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Owen

Despertei sentindo-me incomodado, um pouco, quem sabe, fervilhando demais. O céu nublado, mas claro, anunciava o novo dia.

Pelo som que vinha do lado de fora e atingia a janela deveria estar chovendo. Meu coração parecia mais pesado aquela manhã, meu corpo mais quente.

— Ahh. — Alguém se despreguiçou ao meu lado jogando virando repentinamente e revelando que eu estava abraçado a ela.

A lembrança da noite anterior veio a mente. Aimee... Era Aimee! Jamais, em nenhuma circunstância, eu permitia que acordassemos juntos, pois fugia antes de o sol nascer. Por força do hábito minhas pernas estavam se preparam para escapar.

Mas... Oras, lá estava eu ao seu lado e o sol há muito tempo já nascera, ao menos em algum momento ele deveria ter nascido, não que a tempestade fosse permitir.

Eu pensei, imaginei e sonhei diversas e incontáveis vezes com aquela cena. E nunca consegui acreditar que algum dia pudesse acontecer, fosse por eu perder às horas ou ela se agarrar a mim a ponto de não conseguir nos separar sem acorda-la.

Aconteceu e não foi nada como previ. Era melhor, porque ela sabia que eu estava ao seu lado o que me pouparia de dar explicações ou sair correndo.

Poderia apenas aproveitar aqueles minutos ao seu lado, sentindo a brisa da manhã trazida pela refrescante chuva de inverno. Me permiti fechar os olhos, respirar profundamente, ama-la ainda mais e mais.

Até... Até sentir que alguém me observa. Meu coração deu um salto alto demais, engasguei. O que diria? O que aconteceria conosco depois dessa manhã?

Eu não conseguia olhar para ela, conseguiria agora?

— Owen, você está bem, eu acordei você? — perguntou, preocupada.

Porque precisava ficar com o resto tão perto do meu?! Levantei a mão esquerda para nos separar e com a outra cobri a boca.

Realmente não foi nada do meu imaginei.

— Estou bem, não se preocupe.

— Seria um resfriado? Você pegou chuva ontem.

— Pode ser.

Ela me olhava, arregalei os olhos direcionado meu campo de visão para qualquer lugar que não fosse seu rosto após acordar — era ainda mais bela.

— E-eu vou... Vou para o meu quarto tomar um banho e depois a encontro na cozinha.

— Certo.

Então, inesperadamente, ela me deu um beijo na bochecha. O mundo ficou silencioso e somente o som de seus lábios contra minha pele foi o que ouvi. Até ela se afastar indo na direção do banheiro.

— Bom dia, Owen. — desejou, fechando a porta.

Sem esperar mais nenhum segundo dentro daquele quarto, naquela cama, no mesmo espaço que ela, lancei a coberta para o seu lado da cama e sai o mais rápido possível.

Do lado de fora encostei a cabeça na parede, uma mão apoiada nela e a outra no peito onde meu coração batia enlouquecidamente numa adrenalina desenfreada, deixei o ar voltar aos meus pulmões.

De tudo que esperei nada saiu como imaginado, somente uma coisa ou, no caso, uma reação: eu perderia o ar quando acontecesse e aconteceu.

Aimee roubou meu fôlego por alguns breves, mas insuportáveis, minutos. Praticamente tive que arrastar meus pés para dentro do meu quarto antes que ela me encontrasse prestes a desmaiar.

Intended - Destinados a partirOnde histórias criam vida. Descubra agora