Owen
Batia na porta pela segunda vez, o som alto de vozes no interior da casa azul com janelas de madeira branca indicava que alguém quebrou alguma coisa.
- Owen, entra aí! - Eron abriu a porta revelando a pequena confusão do lado de dentro.
Kristine fugia da mãe com uma parte quebrada de um vaso. Ao me ver a menina correu em minha direção escondendo-se entre minhas pernas.
Pelo sobretudo pendurada no porta-trecos na parede Aimee estava por perto.
- Tio Owen a mamãe quer me colocar de castigo. - confidenciou, a voz elevada por minutos de fuga.
Inclinando a costa peguei-a no colo, o pai deu um longo suspiro como se pensasse "até que enfim alguém a pegou" e fechou a porta.
A casa era arejada e muito clara, lembrava um espelho disparando luz para todos os lados. Enfeites de porcelana, quadros e outras coisas possuíam cores claras.
Sentia-me confortável em um lugar tão limpo, mas sem saber para onde olhar primeiro ou para onde não olhar quando Aimee surgiu de uma porta.
- Leve essa peste a sala de jantar, Owen antes que eu pegue ela! E, por favor, tire isso das mãos dela antes que se machuque. - Candesy pediu, espalmando o suéter.
Uma moça loira apareceu segurando uma pá e uma vassoura. Sem olhar para Aimee com medo do que iria ler em seus olhos, segui Eron em silêncio.
- Entregue o que está segurando para mim, por favor. - pedi, baixinho e educadamente em seu ouvido.
Kristine me olhou e sorriu um sorriso banguela. Ela era meiga, difícil, e doce. Uma criança muito encantadora, ficaria extremamente feliz se quando tivesse minha própria filha fosse como ela.
Entregou o pedaço de porcelana sem protestar. Eron esticou a mão para mim para pegar o objetivo, o entreguei a ele com cuidado pois deveria ter se tornado um objeto cortante.
- A Amy estava colocando a mesa quando você chegou, acho que ela e Candy vão servir o jantar daqui a pouco. - Eron comentou dando passagem para mim ao chegar em um curto corredor.
A sala de jantar era pequena, uma mesa com o tampo de vidro ficava ao meio e ao todo oito cadeiras a cercavam. Não consegui deixar de reparar que faltava uma cadeira na cabeceira, talvez no futuro não se importassem tanto com isso ou, olhei para Kristine, a filha tivesse a quebrado também.
- Fique a vontade.
Candesy bolara um pequeno plano mais cedo, eu deveria me sentar ao lado de Aimee de um jeito ou de outro. Mesmo que precisasse sumir com duas cadeiras extras.
- Mamãe me disse que você ia sentar aqui. - Kristine falou, baixinho, indicando com o dedo pequeno a cadeira terceira cadeira do lado esquerda as de costas para nós.
- Logo que ela disse isso, devo faze-lo, não acha? Você deveria parar de desobedecer a sua mãe ou ainda levará uma surra. - avisei, num sussurro.
Kristine fiz um biquinho como se fosse um peixinho, não pude deixar de rir. Declan era um homem de sorte, construiu sua família e era completo, finalmente.
Eu, por outro lado, não sabia para que lado ir ou qual passo dar a seguir, sentia-me em um campo minado sem poder dar um passo em falso sem antes ser explodido.
A guerra me marcou, deixou cicatrizes terríveis em mim muito embora fossem mais visíveis no meu exterior. Por outro lado enquanto via vidas sendo destruídas e o som de explosões e tiros, que muito me atormentou nas noites antes que tudo chegasse ao fim, não existia alguém em minha casa esperando que eu voltasse.
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Intended - Destinados a partir
RomanceHá pessoas que nasceram para ser celebridades outras para serem anônimas, e há as que nasceram no século errado. Aimee Munteanu já experimentou muitas coisas em sua curta existência, mas jamais imaginou que o seu lugar não fosse na Romênia e muito...