26 - Merecedor do meu ódio

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Joel Pimentel's Point Of View

Eu estava completamente sem reação, mesmo sentindo toda a minha fúria se espalhando pelos meus poros. Eu já sabia do que Pete era capaz de fazer, mas agora eu estava furioso pelo fato de que ele permitiu que Sophia descobrisse dessa maneira.

O idiota continuava parado no corredor, agora com os olhos fechados e os dedos apertanto a cesta de compra. A mulher que entendi a ser sua amente, continuava pálida e sem reação igualmente a mim.

Minha respiração profunda é o que faz Pete me olhar, e mesmo sem conhecê-lo, consegui ler em seus olhos um misto de raiva, orgulho e chateação. Eu não sabia que uma pessoa era capaz de sentir tudo isso ao mesmo tempo, mas estava nítido essas emoções para mim.

- Eu espero do fundo do meu coração, Petterson, - a minha voz quebra o silêncio e ele engole a seco. - que um dia você perceba o quão importante Sophia é, mas será tarde de mais, porque até lá, ela já estará junto a mim. - eu faço questão de manter a voz firme e isso o faz cerrar a mandíbula fortemente, mas eu não o dou oportunidade de responder, viro as costas para de volta do carrinho a minha frente.

Sabia que deveria me importar com a localização de Sophia, mas eu também sabia perfeitamente que no momento, o que ela mais precisava era o silêncio. E não querendo prolongar minha ausência, fiz questão de determinar que minhas compras estavam completas e me agilizei em paga-las.

Eu irei entender completamente o "sofrimento" de Sophia, por mais que ela meio que sempre soube que o cara é um babaca, acredito que ela não esperava que ele seria capaz de traí-la na sua frente. A realidade é que eu preciso estar do lado dela e por instantes fingir que não o odeio, mas coloca-la em primeiro lugar facilitará a situação.

Pelo pouco que ouvi de Cecília, eles brigavam regularmente e por praticamente tudo. Petterson era um babaca nato, daqueles que era capaz de persuadir Sosie para que ela desistisse de fazer inúmeras coisas e priva-lá de opiniões.

E quando eu dizia que minha melhor amiga tem um coração mole, quero ressaltar que por mais grossa e azeda que ela consiga ser, ela não sabe negar coisas e enfrentar situações difíceis - acho que a nossa caminhada até aqui mostrou bastante isso -, por isso ela acabou se envolvendo mais do que deveria com o babaca.

Certo, compras pagas, preciso achar minha melhor amiga.

Decidir guardar as sacolas por primeiro no carro, foi a minha melhor escolha, pois assim que me aproximei do veículo negro, encontrei a californiana sentada no chão apoiada no carro.

Ela não chorava, diferente de o que eu esperava, mas seus olhos úmidos, que me olharam rapidamente, davam indícios de que minutos atrás isso tinha acontecido.

Em silêncio, coloquei as sacolas no porta malas e assim que me certifiquei que todas elas estavam organizadas, me agachei em frente a garota que brincava com seus próprios dedos.

Eu não sabia o que falar, e ela apreciava o silêncio, então, eu fiz o mesmo. E para compensar os minutos gastos, percorro todos os seus detalhes faciais com meus olhos.

Sua feição continuava chateada e pensativa, seus cílios grudados em pequenos triângulos denunciavam que ela havia chorado. As bochechas coradas e a ponta do nariz levemente vermelho também. A respiração calma enganava suas emoções e seus olhos continuavam atentos aos seus dedos e então sua voz se faz presente.

- Eu.. a gente pode fazer igual quando a gente era criança? - os olhos castanhos se encontram com os meus de maneira lenta e, se não fosse pela atual situação, sedutora.

Tendo diversas respostas para a única pergunta em minha mente e sem saber qual era a mais correta, eu uno minhas sobrancelhas.

- Igual a quê?

Sólo YoOnde histórias criam vida. Descubra agora