Capítulo 36

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Algo não estava me cheirando bem com aquela progressão histórica... A história que eu estava vivendo já não era a muito tempo a que eu li e eu não sabia o que esperar de agora em diante... Até onde eu sabia não era uma pessoa que gostava muito de surpresas...

Aquela violência desnecessária estava começando a me incomodar, quero dizer antes a violência ficava implícita na história, mas eu nunca tinha visto daquela maneira... Na verdade eu nunca tinha exatamente ligado pra ela porque ainda não tinha me caído a ficha que poderia ser real e pessoas se machucavam de verdade e quase morriam.

Mas de qualquer forma estava tudo certo agora, não é? Qual o motivo de eu continuar ali se tudo estava certo agora?

Eu estava em conflito, ao mesmo tempo que queria ir embora, ver minha família e amigos humanos, eu não queria sair dali e abandonar aquela vida ali.

Pelo menos um mês foi tranquilo... Me acomodei rápido nos meus dias escolares agradáveis novamente. Era divertido, era o sonho que todo adolescente queria, mas eu não podia deixar de sentir saudade de casa... Mas pelo menos eu tinha conseguido falar com Eliot decentemente e de alguma forma os lobisomens tinham se acalmado.

Era divertido, mas eu já não era uma adolescente.

Eu sou Alexis Goldman. Eu repetia para mim mesma, tentando me lembrar de quem eu era.

Tenho 25 anos e sou formada em educação física, trabalho com a academia de meus pais e ensino principalmente artes marciais. Tenho um irmão mais novo, Henry e meus melhores amigos são Rose e Diogo.

25? Eu já não tinha 26? Meu aniversario tinha passado, não tinha?

Com uma vida nova eu tinha esquecido da antiga, mas eu não queria esquecer... O limiar entre as duas personalidades, as duas vidas estavam ficando cada vez mais tênue.

Era o meu aniversario que tinha passado? Era o de Jade? Qual eu deveria comemorar? Jade raramente comemorava aniversários devido a seu corpo instável. Ela devia ter mais te trinta, mas seu corpo era de uma adolescente, como se comemorava algo assim? Como se dizia a uma criança que ela fazia 10 anos durante 9 anos seguidos?

Para melhorar meu dia, Tereza veio falar comigo.

Ela tinha ficado quieta a tempos, aparentemente sua mamãe tinha proibido que eu fosse seu alvo de bullying e ela não podia fazer mais do que ficar quieta e me olhar desgostosamente, como se constantemente esperasse que eu olhasse para ela e dissesse "leve até a sua mãe, eu mudei de ideia". Como uma imitação ruim de "leve-me ao seu líder!".

— Minha mãe quer falar com você novamente — ela disse sem rodeios jogando dramaticamente uma mecha de cabelo sobre um ombro, claro que tinha me puxado para um dos corredores estrategicamente vazios que sempre existiam naquele lugar — ela perguntou se mudou de ideia.

— Olá, para você também — eu disse com sarcasmo cruzando os braços — eu não tenho nada para falar com ela... Não mudei de ideia se é isso que você quer saber — eu disse a ela. Tinha quase pena de Tereza... Ela era quase só um peão da própria mãe — era só isso? — perguntei indo embora, nenhuma de nos duas queria passar muito tempo na presença uma da outra.

Era isso que chamavam de antipatia natural?

— Escute Jade — ela me pegou pelo braço com força surpreendente — eu não gosto disso tanto quanto você, mas minha mãe não é alguém com quem você pode brincar... Se quer uma ideia? Ceda logo. Antes que ela ache que precisa fazer algo para você mudar de ideia.

É... Era oficial... Eu realmente estava me apiedando de Tereza Ladam.

— Tereza... — suspirei e me desvencilhei delicadamente de suas mãos — por incrível que pareça, eu não acredito que você seja uma má pessoa... — eu disse a ela e quase revirou os olhos — sério... Você não é como sua mãe. Tem uma forte influência dela, mas você não é radical como ela... Eu sei disso porque você é realmente amigas das... — me contive para não chamar suas amigas de Irritante 1 e 2, mas eu também não lembrava o nome delas — ... Metamorfas, então eu acredito que você não é extremista como ela pelo menos... Você sabe o que é certo e o que é errado e sabe o que ela está planejando, não é? — perguntei a ela e Tereza me olhou culpada. Bingo! Eu tinha razão, ela sabia, mas pelo jeito não ia me contar.

Diário de Observação de uma Autoproclamada Personagem Secundário - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora