Os raios de sol insistiam em me atordoar com uma claridade excessiva nas pálpebras, virei-me para o lado oposto a eles, o calor da manhã era estressante - iluminado e quente demais.
A noite anterior me veio a memoria, der repente, abri os olhos encontrando o teto da cama de dossel. É, naturalmente, ele havia me carregado. Não pude conter o sorrisinho de vitoria, apesar de que muitas partes do meu corpo doíam e ardiam como feridas recentes.
Um outro detalhe destes encontros no telhado, eu sempre acordava com alguma parte machucada ou, no minimo, ralada. Owen tinha um defeito, não era tão forte assim quando se tratava de carregar alguém por muito tempo, por isso eu também o apelidei de cavalheiro.
Por que os cavalheiros levam as damas em seus cavalos ou sobre o ombro, jamais as carregam por longos percursos, são um pouco mimados como em todos os contos de fadas.
O cavalheiro sempre era um príncipe, raramente um camponês, naquele caso, Owen - milagrosamente - era um camponês. Que dava o seu melhor para não nos matar na passagem estreita. Ao menos me carregava até o meu quarto sem jamais me deixar dormir no telhado.
Ele era um homem forte em muitos aspectos, confesso, e um cavalheiro que gostava de fazer boas ações e, raramente, descumpria com a ética e moral.
Owen Sesh era educado, cortes e um homem de princípios, no fim, era bom ser sua melhor amiga. Podia contar, constantemente, com seu cavalheirismo e coração mole.
Agora a realidade, a casa estava silenciosa demais para um ambiente com dois bebes e pais corujas. Em alerta sai da cama andando calmamente até o banheiro, precisava de um banho frio e um belo vestido verde que fora, suspeitosamente, escolhido por minha cunhado - como todos os outros no guarda-roupa.
É, até mesmo esses tipos de coisas estavam foram do meu controle, eu sempre dependia de alguém. Era hora de ser mais independente e menos dependente.
Afinal, deveria existir um jeito de viver minha vida por conta própria, ter o meu próprio dinheiro e, quem sabe, entrar na faculdade.
Acho que teria uma longa conversa com meu irmão, se ele não me expulsasse do escritório antes disso.
***
A cor verde combinava comigo, apesar de não ser minha cor favorita. Eu gostava da cor vinho, ela caia bem com muitas outras cores. Mas bem, o verde ficava muito melhor em mim.
Talvez fosse pela minha pele ou pela cor dos meus cabelos, verde fazia parte de 70% das minhas roupas - em vários tons e diversos modelos -, minha cunhada sabia se vestir adequadamente e com elegância.
Kirsty me ensinou muitas coisas, dentre elas, a escolher minhas roupas e me maquiar. E ter ambição em ser alguém. Era uma Munteanu, no entanto, era apenas isso.
Não tinha um trabalho ou meu próprio carro e dinheiro. Minha cunhada teve até mesmo sua própria casa. Eu não tinha amigas ou conhecidas com quem conversar. A solidão tornou-se minha companheiro por muitos anos, agora estava na horas de dizer-lhe adeus.
Queria ter amigas; ter meu dinheiro; minha casa; meu carro; minha vida. Meu irmão, antes, me veria como uma bicho de sete cabeças apenas ao mencionar "autonomia", mas hoje ao casar com uma mulher do futuro, seu conceito muito bastante.
E as mulheres não eram mais obrigadas a viveram trancafiada dentro de casa e dependerem de terceiros. Poderia usar isso; do futuro que se aproxima e está acontecendo, para, então, encontrar e construir o meu futuro.
Ao chegar na sala de estar me deparei com todos eles comendo biscoitos - claramente, para não trocarem palavras. Pela expressão conturbada e incrédula de Owen que sempre parecia estar desconfiado, meu irmão tentava fugir de uma possível conversa a todo custa.
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Intended - Destinados a partir
RomansaHá pessoas que nasceram para ser celebridades outras para serem anônimas, e há as que nasceram no século errado. Aimee Munteanu já experimentou muitas coisas em sua curta existência, mas jamais imaginou que o seu lugar não fosse na Romênia e muito...