Epilogo - Sempre

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Dezessete anos depois

— Espera, então quer dizer que a mamãe namorou o Pete, aquele que apareceu na televisão, sendo preso por estupro e assassinato contra sua empresária? — a voz de Inês preenche o ambiente, levemente mais elevada para que calassem as outras quatro vozes que falavam ao mesmo tempo.

Antes de encontrar os olhos da mais nova, eu olho para Joel, que assente.

— Ahn.... é. — eu concordo sem delongas, e então os três pares de olhos na minha frente se arregalam.

— Mas mãe, que porra você tinha na cabeça? — Diego gralha, quase como se estivesse ofendido.

— Diego! — tento o repreender pelo uso de palavras, mas nem mesmo Joel se importou, porque de certa forma até ele ainda pensava assim. O garoto ainda me olhava como se esperasse uma resposta. — Eu.. não sei. Estava com saudade do seu pai, carente. Sei lá, já faz vinte anos isso.

— Gente, mas ninguém vai ligar para o fato que o papai foi um idiota com a mamãe? — a voz de Tiago impede que Diego comece um discurso.

Isso ofende Joel, mas me tira uma risada.

— Qual é Tiago, não faz sua mãe lembrar disso que se não eu vou ter que arrumar abrigo lá com o Zabdiel. — meu marido reclama, mesmo com um tom de brincadeira na voz, ele estava sendo sincero. Já que foi algo que eu fiz durante a minha primeira gravidez.

— Como se a tia Cecília fosse te deixar passar a noite lá, ela ainda está furiosa porque você e o tio Zab, o tio Chris, o tio Rich e o tio Erick, passaram a noite fora sem avisar. — Inês argumenta, antes de morder um pedaço do frango frito que enfeitava a mesa de jantar.

Eu a olho confusa.

— Quem te disse isso? — eu pergunto.

— Renata. — ela dá de ombros ainda com sua total atenção no frango. — Ela disse que a tia Ceci fica falando para o Gabriel passar recado para o tio Zab.

Eu gargalho. Enquanto Joel revirava os olhos.

— Achei incrível, deveria ter feito o mesmo. — eu bebo um gole da minha coca.

— Sophia!

— Pelo amor, Joel. Vocês sumiram na bodas de casamento deles, Cecília está certíssima.

— Família! — Tiago chama. — A gente pode focar por favor na parte que nossos pais passaram sete anos brigados fingindo que se odiavam?!

Eu suspiro, quase me arrependendo de ter contado tudo o que aconteceu para esses três. Eles nunca iriam esquecer essa história.

Joel suspira pesado, talvez pensando o mesmo que eu.

— Certo, uma coisa que vocês precisam entender, — ele começa, conseguindo ganhar a atenção dos três, coisa que era quase impossível. — tudo isso que eu e sua mãe contamos a vocês só mostra que tudo tem o seu tempo e que vocês nunca podem duvidar das coisas mais simples e nem mesmo agirem sobre suas próprias emoções.

— Pai, você basicamente admitiu que você foi um babaca e não deveria ter perdido tanto tempo enrolando. — Inês diz, usando o mesmo deboche que Joel sempre teve. Era péssimo tentar enfrentar essa garota, ela tinha todas as respostas na palma da língua.

Joel bufa, e me olha quase implorando para que eu continuasse.

Eu engulo o meu hambúrguer antes de dizer algo.

— É basicamente isso, Nena. — ela me olha. — Mas tudo isso é sério. — eu olho para os meus outros dois filhos que nos encaravam e tentavam processar as nossas últimas horas de conversa. — O que aconteceu entre mim e seu pai antes de estarmos aqui, nos ensinou muito, e pode ensinar a vocês também.

Sólo YoOnde histórias criam vida. Descubra agora