Eu acordei e abri meus olhos lentamente, acima de mim estava o teto de dossel de minha cama.
Me virei de lado e olhei para as minhas mãos, minhas unhas pareciam um pouco mais compridas do que da última vez, assim como o meu cabelo, será que eu tinha crescido enquanto dormia?
Sai da cama e a porta logo se abriu.
— Senhorita! — Melissa, minha empregada entrou em polvorosa pelo quarto — finalmente você acordou!
Ela me abraçou, mas meus movimentos eram lentos comparados aos seus, faltavam empolgação e eu a abracei de volta, mas diferente dela eu era vazia.
— Senhorita? — ela me olhou estranho.
— Sim? — perguntei, porque parecia que ela esperava algo de mim?
— Você está bem? — ela pareceu preocupada.
Porque ela se preocupava por mim? Não havia motivo... Não importava o que me afligisse eu não iria morrer... Iria apenas me curar, uma das dadivas herdadas de meu pai, ou deveria dizer maldição? Ninguém poderia tentar dar cabo de mim também, mesmo que quisessem e eu sabia que muitos queriam.
— Sim... — eu disse, mas senti que ela queria mais de uma palavra de resposta, mas eu não conseguia evitar.
— Você tem certeza? Não vai perguntar porque as trouxemos para cá? — Melissa parecia nervosa, mas eu não via o motivo.
— Porque vocês me trouxeram para o meu quarto? — perguntei confusa, minha voz demonstrava calma, mas meu interior era apenas inexpressivo, ela queria que eu agradecesse por terem me trazido para cá? — acho que seria um pouco ruim me deixar desmaiada no meio da floresta... Por quanto tempo eu fiquei desmaiada? — perguntei indo em direção ao meu guarda roupas para procurar algo além da camisola para vestir.
Olhei meus antebraços, eu tinha engordado? Pareciam mais finos antes... Seria efeito do crescimento?
— Floresta? — Melissa repetiu — você está desmaiada a duas semanas...
— Duas semanas? — perguntei pensativa, este era o máximo de interesse que eu conseguia ter — isso é um pouco demais para apenas uma queda de uma arvore... — de qualquer forma não me importava muito.
— Queda de arvore? — Melissa repetiu, porque ela parecia tão perdida? Eu não gostava de falar muito, mas achava que estava sendo clara.
— Sim... Eu cai da arvore grande de trás da casa depois de colocar um passarinho em um ninho no alto... Acho que cai de cabeça no chão de pedra — esclareci.
— Senhorita... Isso já fazem meses... — disse Melissa preocupada — você não lembra de nada? Da escola?
— Do que você está falando Melissa? — franzi o cenho de leve — e a escola não começa em alguns dias?
Melissa olhou para baixo e ajeitou a postura, parecendo se recuperar.
— Senhorita, preciso me retirar agora por um assunto urgente — ela fez uma pequena reverencia e saiu pela porta sem esperar resposta.
Que estranha.
Ou talvez eu que fosse estranha... Definitivamente eu não conseguia acompanhar o ritmo dos demais... Será que era algo errado comigo? Provavelmente.
A escola... Precisava começar as malas... Estava evitando aquilo por tempo demais já. Eu não queria ir. Não queria ir para lugares movimentados, sabia o que me esperava, afinal ninguém gostava de dampiros...
Talvez eu consiga fazer amigos... Disse a mim mesma, mas logo descarte a ideia. Quem iria querer ser amiga de alguém como eu?
Eu tenho que ir... Não posso ficar dependendo de meu pai para sempre...
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Diário de Observação de uma Autoproclamada Personagem Secundário - Concluído
RomanceEu sempre amei romances. Não porque eu era uma adolescente apaixonada, mas porque eu nunca cheguei perto de viver um e não achava que o viveria tão cedo. Aos 25 anos eu já era formada em educação física e dava aulas na academia da minha família. Tín...