Capítulo 23

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Eu imaginava minha vida bem diferente da realidade

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Eu imaginava minha vida bem diferente da realidade. Quero dizer, quando eu era criança, imaginava que eu fosse namorar e casar com um homem - mesmo que eu nunca ficasse idealizando isso - que eu saberia o que cursar na faculdade, que eu moraria numa república universitária e que com dezoito anos eu já seria uma adulta independente financeiramente dos pais e aos vinte eu já seria bem-sucedida na vida – claro que boa parte eram pensamentos bem ingênuos da idade. No momento, eu tinha quase dezessete anos, e a minha realidade parecia estar bastante distante das minhas antigas idealizações. Eu seria a eterna solteirona aos olhos dos meus pais, já que eu jamais teria coragem de contar sobre minha verdadeira orientação sexual para minha mãe e, muito provavelmente, para meu pai também. Descobri que minha independência financeira demoraria pelo menos um pouco a mais do que o esperado e meu sucesso profissional seria alcançado apenas depois dos trinta, isto é, se eu conseguisse decidir o que fazer da vida, primeiro.

Dizem que devemos dar um passo de cada vez na vida. Sim, devemos. Um passo de cada vez na vida acadêmica, na profissional, pessoal, amorosa... logo, são vários primeiros passos de uma vez.

Eu tinha que resolver minha futura vida profissional, me dedicar aos estudos, saber lidar com minha sexualidade em relação à minha família e à sociedade e, a única parte boa disso tudo, administrar meu relacionamento amoroso.

Eu estava prestes a dar um primeiro grande passo nesse quesito.

Há algum tempo, eu já olhava diferente para a Clara, além de me descobrir homossexual e completamente apaixonada pela pessoa mais improvável possível. Eu me apaixonei e isso parecia ser a melhor coisa que havia me acontecido nos últimos meses. Eu queria estar perto dela o tempo todo, ouvir sua voz, sentir seu cheiro e, principalmente, o que eu mais ansiava, era o seu toque. Eu sentia a necessidade de me ligar a ela de uma forma mais intensa e fazer com que sentisse o mesmo. Havia tantas coisas que estavam gritando dentro de mim, as quais eu tentava reprimir sem muito sucesso. Eu queria gritar para o mundo o quanto eu estava apaixonada por uma garota, sentir tudo por completo e me sentir inteira – ansiava por intensidade e plenitude.

Finalmente eu sabia quem eu era, e eu estava preparada para esse grande passo. Todo mundo idealizava a primeira vez, e comigo não era diferente. Eu queria que fosse perfeito e com a pessoa certa. O medo de decepcioná-la me deixava insegura, pois eu temia que fosse ruim o suficiente para que ela se arrependesse depois. Mas eu também estava muito ansiosa e feliz por ser com quem eu estava apaixonada.

- Clara, não é assim! – Falei seriamente. – A primeira vez é muito importante e só vai acontecer quando as duas quiserem. Quando nós duas estivermos preparadas.

- Estou preparada! – Ela afirmou cheia de confiança.

Senti um frio na barriga, engoli em seco e segurei suas mãos.

- Eu também estou! – Olhei em seus olhos. – Mas ainda assim, vai acontecer apenas na hora certa e não "quando eu quiser". Não quero que se sinta pressionada.

Qualquer Semelhança é Uma Mera CoincidênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora