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Owen

Quando aquelas portas da onde Declan saiu no dia em que iria conhecer a mulher de sua vida; Kirsty Welsn, se abriram para nos receber meu corpo ficou arrepiado.

Bem a minha frente, somente a poucos metros de distância, sua esposa me encarava de volta com piedade, com carinho, com medo e um leve e suave brilho de esperança.

O par de jades mais verdes e vividos que já vi, convidaram-me a entrar e sentar no lugar que sua mão indicava com muita gentileza seguida de um sorriso educado.

Diferente da mulher totalmente estranha e, ao meu ver, selvagem e indomável, parecia muito calma e dócil. Permanecia a mesma Kirsty, no entanto, algo em seu olhar e nos gestos de seu corpo havia mudado, havia se adaptado; como se tivesse encontrado o seu habitat.

— O silêncio não faz parte de seu vocabulário, tão pouco de sua personalidade, Sesh. — observou Emogen, que estava sentado no sofá de veludo com as pernas cruzadas.

Ao sentar do seu lado afastei o corpo disfarçadamente para alguns centímetros de distância. Ela deu uma risadinha de pessoa idosa com sabedoria e ar de ironia.

— Querida. — Declan, quem eu havia esquecido totalmente, sinalizou com o queixo para que a esposa se sentasse primeiro.

Ela o fez com elegância e um sorrisinho quando o marido se juntou a si e colocou a mão em sua coxa esquerda. Ambos estavam de frente para mim e Emogen.

— Que estranha sensação de que o assunto é ultra secreto, senão, importante. Logo que só vejo todos reunidos em casos de suma importância. — comentei, encolhido.

Talvez, intimidado.

Porque de uma coisa sabia com mais certeza do que qualquer uma que já tive um dia, além de meu amor por Aimee, o único por fora do assunto era eu.

E numa boa guerra não estar informado ou compartilhar de informações importantes e atualizadas, era pisar em campo minado e explodir em mil pedaços.

— Você está quase arrancando o braço do sofá, se acalme Owen nós não iremos devora-lo ou mandá-lo para um sacrifício. — Kirty zombou, as próprias mãos acariciando e emaranhado-se as do marido.

— Não é o que está parecendo. — resmunguei, os ombros relaxando muito levemente, pois todo meu corpo permanecia em alerta preparado caso um sinal de fuga fosse ecoar a qualquer momento.

— Conhecendo-o sei bem que enrolar e explicar não irá o conversar, nem ao menos se dará ao trabalho de escutar e tentar entender. Assim é melhor que veja com seus próprios olhos a prova de que não somos loucos. — Declan falou, finalmente, estendendo um diário familiar em minha direção.

Me lembrava do objeto. O diário de guerra dele e o mesmo que... Que estranhamente sua esposa trazia consigo naquela noite no bosque e em todos os outros dias como naquele em que Mitchell Lazar havia a sequestrado.

As mãos tremendo e os ombros tensos, estiquei os braços e peguei o diário mais pesado do que eu me lembrava — no dia em que fomos ao castelo do terceiro príncipe eu o devolvi a ela.

— E o que isso pode me revelar de tão especial?

Os três riram.

— Estranhamente e, quem sabe, uma mera coincidência de circunstância e acaso, Emogen e eu descobrimos a verdade por meio dele assim como Kirsty. Ele a trouxe aqui como também a levou. — Declan respondeu, o maxilar trincando com alguma lembrança incomoda.

Trouxe e a levou? Simples assim tanto quanto dizer "fui de trem e voltei andando".

— Você não havia enterrado ele dois dias depois que os gêmeos nasceram? Ah, eu o acompanhei ainda e nós o enterramos bem longe daqui, se me lembro no cemitério; no túmulo de seus pais. Você disse que estaria protegido ali e quando questionei qual o motivo de fazer aquilo me respondeu "para  proteger os que amo".

Intended - Destinados a partirOnde histórias criam vida. Descubra agora