Capítulo 21

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Melhor que dormir ao lado de Ellen é acordar junto dela. Custei a acreditar que não era sonho, como tantos outros que tive desde que me descobri apaixonado por ela, há anos atrás. Abraçados, com suas costas coladas ao meu peito, já despertei extremamente excitado com nossa proximidade. Inalo o cheiro em seu pescoço e faço uma trilha de beijos até o ombro.

- Acorde, minha princesa... Digo com voz rouca, mordiscando sua orelha.

Ela começa a espreguiçar, empurrando seu quadril contra mim. Um movimento natural, mas que me causou um calor fora do normal. Em resposta, soltei um gemido involuntário e apertei sua cintura, demonstrando como essa sua simples ação me afetou.

- Bom dia, meu príncipe, antes de perdermos a hora, melhor eu tomar banho. – Ela sai do meu abraço e, sentada na cama, se inclina, me presenteando um beijo casto – Prometo que à noite namoramos o que não podemos namorar agora!

Ela sai do quarto saltitando e penso em coisas aleatórias para controlar minha respiração e fazer com que o sangue volte para outros lugares do meu corpo, que não seja onde todo ele parece estar agora. Separo minhas roupas, preparo nosso café e vou sigo para o chuveiro, enquanto Ellen segue para seu quarto. Já arrumados, comemos e partimos para o trabalho. Prevendo o quanto será difícil estar perto da minha namorada, sem poder tocá-la, aproveitei cada instante do percurso para lhe dar carinho. Na rua da empresa, soltamos nossas mãos e só não me sinto pior porque almoçaremos juntos em algumas horas e poderei matar a saudade do seu toque.

Devon e Keenan aguardam o elevador no saguão e sorriem quando nos avistam. Antes que pudéssemos nos cumprimentar, outra pessoa chega e nos diz um "Olá". Acenamos para Brenda, que está atrás de nós.

- Ei, Brian! Aproveitou o feriado para renovar o bronzeado? A responsável pelo RH da empresa diz e, apesar de estranhar o interesse repentino, respondo naturalmente.

- Também! Foi um período de descanso e diversão. Suspirei lembrando tudo que vivi com minha namorada na viagem que fizemos.

- Que bom! Voltou ainda mais bonito! Entramos no elevador e o trajeto se deu em completo silêncio.

Brenda andou em direção ao refeitório, e permiti que Keenan entrasse primeiro em nosso escritório com a intenção de me despedir da minha namorada com a maior privacidade possível. Porém, ela saiu puxando Devon pelo braço, com uma tremenda carranca, sem ao menos olhar para trás. Sem entender o que aconteceu, sento em minha cadeira e vislumbro o riso torto do meu melhor amigo.

- Cara, você está muito ferrado! E do jeito que você é devagar, nem deve imaginar a razão!

- E você imagina?

- Eu não imagino, eu sei! Ciúmes. É tão óbvio.

- Ciúmes? De mim? Com a Brenda? Não faz sentido... Pego meu celular e decido confirmar a teoria de Keenan.

"Minha princesa, preciso que me dê um motivo sequer para eu não invadir sua sala e tomar sua boca para mim? B."

É uma tentativa arriscada de ser charmoso. "Ellen está digitando...", Leio e torço por uma mensagem tão amorosa quanto a minha. Ela chega, mas não do jeito que pensei que seria.

"Não queremos decepcionar a BRENDA. E."

Não é possível! Nunca tive algo com qualquer colega de trabalho, muito menos com ela. Não sou atraente ao ponto de despertar sentimentos de alguém aqui, ainda mais de Brenda. Ela é uma mulher bonita, isso é inegável, mas não me desperta desejo algum. Ellen é a única que me provoca fascínio.

- Preciso estar na reunião de pauta hoje. Pode ser? Questiono ainda incrédulo diante da constatação de que minha namorada talvez seja ciumenta.

Hora de recomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora