O único dia de aula que conseguia melhorar meu humor era o último antes das férias, então podem ter certeza de que, nesse dia, eu ficava radiante. Última sexta-feira, dia de apenas comparecer na escola, pegar o boletim semestral, sorrir para suas ótimas notas – e, posteriormente, para o sorriso orgulhoso de seus pais – e conversar bastante com suas amigas.
Havia se passado já dois dias desde que eu e Clara estávamos sem nos falar, mas isso não me angustiava mais, pois sabia que era apenas uma birra boba, e só não havíamos nos reaproximado ainda por puro orgulho dela e pela correria dos estudos.
Talvez eu estivesse sendo orgulhosa também, mas a culpa de estarmos distantes ainda era toda dela. Eu tinha certeza de que ela esperava um pedido de desculpas meu, mas o motivo para eu ainda não ter me redimido não era nem pelo orgulho, e sim porque eu estava bastante focada no estudo. Decidir o que fazer na faculdade me motivou ainda mais a estudar e, consequentemente, passou a ocupar ainda mais o meu tempo.
Além disso, eu não concordava muito com o pedido de desculpas da minha parte. Falando sério? Eu nem havia sido tão grosseira, talvez um pouco ríspida. Pelo menos, era como eu enxergava as coisas; ou eu era grossa demais, ou minha namorada era sensível demais, não era possível.
De qualquer forma, isso teria de ser feito. Eu tentaria consertar as coisas.
- Não sei por que ainda escuto vocês. – Reclamei. – Não sei nem se isso vai ser útil.
Estávamos numa loja, no shopping, procurando por algumas peças íntimas.
- Já te falei que não dá para chegar na hora de "fazer rir" e aparecer com essas calcinhas velhas da vovó que você, provavelmente, usa. – Samantha falou.
- Vai ser útil sim! – Hanna disse, convicta. – Quero dizer... – Tossiu forçadamente. – Se ela continuar de birra, vista esse conjuntinho e ela não vai resistir aos seus encantos. – Completou, me estendendo um par minúsculo e rendado de calcinha e sutiã na cor preta.
- Não é mais fácil tentar fazer as pazes com uma conversa não tão franca? – Indaguei.
- Amiga, pode acreditar em mim. – Sam quem disse. – Sexo de reconciliação é a melhor coisa!
- Já vai ser minha primeira vez... – Suspirei. – ...Tem que ser de reconciliação também? Acho que já é demais para eu lidar.
- Seja brava! – Hanna me deu força.
Era fácil falar, né!
- Não sei, não. – Comecei. – Estamos a dois dias da viagem e acho melhor não viajarmos brigadas.
- Ah, pelo amor! – Sam falou, exasperada. – Vocês não estão brigadas, estão apenas de birra. É só você chegar até ela e pedir desculpas por ter sido grossa.
- Acho que a Clara está exagerando. – Ponderei. - Posso ter falado de um jeito pouco duro sim, mas acho que ela é sensível demais para ter ficado chateada por causa de tão pouco.
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Qualquer Semelhança é Uma Mera Coincidência
Teen FictionEssa é a história de muitas primeiras vezes da minha vida, mas não é só sobre mim que vou falar. Na verdade, é sim. Mas vou dividir o enredo dessa história com uma outra pessoa, a qual vocês vão logo identificar por seu "talentoso" humor e carisma...