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  O som das sirenes preenche todo o bairro escuro pela madrugada. A polícia militar toma conta do lugar com dois camburões para segurar o cara.
Depois que o derrubamos no chão, o homem se levantou rapidamente e começou a nos atacar feito um animal selvagem. Sua força era extremamente fora do normal, igualmente aos sons que ele fazia. Eu mesma precisei pedir ajuda à Levi... Não me orgulho disso, mas nós dois quase não fomos suficientes para detê-lo. Quando finalmente o desmaiamos depois de uns vários socos na cara, liguei o mais rápido que pude para, infelizmente, a polícia militar (eu não tinha outra opção já que as únicas pessoas que tínhamos por perto eram três bêbados desmaiados).
-Deixa eu ver se entendi... Nem você e nem o Ackerman conseguiram dar conta de um único vândalo?
-Pelo amor de tudo o que é mais sagrado, Nile. Eu já falei o que houve. Aquele "vândalo" tinha uma força anormal.
Eu repetia pela vigésima vez para o comandante da P.M. que foi literalmente impossível imobilizar o cara normalmente. Esse cara me dá nos nervos.
-Como?? Lara, você deveria ser a soldada mais forte do Esquadrão Suicida.
-Tropa de Exploração.
O corrigi novamente com um olhar mortal no rosto. No país todo, a Exploração era conhecida como Esquadrão Suicida, isso porquê nos metemos em casos totalmente perigosos para capturar os mais ridículos dos assassinos e criminosos. Não é um nome muito bonito, mas é assim que nos chamam, às vezes.
-Tanto faz.
-NÃO, não é "tanto faz". E outra, eu sou a soldada mais forte. Você apenas não viu, mas aquele cara É estranho.
-Só acredito vendo, frangote.
-Você me chamou de quê?
Digo entre os dentes. Estou prestes a dar um soco no rosto deste imbecil.
Para me acalmar, me afasto um pouco dele e esfrego minhas têmporas, respirando fundo e expirando na maior calma que posso.
-Tudo bem. O cara é responsabilidade sua agora, Nile. O prenda em qualquer jaula que quiser, mas ouça: se amanhã ele fugir, eu vou dar na sua cara.
-Aposto cem dólares.
Fui me afastando andando para trás com um sorriso raivoso no rosto.
-Beleza. Apostado.
Ergo as mãos em sinal falso de rendição e dou um "até logo", entrando no carro logo em seguida. Levi tinha entrado no mesmo quando falei que a Polícia Militar estava chegando. Questões de segurança.
Por conta da raiva que estava sentindo, acabei batendo a porta do carro mais forte que esperava.
-Porra...
Grunhi enquanto soltava um longo suspiro.
-Aquele cara é irritante mesmo.
O homem de cabelos pretos fala.
-Você nem imagina...
Digo enquanto dou a partida no carro. Os pneus saem cantando no asfalto por conta da acelerada brusca que dera para sair o mais rápido possível dali.
A casa de Erwin era perto dali, então agradeci mentalmente por conta disso pois chegarei mais rapidamente em casa. Isso é, depois de deixar Isabel e Levi nos dormitórios da delegacia, é claro.
-Obrigada.
Falo para quebrar o silêncio que estava dentro daquele carro, tirando os roncos altos de Hanji, é claro.
-Por...?
-Por me ajudar agora com aquele cara. Eu sei que você me odeia e tals.
Reviro levemente os olhos enquanto falava, mas a única coisa que recebi em troca foi o silêncio do rapaz. Na real, não sei mais o que esperar desses três. Só espero que Farlan esteja na delegacia... Se ele não estiver, só fico com dó de mim mesma.
Peço silenciosamente para qualquer um que estiver ouvindo minhas preces para que todos tenham chegados bem em seus lares, e suspiro aliviada quando chego na delegacia e encontro o carro de Erwin parado em frente. De longe, consigo ver Farlan encostado na mesa de recepção com todo o meu esquadrão deitado no chão, desmaiados por conta da bebida.
-Farlan, graças a Deus que você está aqui...
Saio do carro depois de estacioná-lo e vou até seu encontro junto de Levi.
-Lara, Levi, ainda bem que estão bem.
-Por que foi embora sem avisar?
Pergunto.
-Eles estavam muito bêbados. Quando percebi, todos já estavam dormindo. Não tive outra escolha a não ser deixá-los aqui.
-E porque não fugiu depois?
O Ackerman falou. Olhei para a cara do moreno completamente pasma com o que ele acabara de dizer.
-Eu não ia fazer isso, Levi...
-Eu te treinei pra quê, então??
-Eles já capturaram a gente uma vez sem nem mesmo saberem como somos, então agora que conhecem nossos rostos, seria mais fácil ainda.
O loiro cruzou os braços e olhou para o menor.
Suspiro lentamente e me pronuncio, por fim.
-Olha, Farlan está correto. -Me dirigi ao maior.- Fez bem, rapaz.
Ele olha para mim e dá um sorriso.
-Não vou mentir que ainda quero fugir, mas sei que não vai dar certo. -O loiro fala.
Ri de sua pequena ousadia de dizer isso e ele me acompanha.
-Tch, tanto faz.
Levi simplesmente dá meia volta e começa a andar de volta para os dormitórios.
-ESPERA, NÃO VAI ME AJUDAR A TIRAR O POVO DE DENTRO DO MEU CARRO?
Gritei para tentar chamá-lo, mas foi inútil. Sua silhueta sumiu quando virou à esquerda, o lado dos dormitórios da delegacia.
-Ele sempre foi teimoso assim?
Perguntei para Farlan.
-Infelizmente sim. Mas vou te dizer uma coisa, Capitã: ele não odeia vocês. Levi está apenas chateado por terem tirado o nosso "ganha-pão", por assim dizer. Naquele lugar não tinha muita oportunidade de emprego, então acabamos virando ladrões.
  Nos calamos e eu refleti um pouco no que o loiro acabara de falar. Realmente, aqui nos EUA podem ter muitos ricos e famosos, mas ainda sim existem favelas e lugares com pouca condição. Eu nunca vivi nessas condições, mas também nunca experimentei do melhor de tudo.
  Suspiro e bato de leve no peito do garoto.
-Vem, me ajuda a tirar aqueles três do meu carro. Por favor.
-Certo.
  Tirei Hanji e Isabel de dentro do carro e Farlan tirou Erwin, que era o maior e mais pesado. Deixamos todos no meio da recepção da delegacia mesmo. Quem mandou dormir assim?
  Me despeço do mais novo e volto para casa. As ruas já estavam bem escuras por conta das nuvens que davam indícios de uma chuva de verão próxima, então não haviam muitas estrelas.
  Esta noite foi muito estranha, eu concordo. Aquele cara foi extremamente bizarro, espero que a polícia consiga detê-lo.
  Quando chego em casa, minha gata começa a miar desesperadamente pela sua comida de pasta.
-Calma, sua desesperada.
  Vou para a lavanderia, coloco a comida e me jogo no sofá depois. Abro meu Instagram e começo a mexer no mesmo, curtindo várias fotos e memes que passavam pelo feed. Eu seguia muitas páginas de humor no Insta, tanto de memes quanto de humoristas famosos, como Comediantes de Stand up ou Improvisadores. Eu simplesmente amo uma boa comédia em dias de folga.
  Estava vendo um vídeo qualquer sobre um Improvisador e comediante brasileiro famoso, Márcio Ballas, quando meu telefone toca. Ao invés do número estar na tela, está apenas o nome de Armin. Dou um suspiro longo e atendo-o.
-Alô?
-Oi, Lara?
-Sim, Armin.
-Tudo bem?
-Tudo sim, e você?
-Bem, obrigado. Então, eu liguei pra você porquê quis saber se estaria a fim de sair comigo amanhã...
-...
-... Com Eren, Mikasa e Jean, é claro, hehe.
Dou mais um suspiro.
-Olha, eu até aceitaria, mas não estou a fim de segurar vela.
-Mas eu e Eren estaremos lá, não é mesmo?
-Exatamente.
Dessa vez quem suspira é o loiro do outro lado da linha. Essa história é bem longa, então podemos dizer que Eren é bissexual mas que está apaixonado por Armin à tempos. Ele não assume, mas está. Eu consigo perceber naquele olhar que exala desejo.
-Lara, eu já te falei que o Eren é meu melhor amigo.
-E daí? Sabia que a taxa de divórcio entre melhores amigos que se casam são bem menores?
Falo enquanto brinco com um elástico de cabelos em minha mão livre.
-Eu não sou gay, Lara.
-Nem o Eren. Ele é bi, esqueceu?
-Mas você mesma sabe que eu gosto de você.
Esfrego meu rosto por conta da falta de paciência.
-E eu não sei porque insiste. Eu já te dei vários pés-na-bunda de maneira educada.
-Não acho que gritar comigo na frente do shopping seja educado...
-Nananinanão, meu querido. Não ponha toda a culpa em mim. Eu já tinha falado NÃO naquele dia e você insistiu. Porra, eu estava de TMB também.
  Um silêncio se estabeleceu naquela ligação. Eu conseguia ouvir a respiração de Armin pelo telefone, provavelmente ele está magoado. Não costumo falar assim com ele.
-Olha, me desculpa, ok? Estou com a cabeça cheia pelas coisas que aconteceram no trabalho e tals...
-Não, tudo bem. Eu não deveria estar insistindo.
Sua voz saía meio falha. Parabéns, Leonor, você acaba de magoar um dos seus melhores amigos.
-Ei, não fica assim. Desculpa por ter falado assim com você. Eu não gosto quando a gente briga.
-...
  Solto outro suspiro.
-Armin, me perdoa? Eu saio com vocês amanhã, certo?
-Certeza?
  O tom de voz do loiro tinha se suavizado.
-Absoluta. Querendo ou não, vocês ainda são meus melhores amigos.
  Dou uma risada.
-Onde iremos, então? -Continuo.
-Estamos pensando em ir ao Milk & Mellow. O que acha?
-Por mim, tudo bem. Ah, vocês podem passar aqui me pegar? Não estou muito a fim de procurar vaga por aí.
-Olha, eu não sei quanto os três, mas eu passo aí e te pego numa boa.
  Demoro um pouco para raciocinar o duplo sentido que a frase teve.
-EI, seu idiota.
  Bufo depois que ouço a risada dele através do telefone.
-Só estou brincando. A gente passa, sim. Umas oito e meia, certo?
-Humpf. Sem chavecos?
  Pergunto com uma sobrancelha erguida e um sorriso sugestivo, mesmo ele não podendo ver.
-Sem chavecos.
  Já o imagino fazendo aquele juramento esquisito que sempre faz: cruzar os braços em cima da cabeça.
-Certíssimo. Nos vemos amanhã.
-Okay. Tchau.
  A ligação é desligada e eu bloqueio o celular, batendo o mesmo em minha barriga e fechando os olhos por uns instantes.
  Faz tempo que não saímos juntos, então amanhã pode ser uma ótima noite, tanto para mim quanto para Eren. O rapaz ainda não admitiu sua paixão platônica pelo loiro, mas eu entendo todas aquelas indiretas/diretas que ele dá, às vezes, quando estamos juntos. Eu sempre shippei, mas aquele loiro nunca deu bola. Bom... Um dia, Armin ainda vai ligar, tenho certeza.
  Por falar em ligação, meu celular toca novamente. Não sei por quanto tempo fiquei com os olhos fechados, mas a primeira coisa que fiz foi atender à ligação sem nem ao menos ver quem era.
-Armin, pensei que já estava tudo resolvi...
-LARA!
  Acordo totalmente quando ouço uma voz chamar por mim desesperadamente. Tiro o celular da orelha e percebo que quem está me ligando é Annie, uma amiga minha da Polícia Militar. Eram quase cinco da manhã agora.
-O que foi, Annie?
-Aquele prisioneiro maluco chamou uns capangas. Estou escondida no banheiro neste exato momento.
  Sua voz estava trêmula. Não era de seu feitio ficar com medo e MUITO MENOS se esconder.
-Eu quero detalhes, por favor.
-Quando prendemos aquele cara em uma cela, ele acordou. Nós seguramos ele por uns instantes, mas no momento em que ele deu um grito avassalador, mais uns três homens com a mesma blusa entraram na delegacia. Por favor, Lara, busque ajuda. Esses caras são canibais malucos, não sei por quanto tempo vou aguentar.
-Fique calma, Annie. Vou buscar ajuda.
  No momento que disse isso, eu já estava saindo pela porta de meu apartamento e descendo as escadas correndo sem me preocupar em trancar minha casa. Bufo em sinal de desespero. Espero que tenha alguém acordado naquele lugar que esteja ao menos sem ressaca.
  Droga, Nile... Tem sempre que ser o mesmo idiota de sempre, não é?
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oii, o que acharam do capítulo? Vote e comente, isso me motiva muito a continuar ;*

Assassino PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora