Capítulo 5

589 61 38
                                    

Acordei faz meia-hora e estou olhando para o guarda-roupa, tentando decidir o que vestir para encontrar Ellen. Quero estar bem para ela e preciso estar vestido confortavelmente para ajudar a carregar e descarregar o caminhão. Opto por uma calça jeans e uma camisa cinza mesclada, ambas escuras. A intenção da escolha do tom é chamar o menor nível de atenção possível caso eu me suje. Calço meu tênis, dou uma última olhada ao redor, e com a certeza de que está tudo em ordem, tranco a porta e sigo para o endereço que me foi dado. Durante o trajeto, saco o telefone do bolso com o propósito de informar que logo chegarei.

- Oi?! – A dona do meu coração atende.

- Bom dia, princesa! Digo e fico surpreso comigo mesmo no momento em que as palavras saem da minha boca.

- Bom dia! – Ouço risos tímidos – Estamos aguardando você.

- Estamos? Quem está aí? Olho para o relógio, ainda são 8h15min, quem poderia estar com ela?

- Donuts, café e eu! Ela ri alto, possivelmente percebendo minha dúvida.

- Ah, eu ia te perguntar o que eu poderia levar para comermos, você foi mais rápida que eu! Mas, tudo bem... Estou chegando em no máximo 10 minutos. Até daqui a pouco!

- Te espero! Beijo!

Encerro a ligação e minha vontade é voar para chegar mais rápido. Já na porta do pequeno prédio, toco o interfone e me identifico. Ouço o trinco abrir e minha entrada é liberada. Aguardam na fila do elevador uma senhora de aproximadamente 60 anos e uma jovem, não mais velha que minha irmã. A idosa desce no primeiro andar e fico sozinho com a garota. Olho rapidamente e tenho a impressão que ela está voltando de uma balada, pois está com um vestido curto vinho bem brilhoso, usa salto e boceja bastante.

- Você é novo aqui? – Ela puxa conversa e imagino porque raios ainda não chegamos ao terceiro andar, meu destino final e dela também.

- Não, estou ajudando com a mudança de uma amiga – Finalmente ouvimos o aviso sonoro de chegada. Permito que ela seja a primeira a sair. Ela se vira travando a porta e me surpreende.

- Se quiser uma nova amizade, me chamo Rebecca, sou do 3B, me faça uma visita! Bom domingo, gato! – Quando a menina libera definitivamente a passagem, vejo que Ellen está parada, boquiaberta com a cena que presenciou.

Sem ter muito que dizer, gesticulo jogando as mãos para o alto como quem diz "a culpa não foi minha!". Ela ri e me dá um abraço de urso. Não trocaria isso por mil Rebeccas!, penso. Ela me arrasta pelo corredor até o 3A, onde estão suas coisas. Sento no sofá, que assim como o restante da mobília, presumo ser do dono do imóvel, enquanto ela me entrega um copo térmico com café e apoia uma caixa aberta com Donuts na mesa de centro. Pouco tempo depois, o motorista interfona e diz que o caminhão já está aberto, esperando por nós. Descartamos o lixo em uma sacola e, na primeira oportunidade, levamos para a lixeira que fica na calçada. Fizemos pelo menos duas viagens até a recepção e levamos um tempo para encaixar tudo no baú do veículo, que era de pequeno/médio porte. O locatário chegou e Ellen fez a entrega das chaves. Entramos na boleia do caminhão, e a ajudei a afivelar o cinto de segurança. Seguimos em direção ao nosso apartamento papeando sobre os mais diversos assuntos.

Após conseguirmos colocar todas as caixas na sala, tranco a porta e digo "Seja bem-vinda! Essa é sua nova casa, sinta-se à vontade!". Ela me dá um beijo na bochecha e pede para conhecer as dependências do apê e começamos o tour dos fundos até os quartos. Mostro a ela a área de serviço, pequena, com espaço suficiente para uma máquina de lavar/secar e um ferro a vapor vertical. Próximo, há um banheiro, com chuveiro e banheira dividindo o mesmo espaço, pia com espelho e armário. Passamos pela cozinha, que conta com balcão e ilha para comermos, além de alguns eletros. O apartamento tem conceito aberto, então de lá consegue-se ver e acessar sem dificuldade à sala, que conta com um sofá de três lugares e duas poltronas, além de TV presa à parede e um rack, logo abaixo dela. Abro a porta à direita da televisão e mostro meu quarto. À esquerda, apresento a ela onde ela dormirá. Seus olhos brilham, acho que ela foi surpreendida positivamente. Falo que a roupa de cama é nova e que ela pode usar, sem problemas. Ela diz que não poderia se sentir mais bem quista neste momento e fico com o coração em paz. Pergunto como ela quer proceder com a arrumação e ela fala que já abusou demais de mim e que pode fazer a organização sozinha. Digo que vou aproveitar para tomar um banho e preparar nosso almoço então.

Hora de recomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora