5 - Reencontro

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Atualmente

Todas as vezes que eu olhava para Joel, o dia em que brigamos passava como um filme em minha mente. Repetidamente. Cada momento em que se repetia, eu me recordava de mais um detalhe que fora esquecido. Mesmo tendo acontecido a sete anos atrás, o sentimento para mim era tão vivo como se eu tivesse vivenciado aquilo a minutos atrás.

Eu praguejava nas minhas duas línguas. Queria colocar a culpa em Cecília por ter me convencido a vir nesse show, mas ela não merecia. Pois eu nunca tive coragem de contar a ela o que um dia havia acontecido comigo.

Joel aparentava estar em um universo paralelo, se perdendo em pensamentos e até mesmo se nas letras das canções. Eu não sei se era perceptível para todos, mas eu conseguia interpretar suas expressões tão facilmente quanto ler Harry Potter pela vigésima vez.

Cecília quase notou o meu choro, que fora a sete músicas atrás. Eu menti dizendo que um cisco caiu no meu olho e a loira somente riu dizendo que isso sempre acontecia com ela. Eu tentei rir, mas não fiz um bom trabalho. Abaixei a cabeça e sorri levemente.

Em determinado momento, os meninos se sentaram em banquinhos, anunciando que cantariam algumas canções mais calmas.

O loiro, que Cecília me apresentou como o seu peguete, foi quem anunciou a primeira música.

- CNCOwners, - ele diz. - vocês estão incríveis essa noite. - as fãs gritam. - Essa próxima canção, pessoalmente, é uma das minhas favoritas do nosso álbum "Primera Cita". - ele faz uma pausa sorrindo por conta dos gritos. - É uma musica que se esta noite, você tem uma pessoa especial para dizer "Hey, quero ser sua luz", esse é o momento!

Todos gritam, reconhecendo a música que começaria.

Foi inevitável não lembrar que até então, Joel era a minha luz. Era ele quem iluminava os meus dias quando eu precisava, quando eu me sentia sozinha. Quando de fato, eu estava no escuro. Então, fazer sete anos que não interagíamos, significava que fazia sete anos que eu estava no escuro.

Eu vejo que Joel pensou o mesmo que eu, pois ele lançou um olhar para mim e em seguida fechou seus olhos.

Eu não consegui acalmar meu coração. Tudo o que eu sentia por ele e que foi guardado a sete chaves durante todos esses anos, estavam voltando a cada verso em que os meninos cantavam.

Lágrimas escorriam aos poucos, cada vez que eu me lembrava mais e mais de momentos que para mim foram interpretados como segundas intenções. Quando eu dei o meu primeiro beijo com Jack Hodden no sexto ano enquanto brincávamos de verdade ou desafio, Joel ficou enfurecido, dizendo como desculpa que eu somente tinha onze anos e até os treze ele reclamava por nunca ter beijado ninguém. Eu implorava mentalmente para que ele pedisse que eu o beijasse, mas ele nunca havia feito.

Uma vez acampamos com a família de Joel, e tivemos que dormir na mesma barraca, amanhecemos abraçados na cama de casal e depois fomos zuados sobre isso.

Os momentos eram simples mas significantes, e sempre seriam eternizados na minha memória.

Joel não cantou solos, sua voz acompanhou os refrões, e em determinado momento, vi que ele também chorava. Isso só me mostrou que de certa forma, tudo o que ele sentia, estava intacto. Me surpreendia ver que mesmo após todo esse tempo eu continuo o vendo e conhecendo como o mesmo garoto de treze anos. E o melhor é que nem mesmo havíamos conversado!

Nos encarávamos. E ao mesmo tempo derramávamos nossas lágrimas. Eu tinha certeza que todas as fãs estavam confusas, mas ele não se importava. Joel quando chorava, se esquecia do mundo e somente se focava nos seus sentimentos. Céus, eu sentia tanta falta dele.

Sólo YoOnde histórias criam vida. Descubra agora