Owen, realmente, estava encantado com seu celular. Ao chamá-lo para o café da manhã o encontrei com o aparelho em mãos.
Mas não fiquei tão espantada quanto o que me informou assim que se juntou a mim no balcão da cozinha.
- Porque não me disse que existia um quadrado de músicas dentro dele?
Quadrado? Música!
Comecei a rir.
- É o seu aplicativo, há vários aí e muitos outros que pode baixar, ele permite que salve as músicas que quiser. Também tem o YouTube para assistir vídeos.
- Interessante, fascinante.
- Você tem fones de ouvido, sabia?
A caixa de seu celular havia ficado do outro lado do banco onde a deixou ontem. Com a os dentes do garfo a puxei lançando-a numa repartida até atingir o prato dele.
- Fones de ouvido?
- Eles transmitem sons.
- Como?
- Conecte-os ao seu celular e ligue uma música, mas antes os coloque nos ouvidos.
- Aimee seja mais específica!
Revirando os olhos, embora amando o quando era me lembrança um garotinho curioso e eu a mulher que tinha as respostas para boa parte de suas perguntas, puxei a caixa de volta.
Os fones estavam presos por um arame branco. Sem dificuldades os desamarrei pedindo com a outra mão que me entregasse o celular. Ele o entregou relutante.
- Não vai explodir, fique tranquilo.
- Eu espero.
Conectado o fone procurei uma música. Owen já possuía até uma favorita! Sua pequena e recente lista mesmo contendo músicas do futuro, eram de fato músicas que ele ouviria.
- Pronto. Incline sua cabeça um pouco para frente pra que possa colocar os fones no seu ouvido. - pedi empurrando o celular para ele de volta.
Owen muito obediente inclinou a cabeça para frente espalmando as mãos abertas sobre o granito e o tórax impulsionando o corpo para mais perto. Fiz o mesmo segurando cada fone com uma mão.
Quando meu rosto ficou próximo do seu pude sentir sua respiração quente, o ar constantemente se moldando a quentura de seus olhos. Owen tinha lindos olhos cor de mel.
Desconcertada coloquei os fones em seu lugar, a música pausada. Nossos olhos se encontraram, seus lábios entreabertos queriam dizer algo, mas nada disse.
A sinfonia de nossas respirações mais a batida de meu coração ao pé do ouvido, formavam uma canção avassaladora.
Forte demais para que eu quisesse parar de ouvi-la. Há muitas semanas aquela música que só era tocada quando ficávamos perto como agora, não ouvia, não até aquele momento.
Onde, inconscientemente - pelo visto para ambos - nossos olhares trocaram a atenção dos olhos para os lábios de cada um.
E, com um sentimento estranho crescendo no peito e outro subindo por minhas costas atingindo meus dedos com raios frios e eletrizantes, percebi, amargurada - amedrontada - que eu o beijaria.
O pensamento de tal eloquência me fizera se afastar dele o quanto antes. Saber que ele também parecia - fisicamente e mentalmente - tomado o mesmo rumo de pensamentos, levantei da cadeira segurando meu prato esquecido com uma torrada comida pela metade.
- Clique no sinal de igual ao contrário e aproveite sua música. - falei, sem poder olhar para ele.
Desde que chegou, sua proximidade, o fato de estar juntos e, na maioria das vezes, sozinhos, despertara em mim sentimentos dos quais há anos eu fugia para não sentir outra vez.
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Intended - Destinados a partir
Roman d'amourHá pessoas que nasceram para ser celebridades outras para serem anônimas, e há as que nasceram no século errado. Aimee Munteanu já experimentou muitas coisas em sua curta existência, mas jamais imaginou que o seu lugar não fosse na Romênia e muito...