Hora de recomeçar

Capítulo 55

No carro, as bagagens. Na minha mala, um anel de noivado. Na minha cabeça, um plano. No meu coração, a vontade de ouvir um sonoro "sim" de Ellen em resposta a minha proposta. Foi bem difícil disfarçar minha ansiedade nos últimos dias e, com certeza, uma das noites mais tensas foi a que ocupamos o mesmo quarto: Minha namorada, a joia que comprei e eu. Tinha medo de estar escrito na minha testa que estava escondendo algo da minha princesa ou dela descobrir onde estava a caixinha aveludada.

Pegamos a estrada, desta vez, com minha irmã ao volante. Aproveitei para cochilar no banco de trás, pois tinha consciência de que meu sábado seria conturbado, do instante em que chegássemos a Connecticut, até eu revelar um dos motivos da nossa viagem. No caminho, Keenan assumiu a direção para que Hazel descansasse. Ellen simplesmente apagou durante todo o trajeto, ela estava exausta, pois havia participado de várias gravações para o LCA. O site está investindo pesado em matérias e entrevistas em vídeo e ela tem sido a mais requisitada da equipe – o que me enche de orgulho, por sinal. Antes de sairmos da rodovia, desperto e envio uma mensagem para mamãe, informando nossa proximidade, para que eles nos aguardassem. Minha maninha e minha namorada também acordaram e nos deparamos com nossas famílias, como da última vez, nos esperando no gramado. Na outra oportunidade, seus olhares eram de alegria. Dessa vez, também continham alívio.

Mal saímos do veículo e nossas mães correram para abraçarem a mim e Ellen. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e foi impossível não me emocionar com o choro de Ellen com este reencontro. Ela murmurava que teve medo de não vê-los mais e de me perder. Senhor Hardy beijou sua cabeça e pediu licença aos meus pais para me envolver em um abraço de gratidão, onde ele me disse ao ouvido que me devia muito por ter salvado seu bem mais precioso. Assim que os cumprimentos se encerraram, com a recepção do meu melhor amigo e de minha irmã, deixamos nossas coisas na sala dos Lewis e sentamos para um café com eles. Como programado previamente, minha família convidou a de minha princesa para o jantar e eu assumi o compromisso de cozinhar para todos. Após meus sogros aceitarem o convite, providencialmente Hazel chamou minha namorada para um passeio pelo Centro. Como não nos opusemos, elas saíram e vi a chance de conversar com seus pais. Kee garantiu que as meninas já haviam saído e ficou na varanda, para o caso delas retornarem de forma repentina.

- Senhor e senhora Lewis, já sabem que eu sempre amei a filha de vocês. Ellen foi, é e continuará sendo meu primeiro e único amor. É um sentimento forte e não é passageiro. Faria de tudo por ela, sem pestanejar. Quando ofereci minha vida em troca da dela, foi sincero e real. O único medo que tive foi de não mais vê-la, mas não me arrependo de tentar protegê-la. E eu quero fazer isso pelo resto dos meus dias. – Papai e mamãe se levantam da mesa e ficam posicionados atrás de mim. – Eu gostaria que me concedessem a mão de Ellen em casamento.

Meus sogros se entreolham e sorriem.

- É claro que sim, garoto! Pensei que me doeria mais quando esse momento chegasse, mas até que não! Sei que ela estará bem se estiver ao seu lado! Meu sogro gargalha e vem ao meu encontro me abraçar.

- Você vai ser o meu genrinho de papel passado! Dona Grace segura firme meu rosto e me dá dois beijos, um em cada bochecha.

Minha sogra e minha mãe dão pulinhos, comemorando a notícia do noivado e Senhor Hardy e papai brincam que além de amigos e sócios, se tornarão família. Confidencio aos meus sogros que o pedido a minha namorada será no jantar e que, na verdade, naquele momento minha maninha estava distraindo-a e seria de grande ajuda se eles a tirassem de casa pelo restante do dia, para que preparássemos tudo.

- Janet, que tal tirarmos uma tarde para as garotas? Comemos fora, vamos fazer as unhas e cabelos, podemos fofocar bastante... Conseguem se virar sem as mulheres, meu genro? Senhora Lewis questiona e assinto.