Capítulo 30

36 6 0
                                    

Graças a meu lindo surto eu tinha estragado completamente o feriado de todos e resolvi ir embora mais cedo, deixando todos os meus amigos para trás.

A escolha não foi exatamente minha também, afinal os professores estavam investigando o que tinha acontecido e me pediram para voltar a escola normal e sinceramente eu não queria mais pessoas me olhando estranho novamente... Eu sentia os olhares dos alunos encima de mim novamente, mas isso não me importava.

O que me doía era a forma que os rapazes tinham me olhado.

Mary tinha corrido para mim preocupada e provavelmente era a sua presença que me fazia ter a certeza que eu não tinha feito nada tão errado assim...

Isso definitivamente não entrava em uma história de livro clichê... E cada vez mais me incomodava.

Até onde ia a ideia de que aquilo era uma história de romance e até onde ia a minha imaginação? Porque aquela dor que eu senti era definitivamente real.

Era como se eu tivesse várias personalidades brigando dentro de mim, cada um de um jeito, mas ao mesmo tempo todas misturadas, me fazendo não ter ideia do que eu era naquele momento.

Eu era humana? Eu era vampira? Eu era um monstro?

Eu tinha machucado aquelas duas meninas... As tinha machucado e não me importado...

Tudo isso era tão confuso... Cada vez mais eu não tinha mais a linha que definia o que eu chamava de ficção, o que era verdade ou o que era mentira.

Tudo aquilo era realmente um sonho? Alexis Goldman realmente existiu?

Se não... O que eu era?

Olhei para a janela do meu quarto no internato. Se aquilo não era realmente um sonho, como eu sabia tantas coisas? Como tinha imaginado um mundo tão diferente? Porque eu sentia falta de pessoas que não existiam?

Encostei minha testa na janela fria e suspirei, tentando não pensar. Tinha ficado realmente magoada com a forma com que as pessoas e olhavam com medo... Será que Eliot, Erick e Bernardo realmente acreditaram que eu iria machuca-los?...

A escola estava praticamente vazia esses dias e eu não tinha vontade de sair para a cidade, principalmente porque eu não sabia onde ir.

Passei o restante do meu tempo mofando no meu quarto, ninguém veio me chamar então provavelmente resolveram que eu era inocente.

Quando finalmente estava nos últimos dias eu resolvi sair do meu pequeno quarto e buscar café em um lugar um pouco mais amplo...

Alunos já começavam a voltar e aproveitar para sair no último dia, mas assim que eu peguei meu café me arrepende de ter saído de meu quarto.

Tereza tinha voltado.

Tentei fingir que não existia, fingir que não a tinha visto e esperar que ela não tivesse me visto também, mas para a minha surpresa ela estava sozinha e veio diretamente até mim.

Considerando que eu já estava encrencada por causa do bullying malsucedido das lobisomens eu não queria que Tereza começasse uma disputa pessoal e me mostrasse o que os vampiros podiam fazer...

Conforme ela se aproximava com os olhos cravados em mim eu fingia que não a tinha visto e disfarçava, mas ela tinha um objetivo bem claro ali.

Diferente do que eu pensava que ela apareceria e me esnobaria pelos problemas que eu causei, ela sentou à minha frente e cruzou as pernas. Parecia que não tinha ninguém ali para ver o milagre dela aparecer quieta.

Ela me olhou com certo desprezo e jogou os cabelos fabulosos por cima do ombro.

— é verdade que você causou problemas? — ela disse mal-humorada — vamos melhorar... Que as lobisomens te atacaram?

Diário de Observação de uma Autoproclamada Personagem Secundário - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora