Assassino Perigoso

16

-Fizeram o exercício de alongamento?
  Perguntei ao chegar na área de treinamento com minhas roupas de exercício que consistia à uma regata, uma legging e um par de tênis esportivos. Os três já estavam posicionados com suas roupas esportivas também (que apenas consistia em uma bermuda e uma regata branca).
-Sim, capitã!
-Ótimo. Magnólia, seguiu o roteiro para ganho de massa muscular?
-Sim, capitã.
-Church, seguiu o roteiro para ganho de agilidade?
-Sim, capitã.
-E Ackerman... Seguiu o "Davi era estranho demais, então desisti dele e de tudo"?
  Pude perceber as sobrancelhas arqueadas em um sinal de confusão vindos de Isabel e Farlan.
-Sim, pir... capitã.
-Ótimo. Escutem bem, quase agora recebi um e-mail de Darius Zackly. Ele é quem irá fazer o julgamento de vocês cujo mesmo está marcado para daqui a quatro dias. Eu definitivamente NÃO quero perder vocês já que demonstraram muito claramente o valor que têm para a Tropa, então eu quero colocar coisas boas no relatório.
  Dei uma pausa enquanto bebia água em minha garrafinha.
-Quero que comecem o dia fazendo um treino mano-a-mano. Isabel irá lutar com Farlan para testarem suas novas habilidades. Levi irá lutar comigo para treinar as frases.
  Logo após que falei, vi os três se dividirem para cumprir a minha ordem.
  Levi ficou frente a frente comigo em uma pose de luta. Pude notar a determinação em seu olhar tão forte que fez minhas pernas ficarem bambas por um segundo. Logo em seguida me veio à mente a imagem dele sem camisa naquele dia. O dia em que pude reparar em seu corpo sem ser taxada de oferecida.
-Sentiu minha falta?
  Ele perguntou e eu acordei de meus devaneios. Balancei a cabeça para afastar aqueles pensamentos e o calor imenso que meu corpo ganhara com eles.
-Claro... Senti muita.
Revirei os olhos enquanto ironizava.
-Com certeza surtou em seu apartamento. Eram quatro da manhã e a senhorita estava acordada dando berros com o Comandante pelo telefone.
-Estava acordado?
Me surpreendi.
-Tenho insônia.
-E o que fazia a essa hora da madrugada?
-Escutando seus surtos e lendo um pouco.
  Ele deu de ombros e começou logo com um ataque surpresa: um soco lateral. Por pouco desviei. Se eu não fosse muito boa e não estivesse reparando em seu corpo totalmente definido com aquela regata (coisa que não me orgulho) eu com certeza teria apanhado.
-Ataques surpresas, Ackerman?
-São muito úteis.
Ri baixo e contra-ataquei com uma rasteira, derrubando-o no chão. Não tive tempo de comemorar mentalmente e fui puxada para o chão pelo outro. Ele se levantou rapidamente e me atingiu com uma joelhada certeira no queixo. Caí para trás com o impacto e me senti sendo virada para uma imobilização.
Meus braços foram cruzados atrás de meu corpo e Levi ficara literalmente sentado em cima de mim.
-Será que venci desta vez, capitã?
Felizmente, ele cometera o mesmo erro que eu cometi na primeira vez em que lutamos: deixou minha perna livre. Mordi o lábio ao senti-lo tão perto de mim assim.
-Acho que não.
Chutei suas costas com toda a força que tive e, com seu desnorteamento, consegui me livrar da imobilização. Me levantei rapidamente e tirei o pó de minhas roupas enquanto sorria para o homem parado à minha frente. Seu olhar era desafiador.
-Tome cuidado com seus próprios golpes, Ackerman.
Ele nada respondeu, apenas foi para cima de mim com um soco que acertaria em minha mandíbula se eu não tivesse pego seu braço e tivesse o torcido. Com seu corpo colado às minhas costas, distribuí várias cotoveladas em suas costelas, logo em seguida o lançando para o chão.
De repente, ele dá um pulo e se levanta com força total e desfere um chute em minha barriga e, logo em seguida, um chute em minhas pernas. Não me deixei afetar por todos aqueles golpes e o chutei no abdômen. Aproveitando aquele pequeno momento de distração, dei mais uma rasteira no homem e o imobilizei rapidamente. Não cometi nenhum erro desta vez.
Me aproximei de seu ouvido e falei com uma voz rouca.
-Vai precisar treinar mais se quiser me vencer.
Saio de cima dele rapidamente, o ajudo a levantar e dou uma olhada na situação de Farlan e Isabel. A luta havia terminado poucos segundos após a minha e Church ganhou da garota por pouco. Ele apenas conseguiu derruba-la por que ela se distraiu com uma borboleta azul voando por aí.
-Muito bem, soldados.
Comecei com uma voz autoritária.
-Os resultados das lutas foram bons. Podem descansar por dez minutos e logo após começaremos os treinos com o resto de minha equipe. Estão livres para fazer o que quiser durante esse tempo.
Fiz o anúncio e bebi o resto de minha água. Isabel se jogara no chão e ficara parada enquanto Farlan apenas ria da cara dela. Com certeza ele está zoando com a cara da garota por ter perdido por um motivo tão besta. Revirei os olhos e ri baixo enquanto colocava uma toalhinha em volta de meu rosto e ia para o bebedouro encher meu squeeze.
Os corredores estavam quase vazios. A maioria dos agentes saíram para resolverem um caso sobre um assaltante de bancos. Minha equipe ficara, como sempre. Diz Erwin que somos apenas para casos extremamente especiais, como assassinos em massa ou psicopatas perigosos. Nunca concordei com isso, já que queria participar de mais casos. Mas, tanto faz. Estou feliz assim.
Ao chegar no bebedouro, desenrosco a tampa de minha garrafa e aperto o botão que faz a água sair. O silêncio do local me fazia ouvir perfeitamente o barulho da água se chocando contra o plástico do objeto em minhas mãos. Até eu começar a ouvir passos se aproximando de mim.
Antes que pudesse virar minha cabeça para ver quem era, senti uma presença enorme atrás de mim. E essa presença falava diretamente em meu ouvido.
-Fui bom na luta, capitã?
Senti um arrepio descer pela minha espinha.
-Foi muito bem, Ackerman.
-Bom saber... Mas a senhorita ainda acha que não percebi suas indiretas enquanto trocávamos socos e chutes?
-Que indiretas, soldado?
Sorri e mordi meu lábio ao sentir sua respiração batendo no lóbulo de minha orelha. A situação estava ficando interessante.
-Sabe muito bem do que estou falando, senhorita... Notei o quanto ficou afetada com a minha presença.
Suas mãos passaram a segurar minha cintura. Deixei minha garrafa, agora cheia, no canto do bebedouro e me virei. Nossos rostos estavam tão próximos que sentia sua respiração bater em meu nariz. Seu rosto continha uma expressão sedutora, principalmente aquele sorriso de canto.
-Fiquei? E o que te faz pensar isso?
Ele se aproxima de meu ouvido direito e eu coloco minhas mãos em seu peitoral.
-Eu consigo sentir de longe. Eu sinto o desejo das pessoas. Acha que pode me provocar daquele jeito e sair ilesa disso?
Ao falar isso, Levi morde de leve o lóbulo de minha orelha. Fecho meus olhos e me deixo dar um suspiro com isso.
-Eu acho.
-Pois está errada, capitã.
Antes que ele pudesse fazer qualquer coisa a mais, ouço algumas vozes se aproximando ao fundo do corredor. Sorrio e decido tirar proveito disso para provocá-lo ainda mais.
-Olha, a conversa está boa, mas eu preciso continuar com meus afazeres.
Desvio habilidosamente de seus braços após pegar minha garrafa e começo a caminhar de costas enquanto olhava para ele com um sorriso sedutor.
-Vai sair assim mesmo? Lembre-se que sou seu vizinho, senhorita.
-Por acaso vai me visitar? Ora... Sabia que adoro visitas noturnas?
-Vou escrever isso em minhas anotações.
-Te vejo daqui a pouco no campo de treinamento, Ackerman.
Pisco para ele antes de me virar e sair do local andando. Não olhei para trás, mas eu não precisava fazer isso para saber que ele estava olhando para mim até eu virar no outro corredor.
Me sinto meio frustrada por ter que sair de uma situação dessas deste jeito, mas era necessário. Não podia deixar isso chegar a um nível acima, pelo menos não agora. Não vou negar que queria isso tanto quanto ele, mas eu não vou dar o braço a torcer nem vou querer ser mais uma para a sua listinha. Ah, fala sério, um homem desses que não sai com qualquer uma que dá bola para ele? Tsk, conta outra.

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