Hora de recomeçar

Capítulo 25

Despertei pouco antes de o alarme soar. Ellen estava ao meu lado, de bruços, envolta no lençol, mas não o suficiente para cobrir suas costas. Afastei algumas mechas de cabelo e depositei um beijo pouco abaixo do seu ombro e levantei da cama. Minha bermuda de moletom no chão era um vestígio da madrugada quente que passei junto da minha princesa. Vesti a peça e separei a roupa que usaria no trabalho, deixando-a repousada no encosto da cadeira da escrivaninha. Decidi preparar o café da manhã e coloco o avental enquanto recordo os últimos acontecimentos.

A noite passada superou todas as minhas expectativas. Jurava que o comportamento de Ellen havia relação com algo ruim, como um aborrecimento. Nunca imaginaria que era ansiedade por tudo que ela estava preparando para nós. Disse a ela e repito para mim mesmo: Queria eu ter feito algo especial para a sua primeira vez. Porém, gostei também dela ter feito tudo que fez e prova o quanto ela me ama. Ela me ama. Sorrio como um tolo lembrando suas palavras. Aciono a cafeteira, ao mesmo tempo em que levo os pães à torradeira. Faço ovos mexidos e, à medida que frito pedaços de bacon, ouço uma voz preguiçosamente gostosa.

- Um namorado delicioso fritando bacons deliciosos... É dessa forma que uma garota deveria acordar todos os dias! A dona dos meus pensamentos me abraça por trás e fica na ponta dos pés para dar um beijo estalado minha nuca, provocando fortes arrepios em todo o meu corpo.

- Bom dia, meu amor! – Desligo o fogão, despejo o conteúdo da frigideira em dois pratos e me viro para ela, que envolve meu pescoço com seus braços – Vamos comer? Ela concorda com a cabeça e trocamos um beijo rápido, porém repleto de desejo.

Durante a refeição, conversamos sobre o trabalho e Ellen continua bastante ansiosa com a viagem que fará com a equipe do site. Mantenho minha postura de não dizer o quanto estou incomodado com o fato de Nolan parecer ter interesse nela. Ela tem batalhado tanto para alcançar bons resultados no trabalho e a última coisa que quero é criar algum tipo de rusga entre nós por conta dele. Vejo minha namorada olhar para sua aliança de compromisso e dar um suspiro, diria, apaixonado.

- Você gostou? Ajeitei meus óculos e bebi um pouco de suco.

- Eu adorei! Você fez uma ótima escolha! Falou acariciando a mão em que estava o meu anel, igual ao dela.

- Eu havia lido que alianças de namoro costumam ser de prata, mas quando vi essa dentre o mostruário da loja, não sei, sabia que ela foi feita para nós. Os rapazes até me falaram sobre outras, mas senti que deveria ser essa.

- Rapazes? Ela espicha o olhar.

- Devon e Keenan. Eles estavam comigo quando fui à joalheria.

- Devon está me saindo um belo de um agente duplo! Ela gargalhou.

- Ele quem te ajudou com o jantar? Levantei a sobrancelha, recordando que o vi saindo daqui antes de eu entrar no prédio.

- Na verdade, ele me ajudou com tudo, inclusive com a escolha da roupa, com a decoração... Ei, por que acha que ele me ajudou com a lasanha?

- Em primeiro lugar, preciso agradecê-lo pela escolha do que vestiu... Em segundo, princesa, você tem inúmeros talentos, mas nunca escondeu que culinária não é um deles! Ri alto e ganhei um soco no braço.

Tomamos banhos juntos e nos arrumamos de forma rápida para não perdermos o horário. No trem, falamos sobre como nos comportaríamos no escritório por conta das alianças. Ellen disse que preferiria manter a discrição, como combinamos antes, porém, que deveríamos nos sentir livre para dizer o que os anéis significam apenas se nos for perguntado – até porque, são semelhantes, alguém, em algum momento, vai reparar.

Chegamos ao saguão e Brenda estava aguardando o elevador. Ela cumprimenta Ellen secamente e lança um sorriso para mim, e apenas assinto. Olho para minha namorada e a vejo sibilar "Oferecida!". Eu me seguro para não rir e, neste instante, as portas se abrem e entramos. Quando estavam prestes a se fecharem, Keenan pede para impedirmos o fechamento e uso a mão com a aliança para bloquear o elevador. Brenda arregala os olhos quando vê a joia, mas diz nada. Quando começamos a subir, sinto a mão de Ellen batendo levemente no meu braço, com a desculpa de que havia um pouco de poeira na minha jaqueta. A mão da aliança. Ela fez isso de propósito para que Brenda fizesse as contas! E aparentemente deu certo, pois nossa colega de trabalho saiu da caixa metálica pisando firme, sem olhar para trás. Olhei para minha princesa, que jogou as mãos para o alto em sinal de rendição. Nos despedimos com um beijo suave e ficamos de almoçarmos juntos.