Assassino Perigoso

8

  O horário de almoço tinha acabado faz dez minutos. Eu ainda estava pensando no treinamento que darei a Levi, principalmente, mas também dava uma checada no cronograma dos outros dois. Eles precisam treinar mais as partes básicas, pois erram coisas simples que poderiam ser comprometedoras em uma situação de perigo. Já com o Ackerman era diferente.
  Ele fazia sempre as coisas com tanta perfeição que, às vezes, me perguntava se ele realmente era um ladrão sem treinamento. Não temos nenhuma informação dele e seu sobrenome é completamente desconhecido, é como se ele não tivesse parentes ou pais. A única coisa que posso fazer por ele é dar um "upgrade" em suas táticas, melhorar seu trabalho em equipe... Coisas assim. Não estou pedindo a confiança total, mas preciso de, ao menos, lealdade. Não que eu realmente queira os três aqui agora, mas caso eles forem julgados como capacitados para a polícia, já tenho tudo pronto.
-Capitã, está tudo bem? Estou chamando a senhora faz uns dois minutos e a senhora só ficou encarando a lata de lixo.
  Tomo um susto ao ver Petra parada na porta e saio de meus pensamentos.
-Ah, está tudo bem, sim. Só estava... Pensando.
-Certo. Eu vim aqui avisar que o senhor Dok já está aqui para a reunião.
-Entendo. Avise-o que já irei encontrá-lo.
Ela afirma e fecha a porta de meu escritório.
-Tsk, esse cara chegou mais uma vez para me infernizar.
Esfrego minhas têmporas e tento jogar aquele pensamento fora. Nile Dok é o comandante da polícia militar. Normalmente, ele faria essa reunião com Erwin, que é comandante da Equipe de "exploração" (esse nome vem da "genial" ideia do fundador daqui que não faço a mínima questão de decorar, mas que o significado disso é: "exploramos cada canto e analisamos cada vestígio para manter a segurança do país". Slogan idiota, eu sei), mas que, por algum motivo, ele sempre se encontra comigo.
A polícia militar tem um trabalho diferente do nosso. Enquanto caçamos os mais perigosos dos criminosos, eles apenas ficam de patrulha por aí e prendem bandidos mais simples. Mesmo assim, eles sempre são os mais reconhecidos no país pois normalmente são eles que aparecem mais na tv, pois seus casos são mais abertos, diferente dos nosso, que são confidenciais.
Me levanto de minha cadeira e bebo uma água antes de me dirigir à sala de reuniões. Quando abro a porta da mesma, encontro Nile e Erwin reunidos.
-O que você quer, Dok?
Me sento à mesa e espero por uma resposta do mesmo.
-Oi pra você também, Lara.
-Vá direto ao assunto.
Respondo quase que imediatamente. Ele suspira.
-Certo, então. Estou aqui para pedir à Equipe de exploração para que entregue os três prisioneiros.
Demoro um pouco para compreender exatamente o que ele estava falando.
-Oi?
-É isso que você ouviu.
Erwin força uma tosse para chamar a atenção.
-Nile, não planejamos entregar os três para vocês. Estamos os treinando para se tornarem um de nós.
-E é exatamente por isso que quero eles na minha prisão. Erwin, você sabe que eu sempre analiso todas as opções possíveis, e a maioria delas são traições e coisas do tipo. Caso eles entrem na Exploração, o risco deles decidirem trai-los no meio de uma missão de perigo é alta.
-Sabemos disso, mas com o tempo eles pegarão confiança. Eu vi muito potencial naqueles três e não vou abrir mão disso.
-Eu concordo com ele. Aquele trio pode não ser confiável por enquanto, mas durante os treinos, percebi que eles tem uma forte ligação.
Falei, por fim.
-Está aí uma das razões de eu não querê-los aqui. Eles podem facilmente planejar algo bem bolado e nos enganar bem debaixo dos nossos narizes.
Esse ser é um inferno... Posso destroçar esse nariz?
-Nile, por enquanto, nada está decidido. O julgamento deles será daqui a alguns dias, então...
-Zackly fará o julgamento.
  Paro e o encaro depois que Dok falou isso.
-Como? Ele fará o julgamento? Por que?
  Darius Zackly era ninguém menos que o comandante de todos os três ramos da polícia do país: Polícia militar, Exploração e Estacionárias.
-Ele me contatou ontem e falou sobre isso para mim, foi por isso que vim aqui para pedir os três pacificamente. Se não o fizerem, isso será resolvido no tribunal.
  Me levanto rapidamente da cadeira e vou até o moreno, puxando a gola de sua camisa e o abaixando, ficando cara a cara com ele.
-Escuta aqui, Dok, esses caras ficarão comigo de um jeito ou de outro. Acha mesmo que vão conseguir dar conta de manter três prodígios em uma prisão simples? Sua cabeça deve estar cheia de lixo para conseguir fazer esse raciocínio de merda, então sugiro que dê meia-volta e siga para o lado de fora daqui.
  Solto de sua gola e saio da sala ignorando as reclamações dele. Erwin me entende e sabe como sou, então com certeza pensa igual a mim nesse requisito.