Capítulo 16

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Recapitulando tudo o que havia acontecido apenas nesse ano letivo e que estava me enlouquecendo, desde que comecei a compreender o que acontecia comigo, em relação à minha sexualidade, e que foi mais ou menos na mesma época que conheci a Sofia – i...

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Recapitulando tudo o que havia acontecido apenas nesse ano letivo e que estava me enlouquecendo, desde que comecei a compreender o que acontecia comigo, em relação à minha sexualidade, e que foi mais ou menos na mesma época que conheci a Sofia – isso mesmo, a "Sofia". Desde que ela começou a se esforçar para provar que poderia sim ser gentil, passei a enxergá-la diferente. Mas voltando à recapitulação, tantas coisas tem acontecido nos últimos três meses. Passei a me conhecer melhor, fiz novas amizades e talvez uma inimizade. Na verdade, era algo indefinido o que eu tinha com a Sofia. No início só discutíamos, ela me esnobava e eu me esforçava para tentarmos nos entender. Depois, inexplicavelmente, esses papéis se inverteram. Mesmo assim, tem sido diferente do que era antes.

Eu nunca procurei ter nada com ela – digo, romanticamente – mas me sentia sim nervosa perto dela, e aquele desmaio... enfim. Ainda assim, nunca pensei realmente sobre isso. A única coisa que passava pela minha mente era que eu não deveria deixar isso evoluir e proteger meu coração de uma pessoa que não estava nem aí para mim. Então, antes que meus sentimentos pudessem evoluir, eu os reprimi – o que foi bastante fácil, já que a forma nada amigável como ela me tratava facilitou bastante isso.

De repente, as coisas mudaram um pouco. Mesmo que ultimamente ela estivesse me tratando com gentilezas, ainda não era uma pessoa confiável para mim. Eu bem sabia que ela fazia essas coisas porque esperava algo em troca, porque tinha segundas intenções. E as intenções dela eram curtir comigo, ter suas respostas, suas experiências e depois me descartar quando estivesse satisfeita e esclarecida. Por isso, eu a testei e vi até onde ela seria capaz de ir para conseguir o que queria.

Preciso dizer que fiquei bastante surpreendida ao vê-la desempenhar aquele papel apenas para me agradar. Nunca achei que ela fosse capaz disso e, por um segundo, acreditei que ela podia ser realmente uma pessoa gentil, bem diferente do que sempre pensei. Mas eu conseguia reparar em toda a sua frustração, que crescia junto com as semanas que se passavam e por eu nunca lhe dar suficiente – apenas beijos inocentes no rosto. Confesso que não pensei que ela resistiria por tanto tempo e que me trataria com tamanho respeito... até àquele dia no cinema.

Mas antes disso tudo, aconteceu nosso primeiro beijo na escola, no dia da festa, o que me deixou bastante confusa. Eu me perguntava o que ela queria de verdade comigo, e a resposta veio no dia seguinte ao beijo – quando ela me procurou na minha casa. Ela disse que me queria, mas eu sabia bem o que ela queria de verdade, e era exatamente o que acabou se revelando no dia do cinema.

Sofia queria apenas saliência, mas eu não era esse tipo de pessoa. Minhas saliências eram acompanhadas de sentimentos.

Então agora está na hora de explicar como eu me sentia em relação a tudo isso.

Eu já estava fazendo isso? Estou meio perdida aqui!

Mas voltando...

Eu realmente falava sério quando dizia que não havia sentimentos por ela, mas meu coração realmente se remexia no meu peito ao vê-la, ouvi-la, quando ela chegava perto, me tocava ou falava comigo. Não posso negar, durante todas aquelas semanas, quando ela estava sendo uma trouxa, acabei gostando do tempo que passamos juntas e de toda a atenção que ela me dedicava.

Qualquer Semelhança é Uma Mera CoincidênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora