Eu não sei como lidar com aquela garota. Minhas amigas me disseram que não posso perder a cabeça, e quando eu estiver prestes a voar no pescoço dela, devo fechar os olhos, respirar fundo e pensar em coisas boas, então eu penso em filhotes, unicórnios e dragões.
Ok, dragões não costumam ser fofos, mas depende da referência e do ponto de vista, né. Às vezes me imagino cuspindo fogo nela e me sinto melhor, então pensar em dragões funciona para mim.
Além dessa técnica de autocontrole, minhas amigas me disseram que eu deveria fazer as pazes com a mal-humorada e tentar ser amiga dela. Mas como? Eu até tento ser educada, mas ela não tem um pingo de educação.
Antes do início das aulas, tentei iniciar uma conversa pacífica e civilizada, mas a coisa ruim não sabe ser gente. Decidi nem insistir na conversa, ou poderia se transformar num desastre.
Pensei muito sobre o que eu poderia fazer para conquistar a amizade dela, ou pelo menos o respeito. Porque para falar a verdade, não queria sua amizade, respeito já estava ótimo.
Nos últimos dias, o pouco que consegui observar é que ela era narcisista e se achava melhor que todo mundo. Tinha uma autoestima superelevada e não gostava de mim. Por isso, decidi que eu deveria bajulá-la um pouco. Isso mesmo, eu iria puxar o saco da delinquente na esperança de que ela reprimisse um pouco de seu ódio por mim e me deixasse viver meus dias em paz.
Mas como posso fazer isso? Talvez elogiá-la?! Inflar ainda mais o ego dela?!
Isso doeria muito em mim, mas se era necessário, eu engoliria meu orgulho pelo menos um pouco e mostraria às minhas amigas que posso não ser tão orgulhosa assim.
Tudo pela paz mundial e, principalmente, pela minha própria paz.
No horário do intervalo pude encontrá-la sentada no mesmo lugar de sempre, na mesma mesa, no pátio e conversando com as amigas.
Ela ainda me devia uma conversa, então puxei Maria e Laura pelo braço e as carreguei junto comigo. Eu precisaria de algum escudo e dois escudos humanos estavam valendo.
- Olá meninas, será que podemos nos sentar com vocês?
- Claro que sim! – Samantha disse simpática como sempre. Até pareceu pausar o que estava fazendo, provavelmente jogando.
- Só um minuto! – Hanna pediu. – Pronto! Eu estava escrevendo um texto para o blog.
- Ah, legal! – Eu disse enquanto me sentava ao lado da irritadinha e fazia sinal com a cabeça para que minhas amigas se sentassem também.
A mal-educada nem me deu um "oi". Ela simplesmente estava me ignorado encarando suas unhas pintadas de preto.
Filha da ...
Não me permiti xingar nem em pensamento, pois eu não xingava.
- Oi! – Falei baixinho perto de seu ouvido para que apenas ela ouvisse.
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Qualquer Semelhança é Uma Mera Coincidência
Novela JuvenilEssa é a história de muitas primeiras vezes da minha vida, mas não é só sobre mim que vou falar. Na verdade, é sim. Mas vou dividir o enredo dessa história com uma outra pessoa, a qual vocês vão logo identificar por seu "talentoso" humor e carisma...