, estava calor aquele dia, mas minha única mudança era uma camiseta de ombro a ombro preta cheia de rendas e uma gargantilha extravagante.

Diário de Observação de uma Autoproclamada Personagem Secundário - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora