30 - Sólo yo

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A voz de Zabdiel preenchia os meus ouvidos enquanto eu caminhava com Joel pela balada, que pelo horário, já se encontrava impossível de compactar mais pessoas, com isso, a escolha de um lugar agradável para ficarmos foi dificultada. Quando encontramos, já era o sotaque cubano que dominava as caixas de som.

Por conta do espaço possuir uma grande quantidade de pessoas eu e Joel estávamos grudados. Mesmo que eu não me encontrasse completamente bêbada, eu sentia a adrenalina correndo em minhas veias de uma forma que somente acontece quando o álcool é ingerido. Se eu estivesse sóbria, assim como Joel, nas circunstancias atuais - que agora talvez já pudesse ser classificadas como passadas - nós nunca estaríamos tão grudados quanto agora, porém ouvir o refrão contagiante daquela música fazia qualquer coisa espairecer sobre o ar.

Fui obrigada a circular meus braços no pescoço do californiano, para diminuir ainda mais a distancia, enquanto meus quadris se moviam conforme a batida e talvez propositalmente eu tocasse Joel.

- Você reconheceu a música? - meu melhor amigo pergunta quando a voz de Erick é trocada por Richard.

Um sorriso rasga meus lábios ao perceber as consequências da voz de Joel próximo ao meu ouvido.

- É claro. - também respondo em seu ouvido, percebendo que causei o mesmo efeito em Joel. - Quien te abraza, sólo yo, oh-oh. - eu canto junto com Richard enquanto sorria e voltava a encarar Joel.

Ele tenta segurar um sorriso e com isso aperta a minha cintura.

- Uau! Até agora esse foi o seu maior progresso, assim você me deixa orgulhoso. - ele comenta enquanto nossos corpos se mexiam e novamente ele se inclinou para falar comigo. Eu acabo rindo.

- Precisamos agradecer a pessoa que ajudou isso acontecer. - a falta de saltos me faz ficar nas pontas dos pés para alcançar a orelha do californiano. É a sua vez de rir e então Christopher começa a cantar.

- Essa pessoa vai precisar muito mais que um simples "obrigado", viu?

A minha cabeça tomba para o lado, me dando um passe livre para analisar Joel. Eu estava amando ver que ele finalmente estava se soltando comigo. Não era mentira que logo que nos resolvemos já havíamos nos dado bem, mas eu me refiro a forma que Joel ultimamente anda jogando diversas indiretas para mim, a maioria delas nem um pouco comportadas. Eu sempre fingia não perceber e implorava para que ele não notasse minhas pernas se mexendo desconfortavelmente. Mas agora, eu só pretendia o ajudar colocar lenha na fogueira, somente para fazer o fogo crescer mais e mais. Literalmente.

Eu mordo meu lábio enquanto movia o olhar para o lado antes de enfrentar os olhos castanhos de Joel.

- Ah é? E o que essa pessoa quer?

Por um segundo, ele parece surpreso pela minha resposta, mas ele é rápido em responder.

- Uhm.... - ele finge pensar. - Talvez algo levemente inapropriado. - de proposito, ele desce sua mão da minha cintura para a minha bunda, apertando o local com provocação.

Eu me finjo surpresa enquanto tentava me manter controlada.

- Como essa pessoa ousa? - a entonação na minha voz mostrava minha atuação. - Acho que essa pessoa não anda merecendo meu agradecimento, então.

E com isso eu arrasto minhas unhas da sua nuca pelo seu braço. Para Joel, foi inevitável não fechas os olhos e soltar um leve grunhido. Mas logo ele se recupera e assim me olha determinado.

- Você sabia que você deixa essa pessoa louca? - ele faz referencia com o que ele mesmo cantava na musica e assim eu acabo mordendo meu lábio, o que resulta em outro grunhido de Joel. - Não faça isso, se você quer continuar com esse jogo, não me provoque, Sophia.

Ambas de suas mãos, que agora preenchiam toda a minha bunda, puxa meu quadril para frente e eu acabo arregalando os olhos ao perceber o efeito que eu estava causando em Joel. Uma risada acaba escapando de meus lábios.

- Sinto muito por isso. - eu continuo rindo, tentando ao máximo esconder meu ego massageado por ver o efeito que consigo causar nele.

- Você não sente porra nenhuma! - ele exclama junto com a voz de Erick das caixas de som. Eu não seguro a minha gargalhada e com isso me viro de costas para Joel, sentindo um leve desconforto no meu lombar, mas isso não me impede de rebolar conforme a música. Dessa vez, ele grunhe em meu ouvido, me causando calafrios. - Porra Sophia.

Eu seguro o sorriso orgulhoso enquanto continuava a dançar, agora Joel se calou e se encarregou de mexer nossos quadris ritmadamente.

Eu admito, que por mais que já houvesse diversas vezes adquirido uma outra personalidade dentro de quatro paredes, essa era a primeira vez que eu agia tão ousadamente com alguém nesse quesito. E isso era culpa de Joel. Porque ele fazia com que todos os meus sentimentos se misturassem. O sorriso que ele dava cada vez que ele soltava algo pervertido em meus ouvidos me derretia por dentro, mas ao mesmo tempo criava um inferno dentro das minhas calcinhas.

- Sabe o que vai te deixar mais orgulhoso ainda? - eu elevo minha voz em seu ouvido, mesmo que continuássemos os em posições opostas. O aperto em minha cintura é minha motivação para continuar. - Perceber que aquele dia na festa do Chris você me disse essas mesmas palavras que o Richard está cantando.

Eu consigo sentir seu sorriso orgulhoso e com isso ele mesmo me vira, fitando meus olhos com um olhar abobalhado mas ainda cafajeste.

- Meu Deus você não tem ideia do quanto eu quero te beijar. - ele segura meu rosto com as duas mãos, causando um aproximamento muito grande entre nós.

Eu rio, tirando o meu foco dos seus olhos por um segundo.

- Eu não sei se você sabe, mas você tem um passe livre para os meus lábios a hora que você quiser.

Os seus olhos se ascendem como faíscas, minhas palavras eram as lenhas perfeitas que a nossa fogueira precisava.

- Cuida do que você fala, você conhece a minha boa memoria.

Suas palavras me tiram um riso nasalado o que me faz fechar os olhos por um segundo.

- Eu confio na sua boa memoria.

Agora quem ri é ele, mas seu sorriso não o abandona e assim ele me puxa para perto.

- Mami, se te nota. Lo dice tu boca-a-a-a - ele canta junto consigo mesmo e no verso seguinte gruda nossos lábios.

Eu me sinto no céu.

Primeiramente que para mim, não existia mais nada. Nem balada, nem música, nem público. Eu e Joel estávamos no nosso próprio planeta. O mesmo que criamos num projeto escolar aos oito anos, onde somente nós dois vivíamos nele. A explosão de doces descrita no projeto era real, pois significava a boca de Joel. Uma mistura perfeita da última bebida enjerida com o gosto fixo dos seus lábios únicos e completamente majestosos. E os fogos de artifícios soltados todas as noites para imitar os shows do castelo mais famoso dos parques da Disney, no momento foram transferidos do papel para o meu corpo. Eu estava maravilhosamente no meu estado de paz.

Cerramos o beijo ofegantes e inacreditados, como se o que houvesse ocorrido fosse perfeito demais para ter acontecido. Um sorriso bobo acabou escapando dos meus lábios dormentes, assim como Joel que acariciou minha bochecha e cobriu meus dentes com um outro beijo, dessa vez completamente feroz e desejado.

Se o ar já me faltava, agora meus pulmões estavam cem por cento esvaziados.

Nossos olhares conversavam e então Joel sorri.

- Vamos dar o fora daqui.

Sólo YoOnde histórias criam vida. Descubra agora