Assassino Perigoso

39

  O horário do almoço passou voando. Depois de correr para o outro lado do refeitório para poder comer meu almoço em paz, sem sentir cheiro de nenhuma desgraça culinária daquela maldita quatro-olhos, finalmente tive meu momento de paz e tranquilidade. Essa situação toda com Levi estava me matando por dentro, eu não poderia simplesmente criar um sentimento a mais, ele é um dos novos recrutas da agência e eu sou a melhor agente que este lugar já teve e provavelmente terá; modestamente.

  Saio arrastando meus pés para ir escovar meus dentes no banheiro. Durante o processo, não conseguia pensar em outra coisa, e isso provavelmente prejudicaria minha agenda aqui na delegacia. Tenho casos para arquivar, informações para revisar, é muita coisa para que eu fique com a cabeça em outras coisas... Foco, Lara!

  Volto para meu escritório e começo a entrar nos arquivos dos casos já resolvidos. Preciso arquivar uns, olhar novamente outros, ver se não tem nenhuma falha... Depois fazer isso no caso de outros agentes que estão ocupados treinando seus subordinados. Para alguém de fora, a vida na polícia pode ser interessante e radical, mas a maioria do tempo, nós ficamos enfurnados dentro de nossas salas fazendo qualquer outra coisa, menos apontar uma arma para alguém.

  O relógio apita. São 17:00. Olho estupefata para o ponteiro e, em seguida, levo meu olhar para toda a minha equipe presente na sala. Se passaram quatro horas direto? Quando foi que eles entraram aqui??

-...Tudo bem, capitã?

  Ouço a voz carregada de preocupação e sutileza de Petra. Todos na sala me olhavam como se eu tivesse afirmado que a terra é plana.

-Sim... Ta tudo ótimo.

  Concordei com relutância. Eu precisava dar uma pausa, quando eu fico tempo demais trabalhando sem reparar no horário, normalmente significa que minha cabeça está lotada com outras coisas e estou tentando fugir da realidade. O pior disso tudo? Minha equipe sabe muito bem disso...

  Entro no banheiro novamente e olho para meu rosto. Eu estava um caco, parecia que não dormia a noites. Jogo uma água gelada nele e respiro fundo. Sorrio. Acho que consegui tirar os problemas da mente por um tempo. Meu bolso vibra. Retiro meu celular de lá de dentro e desbloqueio a tela para saber o que era.

  RivAc comentou no último capítulo de seu livro

  RivAc: Krl, esse capítulo tá realmente perfeito... Assim como a autora.

  Sinto meu coração acelerar e meu corpo se esquentar. Meu estômago borbulha, como se servisse de moradia para milhares de borboletas inconvenientes. Droga... De novo não!

  Saio correndo do banheiro, eu precisava de um tempo disso tudo, já estava ficando insuportável todas essas sensações e confusões, preciso de espaço. Adentro uma das cabines e respiro fundo várias vezes, tentando controlar meu coração acelerado, que insistia em me fazer lembrar de um certo moreno.

  Meu celular toca. Vou ver o que é novamente, e me deparo com um chamado urgente da Ella, a detetive forense que estava decodificando a carta e abrindo a caixa que Cão havia deixado no dia do ataque dos titãs. Caramba... Com toda essa confusão, eu havia esquecido dessas coisas. Respondo para Ella que já estou a caminho da sala dela.

  Chegando lá, adentro a sala logo após bater três vezes na porta e a encontro com dois papéis em mãos.

-Lara, que bom que chegou!

  Ela vem até mim e me dá um abraço. Essa garota é um amor de pessoa, uma mulher gentil, um pouco mais alta que eu, morena, nunca tive nada para reclamar.

-Obrigada. Então, o que descobriu nisso tudo?

  Vou logo direto ao ponto, me aproximando da mesa onde haviam vários instrumentos de pesquisa forense.