23 - Você poderia ter sido a modelo

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- E então, quais foram os acontecimentos mais importantes desde que eu fui embora? - eu questiono, antes de morder um pedaço da pizza de pepperoni.

A chuva seguia caindo lá fora, e pela primeira vez em sete anos, a tempestade que acontecia dentro de mim se juntou a verdadeira tempestade lá de fora, indo embora dos meus poros e deixando meu peito mais leve. O clima entre mim e Joel estava completamente agradável.

- Ahn... sei lá, um monte de coisa aconteceu. - ele dá de ombros e eu reviro os olhos pela sua falta de resposta.

- Pelo amor de Deus! Joel, você entrou para uma banda e agora está famoso, isso não é emocionante? - sugiro e assim vejo o garoto sorrir.

- É, isso foi uma das coisas. - ele ri e eu o jogo a bolinha feita de guardanapo nele, resultando em outra risada.

- Me conta como foi. - peço.

Joel continua rindo enquanto mastigava a sua pizza e ele só tornou a falar depois de ter tomado um gole do seu refrigerante.

- Foi logo depois que meu avô morreu. - ele começa e um sorriso tristonho surge em seus lábios, consegui ver seu esforço para que ele continuasse a falar. - O último pedido dele para mim fora para que eu me dedicasse ao canto, tentasse transmitir todo o amor pela música que eu tinha guardado para mim que foi ensinado por ele. E então eu tentei. - ele balançava o líquido da latinha, sem olhar para mim mas mantendo o sorriso nos lábios. - Pouco tempo depois dele falecer, eu me inscrevi para as audições do programa que tinha a intenção de criar uma nova banda latina. Em homenagem à meu avô, eu cantei a sua música favorita. - Joel ri nasalado movendo seu olhar para mim. - Foi horrível. - adiciona e eu não seguro um riso baixinho. - Felizmente me deram outra chance e quase a contragosto eu passei na audição. E então veio as outras etapas do programa e com a minha evolução, os fãs votaram para mim estar na banda, e aqui estou hoje no CNCO. - ele encolhe os ombros e eu sorrio orgulhosa.

- Abuelo deve estar orgulhoso de você. - eu estico a minha mão livre de gordura para tocar na sua, fazendo um carinho com o polegar para mostrar meu apoio.

O sorriso do garoto aumenta.

- Eu sei. - ele suspira. - Eu sinto falta dele.

O meu sorriso murcha, mas com os cantos dos lábios levemente erguidos eu sigo ereta. Não queria jogar o meu arrependimento de não ter passado os últimos anos do meu segundo pai em cima da sua saudade.

- Todos nós sentimos, ele era bom de mais. - é o meu consolo. Não tinha outra escolha de palavras para serem ditas.

- É. - Joel assente mas logo balança a cabeça para os lados freneticamente. - Mas vamos falar de coisas boas!

Meu sorriso volta a se alargar quando ele bate uma palma.

- Certo. Como anda seu relacionamento com aquela menina do vídeo? - a pergunta me escapa e um segundo depois eu vejo que havia falado besteira, mas difetente do que eu esperava, Joel gargalha.

- Que relacionamento, Sophia?! - ele continua rindo e eu franzo as sobrancelhas mordendo o primeiro pedaço da pizza de abacaxi.

- Ai ué, você estava quase comendo ela naquele vídeo. Eu imaginei que vocês estavam juntos. - eu dou de ombros falando de boca cheia.

As bochechas do garoto ficam extremamente vermelhas e isso me faz rir, ele balança a cabeça para os lados ainda envergonhado e para tentar se aliviar, ele arruma a touca cinza que cobria seus cachos.

- Menos, Sophia. - ele pede rindo embaraçoso. - E a gente não tá junto. Nós meio que somos aquela última opção um do outro. - explica e eu bebo mais do refrigerante para não sorrir.

Sólo YoOnde histórias criam vida. Descubra agora