35 - Mudança de setor

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Dois anos depois

Sophia Castillo's Point Of View

— Você tem certeza disso, Sophia? — a voz pacífica de Chad, meu agente, pergunta novamente pela incontável vez. Ele parecia bem decepcionado com a minha decisão.

— Já disse e repito; sim, Chad. Eu tenho. Eu quero sair da agência. — repito o discurso, não me arrependendo nem um pouco da minha decisão.

Eu vinha pensando nisso já fazia alguns meses, junto com Joel ele me ajudou a ver os prós e contras dessa decisão. Um contra era que eu perderia meu emprego, um pró era que eu finalmente poderia investir na minha paixão por fotografia.

Fora por isso eu entrara na agência, eu lembro exatamente de que ainda no México, eu havia decidido fazer um pequeno curso de fotografia, em um dos trabalhos, precisávamos posar para fotos. Meu agente me achou e bum, eu estava de volta aos Estados Unidos trabalhando em Nova York. Eu vivia essa vida de fotos e correria a cinco anos e nunca tinha sido o que eu planejara quando crescia.

Eu sempre gostei de tirar fotos, das pessoas que conhecia ou não, da paisagem, de objetos. Eu poderia passar um dia inteiro imersa numa câmera fotografia e nem veria o tempo passar.

Nesses últimos anos, como forma de superação, eu me aproximei novamente da fotografia, tendo Joel como meu maior modelo e inspiração. Eu gostava de quando eu registrava momentos espontâneos de quando ele cozinhava ou quando ele ria deitado comigo na cama. Os prédios vistos da sua parede de vidro, também serviam de inspiração, naquele lugar eu já havia testado os mais diferentes efeitos da fotografia.

Sentir essa emoção por esse até então hobby, me fez perceber que a modelagem não era o meu lugar. Posar para marcas como Gucci, Dolce Gabbana, Versace ou Channel não traziam a mesma felicidade que eu tinha quando pegava câmeras em minhas mãos. Eu não tinha a mesma energia que Cecília, que pulava de alegria sempre que um de seus desfiles terminava bem.

Agora era hora de focar em mim.

Chad em minha frente suspira derrotado, analisando minha feição determinada e então ele suspira. Para em seguida revirar uma de suas gavetas e encontrar alguns papéis grampeados, no qual ele me entrega.

Eu acabo sorrindo enquanto lia o fechamento do contrato, alegando que caso eu voltasse atrás, pagaria uma multa um tanto quanto alta. Mas eu nunca me arrependeria de assinar isso.

Eu rabisquei minha assinatura no final das folhas, apertando os lábios para segurar o sorriso. Chad só observava silencioso.

Quando eu lhe passo os papéis assinados, ele suspira mais uma vez.

— Nós todos sabemos que você no final se arrependerá, — ele diz, enquanto arrumava outros papéis espalhados pela sua mesa. O sorriso murcha dos meus lábios, dando lugar à uma careta em confusão. — quando isso acontecer e querer voltar para o seu trabalho, fique tranquila que eu diminuo o valor da multa para você. Sabe, a fotografia não tem lá os seus melhores salários. — e então ele sorri com ironia, visivelmente zombando da minha decisão.

— Eu não vou precisar voltar, Chad. — repito o uso de seu tom provocante, mantendo a feição consideravelmente nojenta. Já foram muitos anos aturando suas provocações e comentários ridículos. — Afinal das contas, eu só estarei em outro setor da agência.

Estreito meus olhos contendo um sorriso suavemente raivoso, assim sustentando seu olhar fumegante. Eu sabia bem qual tom usar para deixar Chad com raiva. Esse era o meu momento para descontar toda a raiva que eu passei enquanto trabalhava para ele.

Por mais que Chad, durante todos esses anos, sempre acreditou no meu potencial e me confiou os melhores trabalhos, nunca foi aquele agente amigo e confiável e mesmo tendo um bom lugar aqui, não era por isso que eu trabalharia até o fim dos tempos nessa agência completamente tóxica e cheia de problemas.

Sólo YoOnde histórias criam vida. Descubra agora