Capítulo 2

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Ellen's Pov

Eu não acredito no rumo em que as coisas estão tomando! Raiva me define! Sempre sonhei em viver em Nova Iorque e tudo parecia começar a dar certo quando fui aceita na Universidade de Columbia. E para cursar Jornalismo! Estava nas nuvens, o que significa que, ao final do curso, meu tombo foi grande. Sem um emprego digno e com a notícia de que minha colega se mudaria do nosso apartamento tão logo, eu parecia muito mais estar vivendo um pesado.

Enquanto universitária, aproveitava qualquer oportunidade de exercer o que aprendia nas aulas. Aceitei estágios mal remunerados e outros sem remuneração alguma, tudo para adquirir experiência, pois tinha plena consciência de que, mesmo para um primeiro emprego, as empresas cobram algum tipo de vivência no mercado. Eu achava esse tipo de exigência tão sem sentido, afinal, se é meu primeiro trabalho, como comprovaria já ter trabalhado antes? Enfim, essa foi a estratégia que adotei para me preparar para quando esse dia chegasse. Durante todo esse tempo, meus pais me ajudaram financeiramente. Meu pai sempre trabalhou desde muito cedo com meu avô, no ramo de construções e, já casado com minha mãe, abriu sua própria empresa. Mamãe sempre foi uma super esposa, apoiando o marido em uma decisão considerada arriscada por muitos, pois eles haviam acabado de ter uma filha. Ainda bem que papai não se intimidou com os comentários e levou a frente o seu plano. Não considero que sejamos ricos, mas temos uma vida confortável e parte desses rendimentos garantiu que eu pudesse morar em um apartamento alugado, sem me preocupar com outras despesas. Sabia que eles faziam isso de bom agrado, mas percebendo os valores de aluguéis próximos ao campus, sugeri que eu dividisse o espaço com alguém. "Apenas se for com uma pessoa em quem confiamos", eles disseram e concordei. Era a minha primeira vez longe de casa e, podem me julgar, mas eu não me sentia confortável vivendo com uma total desconhecida. Isso mesmo, desconhecida, no feminino, porque ainda que eu não tivesse o objetivo de viver com um rapaz, meu pai deixava bem claro que essa não era uma opção.

Minha mãe, então, resolveu acionar seus contatos. E como Dona Grace não brinca em serviço, comunicativa como sempre, descobriu que a filha de Ivy e Tristan Anderson também buscava um imóvel na região de Columbia, pelos mesmos motivos que nós. Carol e eu nos conhecíamos da escola, mas não havíamos trocados mais que algumas palavras. Seus pais convidaram nossa família para um almoço e rapidamente iniciamos uma amizade. Ela cursava literatura e, em uma das aulas, conheceu Patrick Morgan. Não demorou muito para ele começasse a frequentar nosso apê. Os pais dela sabiam e não se importavam, eles me pareciam bem resolvidos quanto a isso, principalmente depois que Patrick compareceu nas comemorações do feriado de ação de graças do ano passado. Meu pai, ciumento que só, dizia em tom de brincadeira que me colocaria de castigo à distância se eu fizesse isso. Mas eu sabia que não estava brincando. Minha mãe dizia sempre que, por ele, eu só namoraria após os 50, quando ele estivesse cego ou morto para não ver um marmanjo com a garotinha dele. Por sorte, minha mãe sempre foi minha grande amiga e advogava ao meu favor para que ele entendesse que mais cedo, ou mais tarde, eu trilharia meu próprio caminho, inclusive na vida amorosa. Ela sempre me ensinou que eu não deveria me contentar com menos que eu merecia, que eu deveria batalhar pelo o que eu almejasse e que se alguém me amasse, deveria ser pelo o que sou. E que com o Sr. Hardy, ela se resolveria depois.

Após aquele feriado em que Patrick foi oficialmente apresentado como namorado de Carol, eles passaram a dormir juntos com mais frequência. Sempre saíamos com nossos outros colegas de faculdade no fim de semana, principalmente para dançar. E quando nós chegávamos, eu corria para tomar um banho, antes que eles pudessem interditar o banheiro só para eles. Antes de dormir, colocava uma música no celular e adormecia com os fones de ouvido, tudo para não escutar os barulhos vindos do quarto ao lado. Sei que eles não faziam de propósito, talvez até tentassem ser mais silenciosos, mas ruídos sempre vazavam. Não a culpo, Patrick é um rapaz bonito. Aliás, ela também, os dois tinham uma beleza clássica de se invejar, e tendo alguém assim só para mim, eu faria o mesmo. Tinha certeza que um dia eles morariam juntos, mas vamos combinar? Precisava ser tão de repente?

Hora de recomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora