| 24 | Parte II

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Candesy me levou ao acordar para casa apenas me trocar rapidamente. Owen não falou comigo, ele estava sentado na poltrona ao lado da janela de seu quarto com um violão.

Owen estava compondo alguma música como costumava fazer antes do pai o proibir de pegar um violão novamente. Ele cantava algumas vezes, quando sentiasse especialmente inspirado.

A cena me prendeu por alguns minutos, ele não tirou os olhos do papel sobre a cama enquanto tocava algumas notas no violão que deveria ter pego no escritório da casa.

Seus olhos focavam distraídos na letra da música, as mãos firmes no violão. Sua voz. Ah, embora baixa como um sussurro, eu podia ouvir o suficiente para meus olhos se encherem de lágrimas.

O que ele estava tramando? O que havia escrito? Qual música ele cantava tão distraído que nem notou minha presença?

A curiosidade farfalhava em minha garganta para que o chamasse e perguntasse. Mas me afastei da porta.

Owen era um ótimo cantor. Os primos que o criaram incentivaram ele a aprimorar sua voz, o piano e o violão. Ele voltou de Londres diferente; mais educado, gentil, cavalheiro, encantador, fluente em inglês e com um italiano quase impecável.

Quem o olhasse diria que foi criado pela realeza, apesar de que fora quase isso.

O pai não o incentivou nem um pouco, por isso ele só cantava na minha presença e para mim. Eu me sentia especial quando o ouvia cantar, porque sabia que ninguém mais tinha aquela oportunidade.

Com os olhos marejados prestes a derramar uma cascata de lágrimas. Ele fez muitas coisas por mim. Eu precisava fazer algo por ele.

Precisava dizer que o amava tanto que palavras seriam poucas para descrever. Uma ideia me veio a mente.

Candesy parou atrás de mim impaciente.

— A não ser que vá dizer que também o ama é melhor irmos. — murmurou, em meu ouvido, olhando-o por sobre meu ombro.

— Tive uma ideia e precisarei de você.

Nós afastamos o bastante para que ele não nos ouvisse.

— Que ideia? Ah, vai pedir que escrevam nas nuvens que o ama?

— Seria perfeito se tivessem nuvens hoje.

— O que vai fazer?

— Preciso do relógio por algumas horas. E que você pare em uma relojoaria no caminho para a empresa.

— Do relógio? Aquele relógio?!

— Exatamente.

— O que está tramando?

— Vou pedir que gravem uma coisinha na tampa frontal dele

— Você vai pedir que gravem o que?

— No caminho eu falo.

— Quer que eu vá lá pedir o relógio, né?

— Você faria isso?

Intended - Destinados a partirOnde histórias criam vida. Descubra agora