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Observava em silêncio, o que muito fazia nos últimos tempos, minha cunhada ninar um dos filhos que não queria dormir. Edgard era ao mais agitado e barulhento, apenas dormia no colo do pai que acaba de colocar Alois no berço e se aproximava da esposa para pega-lo.

Meu coração se derretia a cada vez que os via com as crianças, eram pais excepcionais. No entanto, como explicar o que eu estava sentindo, de que modo esconder a agitação constante dentro de mim. Kirsty era muito atenta, mas não tanto quanto meu irmão.

Desde crianças sempre cuidamos um do outro, entretanto nos últimos tempos ele é quem estava cuidando mais de mim. Seu zelo para com seus encantadores filhos e sua amada esposa, era meigo e me fazia pensar que talvez estivesse preocupada demais.

Minha mente sempre trabalhava muito. Nunca paro de pensar e pensar. Estou em constante mudança interior. Sobretudo, meu atormentado coração deixava-me inquieta desde o dia em que retornarmos.

Como explicar o que sentia se nem mesmo eu sabia o que era aqueles sentimentos. Uma mistura de incertezas, medos e um frio na barriga crescendo a cada instante.

Na realidade, eu estava com medo. Medo de mim mesma.

- Novamente perdida em pensamentos, Amy? - Kirsty disse, colocando uma mão em meu ombro e a outra na cintura. - Minhas costas estão me matando, não imagina como estão pesados e olha que eles só tem dois meses.

- Eu estou colaborando, querida, não estou? - Meu irmão balançando o corpo devagar, de um lado para o outro como um barco em alto mar, ninando Edgard que ficou em silêncio no instante que o pai o pegou.

- É claro que sim, Declan. Sem a da ajuda, da Amy e as vezes do Owen e Emogen, eu não sei o que faria. Ainda mais quando os meninos só param de chorar no seu colo. - Kirsty afirmou, suavemente.

- Pode ir deitar se quiser, minha cara. Eu o coloco do berço.

- Não, nem pensar. Quero ficar aqui com vocês, irei quando você for se deitar.

Eles, então, recordaram de minha presença esquecida perto das cômodas. Ambos deram um sorriso amarelo. Era inacreditável como eram semelhantes.

- Imagino que já fiz a minha parte, aqui, hoje. Posso ir para o meu quarto? - perguntei, em fim.

- Sim, passarei lá mais tarde para saber se está tudo bem. - avisou Declan e Kirsty concordou com a cabeça.

A proteção e preocupação, repentina, de meu irmão comigo vinha me incomodando ultimamente. Ele insistia em me dar boa noite como se fosse uma criança. Como se fosse a filha mais velha e estivesse preocupado de que não me sentisse, mais, amada após a chegada dos gêmeos.

E Kirsty, uma boa esposa e mãe, o seguia sem pestanejar e ainda me colocava para dormir e só saia do quarto - quando não estava muito cansado - depois que eu adormecesse.

Por isso, com pressa tratei de dar-lhes um beijo de boa noite sinalizando que não precisariam devolvê-lo mais tarde, e parti para o meu quarto olhando de soslaio pra trás para me certificar de que nenhum dos guardas, que desde que voltamos, ficaram responsáveis por me vigiar.

Não entendia, realmente não, todo esse cuidado comigo. Afinal, eu iria morrer ou alguém iria me sequestrar, e eu não havia sido informada? Até mesmo Emogen, aquela traidora, invadia meu quarto em certos momentos a noite - por meio das passagens - e alisava meu cabelo como uma mãe faria com seu filho doente.

Ao entrar no meu quarto, escuro e mal iluminado pela luz da lua cheia que se escondia atrás de nuvens escuras e do brilho das estrelas incontáveis do imenso céu sobre nós, tranquei a porta indo em direção a cama.

Intended - Destinados a partirOnde histórias criam vida. Descubra agora