Assassino Perigoso

22

-E eu moro no último andar.
  Terminei de explicar as regras e detalhes do prédio para Richard para o mesmo não ficar perdido já que vai morar aqui por um tempo. Ele estava completamente perdido com tantas coisas para saber, mas acho que a principal pergunta que ele tinha era essa:
-E ele?
Apontou para Levi. O silêncio que se instalou aqui foi constrangedor.
-Eu sou vizinho dela. Foi uma ideia genial de Erwin Smith.
O Ackerman disse enquanto revirava os olhos e encarava a porta do elevador. Ainda estávamos no antepenúltimo andar, então demoraria mais uns segundos para chegarmos. Pelo menos o elevador era grande, sendo assim pudermos ir confortavelmente.
-Erwin Smith? Seu superior?
Ele questionou para mim. Afirmei com a cabeça e murmurei um "uhum".
-Mas porquê ele fez isso?
Me aproximei de Richard e dei uns tapinhas em suas costas como forma de consolo. A porta do elevador abriu neste mesmo instante, avisando-nos que chegamos ao andar que queríamos. Peguei a mala de rodas de meu irmão e fui andando.
-Segunda, no trabalho, eu te explico. Vamos logo.
Saí do elevador sendo seguido por Levi e Richard. Pego minhas chaves do bolso direito, abri a porta de meu apartamento e vi o moreno ao meu lado fazer a mesma coisa com sua porta.
-Então, Rich, pode ir entrando que eu preciso falar uma coisa para Levi.
Falei rapidamente. Ele apenas deu de ombros e afirmou, dizendo que estaria me esperando. Observo-o entrar e fecho a porta que dava entrada ao meu apê e, depois disso, viro-me para o Ackerman.
-Finalmente vou conseguir falar com você.
Suspiro e fecho meus olhos momentaneamente enquanto me aproximo mais dele.
-O que quer falar? É sobre o que aconteceu ontem?
Arqueio as sobrancelhas em surpresa e certifico-me de que não tem ninguém aqui no hall.
-Bom... é.
Espero que minhas bochechas não tenham corado.
-Que alívio. Achei que você seria mais uma daquelas que fingem que nada aconteceu no dia seguinte.
Ele cruza os braços ao falar isso e eu me espanto. Na realidade, meu maior medo é de que ele fizesse isso, mas o medo passou neste exato momento já que ele deu a ideia de que quer conversar.
-O que? Não! Claro que não. Eu só não tive tempo. Teve toda aquela correria de manhã e tals, aí não pude conversar.
Ao ouvir minhas palavras, consigo notar um pequeno sorriso de canto da parte dele. Seu rosto se aproximou de meu ouvido e consegui ouvir sua voz rouca.
-Quer dizer que eu estou liberado para ir mais vezes até você?
Entro em seu jogo de sedução e coloco minhas mãos em seu tórax, me aproximo ainda mais dele e mordo meu lábio inferior. Falo perto de seu ouvido em um tom baixo:
-Eu te dou essa permissão, soldado.
Suas mãos rodearam minha cintura.
-Você vai querer ser clichê o suficiente para não querer se encontrar comigo agora por causa do seu irmão?
-Não, acho que não... Escondido é mais excitante.
Mordo seu lóbulo da orelha e sinto uma de suas mãos descer até encontrar minha bunda. Gemo baixo em resposta.
-Acabou de perder a inocência e já está tão depravada assim?
O olhei nos olhos e mordi o lábio novamente. Coloquei minhas mãos ao redor de sua nuca, colando ainda mais nossos corpos.
-Eu fiquei depravada logo após que coloquei os olhos em você.
Juntei nossos lábios depois de falar isso. Tínhamos a mesma sincronia que ontem e eu até mesmo tinha me esquecido de que estávamos no hall de meu prédio.
Levi pediu passagem com a língua e eu a dei de bom grado, abrindo minha boca levemente e tendo a mesma invadida logo em seguida. Brinquei com seus fios de cabelo que caíam por sua nuca raspada e senti-o sorrir durante o beijo. Puta merda, como isso era bom. Nunca tinha beijado outro homem igual a ele, e olha que as festas da academia de polícia me dava uma grande variedade de opções. Enquanto todos estavam bêbados, aproveitava a oportunidade para pegar aqueles que sempre tive vontade mas nunca tive a coragem de tomar uma atitude. Todos iriam esquecer mesmo por causa da ressaca.
Meu coração acelerado batia em sincronia com o dele, já que estava tão grudada com seu corpo que sentia cada batimento cardíaco que vinha dele. A mistura de sensações que Levi me causava era imensa, nem mesmo podia descrever.
O moreno parou o beijo por causa do fôlego (ou da falta dele) e terminou com um selinho. Assim que recuperei o ar, falei:
-Acho melhor eu ir, Richard está me esperando lá dentro.
  O moreno colocou uma mecha de meu cabelo atrás da orelha.
-Também acho. Te vejo depois?
Ele me olhou sugestivamente.
-Com certeza. Ah, uma dúvida; Farlan e Isabel não estranharam a sua ausência?
Sorri divertida enquanto enrolava um de seus fios de cabelo de sua nuca em meu dedo.
-Aqueles dois? Claro que não! Eles têm um sono tão pesado quanto o de um mamute. Eu que acordo eles todos os dias, senão os dois ainda dormiriam por até uma da tarde.
  Sinto vontade de rir quando percebi que sou praticamente igual aos dois. Realmente, se o rumo da história de ontem fosse outra eu tenho certeza de que eu estaria dormindo agora. Nem mesmo aquele toque irritante da Hanji me acordaria.
  Tiro minhas mãos de sua nuca e coloco-as em seu peitoral novamente, mas desta vez eu me afasto um pouco.
-Eu já vou indo.
  Falei.
-Eu também. Boa sorte aí com seu irmão.
  Levi falou antes de me dar um último selinho e se separar de mim rapidamente para abrir sua porta e entrar em seu apartamento. Suspiro e dou um leve sorriso quando recordo o que acabou de acontecer, também tentando acalmar meu coração que insistia em bater forte demais. Quando finalmente consigo estar apresentável, finalmente abro minha porta e, quando entro na sala, encontro Richard brincando com minha gata com um barbante que ele arranjou de não sei de onde.
  Ele sempre amou gatos mais do que qualquer coisa nesse mundo. Eu sempre achei que ele tivesse virado egípcio ou coisa assim já que sempre tratava todos os gatos que encontrava como deuses. Deuses peludos e que, na maioria das vezes, o arranhavam.
-Se divertindo bastante?
  Perguntei ao encostar na porta. Ele olhou para mim e sorriu.
-Claro. Não sabia que tinha um gato.
-Uma gata, na verdade. O nome dela é Gatola.
  O corrigi. Deixei as chaves do apartamento em cima da mesa e sentei-me no sofá. O violão ainda estava encostado em uma das almofadas.
-Quantos anos ela tem?
  Ele perguntou enquanto a pegava no colo para brincar.
-Cinco. Ela é novinha.
-Ah, sim.
  Fiquei vendo-o brincar com ela por mais um tempo. Ele definitivamente vira uma criança quando brinca com gatos.
-Vem, vou te mostrar o apartamento.
  Me levantei e estiquei minhas costas. Ele também faz o mesmo antes de fazer um último carinho em Gatola.
-Certo.
  O levei até a cozinha. Minha cozinha era meio apertada.
-Bom, aqui é a cozinha e a porta de vidro ali dá para a lavanderia. Eu não tenho varal, então sempre deixo as coisas para lavar e secar.
  Saio da cozinha e o levo até o corredor onde ficam os quartos.
-O primeiro quarto é uma sala de tv e um escritório. Normalmente eu venho pra cá para resolver coisas do trabalho e... ver tv, como o nome da sala sugere.
  Parti para o próximo.
-O segundo quarto vai ser o seu. É um quarto de visitas qualquer, nada interessante.
  Falei enquanto colocava sua mala em cima da cama de casal e voltava para o corredor.
-O último quarto é o meu. A porta no fim do corredor é o banheiro principal. Pode usá-lo à vontade já que meu quarto tem suíte. LAmanhã eu posso ver se tem algum chaveiro aberto pra eu dar uma cópia da chave do apartamento pra você.
-Opa, é pra já, maninha.
  Ele coloca um dos seus braços em volta do meu pescoço e bagunça os meus cabelos com as mãos fechadas.
-AAI, SEU FILHO DUMA...
-Olha, não xinga a mamãe.
  Ele me soltou e começou a rir. O olho com uma cara zangada e balanço a cabeça em negação. Para o deixar lá rindo sozinho, entro no meu quarto e fecho a porta com força e a tranco.
-Pô, ficou zangada por isso??
  Escuto sua voz com um tom de diversão.
-Vai arranjar o que fazer, Richard!
  Falei alto enquanto olhava para porta como se falasse com ele. Quando escutei sua risada se afastando, dou um suspiro e viro para meu quarto, arregalando um pouco os olhos quando o vejo. Ele estava completamente bagunçado, parte por causa da noite de ontem e parte por causa da minha correria hoje de manhã para escolher uma roupa para ir até a casa de Eren.
-Ah, parece que vou ter que esperar pra dormir mais...
  Respirei fundo e comecei a arrumar meu quarto.

  [...]

  Deitei em minha cama sorrindo por ter, finalmente, terminado de arrumar tudo. Já troquei os lençóis, guardei as roupas que tinha jogado pra longe mais cedo por não ter gostado delas e coloquei uma camisola de ovelha que batia em meus joelhos.
  Abracei um dos meus travesseiros e peguei meu celular. Eram onze da manhã. Tinha algumas mensagens de duas pessoas diferentes: havia uma de Levi e dez de Hanji. Abri o chat da Hanji e ignorei-o logo depois que li, pois todas as mensagens que ela escreveu tinham como finalidade me deixar com vontade de comer a lasanha de berinjela dela. Nunca ficarei com vontade de comer isso, nem mesmo se fosse um chef de cozinha profissional que a fizesse.
  Parti para o chat de Levi e li o que ele tinha escrito:

  (R) = Farlan estava acordado. Perguntou onde eu estava e falei que tinha ido dar uma caminhada pelo prédio. Até aí tudo bem, até eu ir colocar uma roupa mais confortável e ele ver aqueles arranhões em minhas costas...

  Dei um sorriso sacana ao ler a mensagem que havia sido enviada a uns cinco minutos atrás. Antes de responder, mudo o nome do contato dele já que agora sei a "identidade" de Rivaille. Logo o respondi.

  (Eu) = Contou para ele que andou se divertindo com sua capitã, Ackerman?

  Esperei apenas poucos minutos até eu receber uma resposta.

  (Levi) = Não, acho que vou seguir aquilo que você falou.

  (Eu) = E o que eu falei?

  (Levi) = "Escondido é mais excitante".

  (Eu) = Ah, é mesmo. Bom, agora eu vou fazer aquilo que estava querendo desde que acordei: dormir.

  (Levi) = Você tá parecendo a Isabel, agora.

(Eu) = Sério?? Então acho que vou me dar muito bem com ela. Gente que dorme demais é gente confiável.

A resposta demora um pouco para vir depois que a mensagem é visualizada.

(Levi) = E quem tem insônia?

(Eu) = Aí você complica hahahaha

Dou um sorriso bobo e bloqueio o celular, colocando-o em cima do criado-mudo e me agarrando ao travesseiro para dormir. Meus pensamentos vão longe, até parar no soro misterioso.
  Estou meio preocupada com as proporções que isso poderá tomar. Vai que o responsável por isso for inteligente e injete-o em pessoas de vários lugares? Ninguém garante nada sobre a segurança pública, então só nos resta esperar.

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