Capítulo 51

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Ellen's POV

Eu deveria ter ficado na pista de dança, e então ainda estaria nos braços daquele que sempre amei. Tive um pressentimento, um mau presságio quando estávamos dançando. Escondi o que senti de Brian e ignorei por completo a minha intuição. Ao entrar naquele banheiro, na companhia de Hazel, tive a falsa impressão de que nada de errado aconteceria, afinal, só estava ali para retocar minha maquiagem, enquanto aguardava minha cunhada, que estava apertada depois de inúmeras taças de champanhe. Eu havia acabado de passar batom, quando a tampa do mesmo caiu no chão. Foram segundos, entre me abaixar, recuperar o item e me erguer, dando de cara com o reflexo de Brenda, no enorme espelho do toilet. Antes que eu pudesse esboçar qualquer reação, senti uma picada que fez meu corpo desfalecer, enquanto minha consciência se mantinha viva.

- Shiiiii... Calminha, calminha! Daqui a pouco o efeito passa, vai durar pouco tempo. Só o suficiente para darmos um passeio. Logo, terá forças nas pernas, de preferência, para andar para bem longe do meu homem. Sussurrou, dando ênfase ao pronome possessivo.

Ela jogou meu braço por cima do seu ombro e sustentou meu peso, me segurando pela cintura. Dei uma última olhada para a cabine onde Hazel estava, mas não conseguia gritar ou fazer qualquer movimento que chamasse sua atenção. Estava sendo guiada para o elevador, quando demos de cara com um funcionário do hotel. Uma chama de esperança se acendeu em meu peito.

- Senhoras, precisam de ajuda? Franziu o cenho.

- Não, obrigada, querido! Minha amiga bebeu demais e vou levá-la para o meu quarto. Sabe como é, brigou com o namorado, exagerou na bebida e resolvi tirá-la da festa antes que fosse tarde! – Ela me acomodou no sofá ao lado da caixa de metal e tirou um pequeno maço de cédulas da bolsa. Como torci para ela se espetar com a própria seringa escondida em seu acessório! – Gostaria de contar com a sua discrição, o parceiro dela é um pouco agressivo, e só quero protegê-la dele!

O rapaz aparentou acreditar na versão da embuste. Clamava por socorro mentalmente, na expectativa da minha voz sair, mas nada. Pegamos o elevador e ela escolheu o andar: a cobertura. Será que ela irá me jogar lá de cima? Já não sabia mais o que pensar. Desembarcamos e, uma vez no quarto, fui jogada de qualquer jeito na cama. Puxou-me pelos meus braços, com dificuldade, apoiando minha cabeça no travesseiro.

- Sabe, coisinha, eu até gostei de você quando a conheci! – Sentou ao meu lado no colchão e fiquei com medo do que ela poderia fazer enquanto não tinha chance de me defender. – É sem graça, é verdade, mas parecia ser alguém talentosa, tolerável até. Porém, passou a ser uma pedra no meu sapato quando insistiu em atrapalhar minha história com Brian.

Qual história? Essa mulher é louca!

- Neste momento, eu poderia lhe derramar uma bebida que estragasse seu vestido, como fez comigo, mas quer saber? – Ela chegou perto do meu ouvido e murmurou – Parafraseando o que me disse uma vez, minha maior vingança é você saber que nunca vai ter Brian e que ele é todo meu.

A campainha do elevador soa e alguém entra no quarto. Um empregado, devidamente uniformizado. O carregador de malas empurra o carrinho com poucas bagagens e tudo que posso fazer é fitá-lo, confiando que ele irá me socorrer. Porém, uma lágrima silenciosa corre em minha bochecha quando o reconheço.

- Ellenzinha, que saudade! Nolan sorri e torço para que eu esteja em um pesadelo e que eu acorde a qualquer momento.

A ruiva se levanta e vai em direção ao meu ex-chefe.

- Quem o vê assim, até pensa que trabalho pesado é o seu lance, Evans! Ri, dando tapinhas no ombro do amigo, debochando do seu disfarce.

- Como ela está? Questiona, tirando o paletó e o chapéu do uniforme.

Hora de recomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora