Minha amiga cínica, traiçoeira, chantagista e meio sociopata era muito esperta. E eu tinha tudo para ficar com raiva dela, mas preferia ficar na minha e não guardar rancor. O que era dela estava guardado em algum lugar que talvez eu não encontrasse nunca onde. Ou seja, eu não era uma pessoa vingativa.
Ela praticamente me obrigou a conviver com aquela garota sem graça ao me chantagear a permanecer na equipe, e eu não sabia o que, exatamente, ela queria me provar com isso. Já passou de, apenas, querer provar aquela teoria boba de que eu era parecida com aquela menina, e eu sentia que mais cedo ou mais tarde descobriria o que sua mente ardilosa havia planejado para o meu fim.
Usar chantagem não era legal e eu jamais faria isso para forçar alguém a fazer algo.
Ok, vou ser sincera comigo mesma. Talvez eu fizesse sim, mas nunca fiz, então tenho todo o direito de recriminar.
Ameaçar a contar para todo mundo que eu nunca havia beijado na boca já tendo dezesseis anos nos cornos, iria acabar completamente com a minha reputação.
O que as pessoas poderiam pensar? Que eu tinha mal hálito? Ou que eu não era tão legal e maravilhosa quanto eu aparentava ser? E eu era!
A garota mais linda da escola não podia passar por isso. E eu não queria me formar sendo conhecida como a "boca virgem" da escola.
Tudo bem, eu era mesmo boca virgem, mas era por que eu queria assim. E ninguém precisava saber disso.
Fazer o que se só tinha cara desinteressante ou ninguém à minha altura nessa escola? Pois é, não tinha nada a se fazer. Por isso nunca fiz nada, ou seja, nunca beijei ninguém.
A verdade é que eu não queria que as pessoas falassem de mim. Eu não queria meu nome na boca desses adolescentes fofoqueiros e maliciosos. Não importava o motivo, eu simplesmente não queria que falassem de mim. A minha intenção era apenas terminar o ensino médio sem grandes emoções e ilesa, mas Hanna estava ameaçando acabar com isso.
Me doeu demais aceitar essa chantagem da sem vergonha da minha melhor amiga, mas eu não aceitaria isso de bom grado. É claro que eu iria impor minhas condições, e uma delas foi que me permitisse a continuar trabalhando com a "palhacita".
Eu perdi essa briga, mas iria infernizar a vida dessa garota.
Essa batalha estava perdida, mas eu ainda poderia ganhar a guerra.
O mais estranho foi que minha amiga nem ponderou e aceitou minha condição prontamente. Me pareceu até mais satisfeita.
Será que estou dando o que ela quer, ou é só impressão minha?!
Enfim, não quero saber. Estou com raiva, e se for para entubar e ter que aturar a sem graça, então eu queria poder infernizá-la. Eu implicaria com ela até fazê-la desistir por conta própria.
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Qualquer Semelhança é Uma Mera Coincidência
Teen FictionEssa é a história de muitas primeiras vezes da minha vida, mas não é só sobre mim que vou falar. Na verdade, é sim. Mas vou dividir o enredo dessa história com uma outra pessoa, a qual vocês vão logo identificar por seu "talentoso" humor e carisma...