Capítulo 38

345 50 46
                                    


Os raios solares invadiram meu quarto anunciando a manhã de sábado e eu mal tinha conseguido dormir. Ela ainda me ama, ela ainda me ama, eu repetia para mim mesmo, me convencendo de que nada estava perdido. Deitado na cama, olhava para o teto imaginando quanto tempo ela levaria para perceber que eu seria incapaz de traí-la. O apartamento estava vazio sem a sua presença e silencioso sem suas risadas contagiantes, aquelas que ela dava a cada coisa idiota que eu dizia só para que ela risse.

Minha mão direita doía e buscava alívio fechando-a e abrindo-a. Foi a mesma que golpeou o rosto do idiota do Nolan. Ele não era apenas um mimado e convencido, mas também se revelou um criminoso. Ele quase abusou de Ellen e isso me fez sair de mim. Eu queria bater mais? Sim. Eu tinha motivos? Todos. Mas tentei me controlar quando lembrei o que Keenan disse sobre perder a razão. Porém, prometi a ele e a mim mesmo que se ele chegasse perto da minha princesa de novo, não pensaria duas vezes em socá-lo novamente.

Ri de mim mesmo, não me reconhecendo. Quem diria que eu, um dia, juraria alguém de porrada?!

Tomei uma ducha e tentei arrumar as coisas. A cozinha estava uma bagunça, havia roupas espalhadas e muitas coisas estavam fora do lugar. Joguei a coberta e a fronha usadas por Brenda na máquina de lavar. Como não posso apagar a passagem dela pela casa, que apenas o cheiro saia com ajuda do sabão em pó e do amaciante. Ainda me sinto culpado por ter permitido sua aproximação, por ter caído tão facilmente em sua conversa. Por outro lado, agradeço a mim mesmo por ter me mantido minimamente consciente ao ponto de não permitir que houvesse uma traição. Aí mesmo que eu não me perdoaria. Não sei se teria coragem de olhar para minha princesa novamente e até mesmo morar aqui.

Preparei um sanduíche e fiz um suco de laranja. Minha primeira refeição em horas e, mesmo estando perto do horário do almoço, não me preocupei em fazer algo mais bem elaborado e nutritivo. Eu fiquei tanto tempo longe de Ellen, anos. Não conseguia e nem queria mais ficar sem ela. E foi com esse pensamento que peguei meu telefone e enviei uma mensagem tendo-a como destinatária.

"Princesa, eu concordei em te dar espaço, mas isso está me matando. Jante comigo essa noite. Eu te amo, B."

Bloqueei o aparelho e o coloquei sobre a bancada. Antes de dar uma golada da minha bebida, uma notificação. Era sua resposta. Meus olhos se encheram de lágrimas quando vi que ela aceitou o convite e disse que também me amava. Combinamos os detalhes e fiquei por instantes com as mãos na cabeça, rindo, feliz com suas respostas. Passado esse primeiro momento de êxtase, decidi que queria tornar nossa noite única. Para isso, precisava de ajuda.

- Keenan? Atrapalho? Pergunto pelo fato dele ter demorado a atender.

- Não, eu estava na porta... Recebendo uma encomenda. Mas o que eu posso fazer por você? Falou com Ellen?

- Sim, falei com ela e eu preciso realmente que faça um favor para mim. Dos grandes. Daquele que te credencia de vez para ser padrinho do nosso casamento! – Sabia que esse seria um ótimo argumento. – Você ainda tem aquele violão?

- Tenho. Não me diga que o Sr. Tímido vai fazer uma serenata? Revirei os olhos porque sabia que ele não perderia a oportunidade de zombar de mim.

- Se continuar com essas piadinhas, não vai nem ser convidado para o casório, o que dirá estar no altar com a gente! – Ele gargalhou. – Vou te enviar uma cifra por mensagem, dá uma olhada e me diz se você consegue tocar essa música hoje à noite. Ela chegará às 20h para jantarmos e quero surpreendê-la logo que assim que Ellen colocar os pés no apartamento.

- Sim, senhor! Conte comigo!

Desliguei e, depois de alguns minutos, meu melhor amigo confirmou que conseguiria performar a canção e que chegaria uma hora antes do horário que marquei com minha namorada. Comecei a preparar o jantar. Tudo tinha que estar perfeito! Era o mínimo, principalmente quando lembrava o quão linda foi a nossa primeira noite, organizada por ela. Minha princesa merecia o melhor.

Hora de recomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora