24 - Companhia para debaixo das cobertas

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Mesmo passando todos esses sete anos separados, a nossa sintonia continuava intacta. O momento de agora me lembrava de quando dormíamos na casa um do outro, onde não tínhamos controle do horário e só íamos dormir por insistência de minha mãe ou tia Paty. Agora, não tínhamos nenhuma das duas para nos avisar o horário e pedir para irmos para casa, por isso eu tratei de checar as horas e me surpreendi mais que o esperado.

— Joel, já são três e meia da manhã. — eu digo, enquanto observava o garoto trocar a música que tocava da tv, ele seguia me mostrando suas músicas e algumas outras nas quais ele concretizava que eram importantes de ser ouvidas.

Ele me olha de lado, seu corpo estava bem acomodado entre as almofadas e sua mão segurava o controle da televisão. Pelo sofá ser capaz de mudar de tamanho, ambos de nós estavamos completamente largados no estofado.

— Vai trabalhar amanhã? — questiona, com seus olhos nos meus e seu pé protegido pela meia faz um carinho no meu. Por estarmos longes das extremidades, nossas pernas estavam a ponto de se cruzarem e nossos rostos estavam próximos.

Abano a cabeça em uma negação.

— Vou estar de folga. E você?

— Também. — suspira. — Você já quer dormir?

Eu pondero por alguns segundos. Sinceramente, estava exausta. Mas o fato estava sendo dissipado por cima do entretenimento de estar com Joel mais uma vez.

— Eu não sei. — pressiono os lábios, envergonhada de dizer que não queria o deixar sozinho. — Você já vai dormir?

Seus olhos esquadrinham o meu rosto, procurando os devidos sinais que mostravam a minha disposição e opinião sobre o assunto.

— Não quero te deixar sozinha. — ele cita os meus pensamentos internos e eu sou obrigada a segurar um sorriso.

— Então vamos dormir. — anuncia e desliga a televisão deixando o controle na mesinha de centro. Meus olhos acompanhavam todos os seus movimentos, e pensar que perderia a oportunidade de passar mais tempo com ele por conta do sono, fazia o meu coração apertar. Não sabia como seria amanhã.

Ele levanta e vai em direção a cozinha, me deixando no sofá, e eu aproveito para encarar o pouco do que era possível de ver da paisagem lá fora pelas mínimas frestas da persiana da janela. Sem nenhum sinal da chuva parar.

Joel então me chama e eu percebo que ele já estava no corredor para ir em direção ao seu quarto.

Eu o sigo com passos preguiçosos, sentindo meus pés formigarem ao pisar no chão por ter passado muito tempo numa devida posição. O californiano sorri de lado fazendo um de seus cachinhos cair no seu olho.

— É, você tá bem cansada. — ele acusa rindo nasaladamente.

Eu sorrio fechado e assim vamos juntos em direção ao seu quarto.

— Acordei cedo e atrasada. Foi uma loucura. — encolho os ombros e ele abana a cabeça.

— Bom, agora você tem essa cama imensa e confortável para dormir o quanto você precisar. — ele abre a porta acinzentada e minha atenção vai para a cama mais ou menos arrumada. É, Joel ainda não levava jeito para isso.

— Não temos que ir cedo buscar o carro? — adrento o espaço, enquanto andava de costas para poder ver Joel.

— Pode deixar que eu resolvo isso. Não se preocupe. — ele tranquiliza e eu somente assinto, a ideia de dormir bastante naquela cama visivelmente confortável era bastante convincente.

— Você vai dormir aonde? — pergunto enquanto o via entrar em seu closet.

Eu me sentei na ponta da cama esperando sua resposta, que demorou um poco a ser sonificada. Pela fresta aberta que o garoto não havia fechado, podia ver suas costas se contraindo para trocar a camiseta por uma regata. Estremeço desviando o meu olhar para a parede de vidro.

Sólo YoOnde histórias criam vida. Descubra agora