- Eu nunca me apaixonei por alguém. – Maria disse. É claro que ela seria a pessoa que teria a ideia mais constrangedora.
Mesmo que ela sempre me colocasse em saias justas, ainda assim, eu não conseguia ter maus sentimentos pela minha amiguinha. O normal de qualquer um seria ter vontade de esganá-la, mas eu a conhecia muito bem e, por isso, podia dizer que era impossível não amar aquela pessoinha ou ter sentimentos ruins por ela.
Até então, eu havia sobrevivido à essa brincadeira do EU NUNCA teria admitido desejar safadamente a Sofia em qualquer outra circunstância. Já essa ideia, do "eu nunca desejei safadamente uma garota", só poderia ter vindo da Samantha. Quando decidi beber, a realidade é que eu não havia pensado muito sobre isso. Apenas na barriga definida dela, e no seu corpo todo. E também, eu não poderia ter mentido depois de pegar nos seus peitos.
Lembrar disso me fazia pensar se eu não havia passado muito dos limites em tê-la tocado daquele jeito. Eu só esperava que ela não pensasse mal de mim, que eu pudesse ser pervertida, sei lá. Eu só estava sendo espontânea em relação ao que havia acontecido no meu quarto. Só fiz o que me deu vontade de fazer no momento, e não havia pensado muito sobre isso antes que o fizesse.
Após eu ter admitido ter esse tipo de desejo por ela ao beber um gole daquela bebida horrível, a vi sorrir bobamente e também beber, satisfatoriamente, um bom gole de sua bebida. O que me fez voltar novamente ao episódio do meu quarto. Eu havia a tocado, mas ela declinou ao direito que lhe dei de fazer o mesmo comigo. Isso me fez pensar brevemente em algumas hipóteses: ou ela estava sendo covarde e extremante tímida; ou ela não tinha vontade de me tocar; e, por fim, ou ela estava sendo respeitadora.
Após vê-la satisfeita e admitir que também tinha esses desejos, resolvi descartar a segunda hipótese.
Mas voltando à "saia justa" criada pela minha amiguinha Maria, uma coisa era admitir desejar alguém; outra coisa era admitir ter sentimentos por essa pessoa.
Vocês conseguem perceber a diferença?
Samantha falava sobre saliências; Maria, sobre sentimentos.
Já era bastante incômodo para eu admitir a primeira, agora admitir sentimentos – os quais nem eu ainda entendia direito – estava fora de cogitação. Nunca, em toda a minha vida, em todos esses longos dezesseis anos, alguém havia se declarado para mim, e eu nunca havia me apaixonado por alguém. Mesmo se eu tivesse plena certeza sobre o que eu sentia, não seria nessas circunstâncias que eu me declararia por alguém, ainda mais quando havia uma grande e real possibilidade disso ser unilateral. Quero dizer, da Sofia não sentir nada por mim.
Mesmo assim, contraditória do jeito que sou, eu ainda me sentia confusa sobre o que fazer. É isso mesmo, minha mente era uma grande confusão – nem eu mesma conseguia me entender e parar de pensar muito – então não me importava em deixá-los confusos também. No caso, vocês também.
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Qualquer Semelhança é Uma Mera Coincidência
Teen FictionEssa é a história de muitas primeiras vezes da minha vida, mas não é só sobre mim que vou falar. Na verdade, é sim. Mas vou dividir o enredo dessa história com uma outra pessoa, a qual vocês vão logo identificar por seu "talentoso" humor e carisma...