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Minha cabeça girava e girava tanto quanto meu próprio e atordoado estômago. Um pouco nauseada e levemente zonza como uma pessoa embriagada.

Apoiei as mãos ao lado do corpo e me virei para sentar. Maldição! Tombei para o lado e ali fiquei encarando as altas paredes ao meu redor.

Fumaça escapava por uma chaminé redonda de metal encardido. O lugar e a ocasião eram familiares, mas o cheiro e o frescor eram totalmente diferentes da última vez.

Novamente tentei ficar de pé, desta vez consegui mesmo tendo que me segurar numa barra de ferro presa a parede. Meus olhos percorreram os sacos de lixos organizados e os gatos subindo neles e até dormindo sobre eles.

Logo a frente em muito poucos passos de onde eu estava, a rua agitada por pessoas tagarelas e veículos brilhantes acalentou meu coração. Oh, eu havia voltado ao futuro!

Dando passos mancos até a calçada agitada me vi em desespero. Tudo havia ficado para trás; Declan e sua família, Emogen e Owen. Minha vida a qual estava acostumada e habituada, ficara no século vinte.

Lágrimas brotavam de meus olhos enquanto observava cada pessoa, cada prédio, cada detalhe do futuro que não saia de minhas lembranças e agora começava a me assustar, senão assombrar.

Cambaleei tentando voltar para perto dos lixos no beco do restaurante. Alguém tocou meu ombro, raios eletrizantes percorreram meu corpo.

Eu não conhecia ninguém, deveria fugir. Só podia ser um sonho, não era real. O futuro não era real. Eu teria dormido enquanto escrevia a carta?

Virei-me por reflexo e quase caí se joelhos quando o alívio me abraçou — literalmente.

— Aimee?!

Comecei a chorar compulsivamente. Sabia aonde havia ido parar, eu estava em Roma.

— Aimee...

— Ah, Candesy estou tão desorientada e com medo. Eu... É um sonho?

Ela acariciou meus cabelos.

— O que faz aqui?

— Poderíamos ir para outro lugar?

— Sim, claro.

Candy me conduziu até o seu carro parado dois carros a frente dos que estavam estacionados perto do beco. Abriu a porta do banco do passageiro da frente e sinalizou com a cabeça para qu eu entrasse.

— Agora você vai me contar tudinho!

Ja dentro do carro e com ele em movimento, decidi contar de uma vez o que me sufocava.

— Eu sou a alma trocada com a da Kirsty.

— O quê!?

Candesy afundou o pé no freio com os olhos arregalados concentrados em mim. O impacto com o veículo da frente nos fez olhar para o homem que vinha a todo vapor em direção a sua janela do carro.

Candesy saiu do carro deixando-o ligado.

— Você é louca?! — gritou o homem em italiano.

— Vá se ferrar! — gritou ela de volta, entrando no carro e contornando-o o dele.

— Você não vai ter problemas?

— Tenho problemas maiores agora do que um luz quebrada ou para-choque amassado.

— Desculpe, eu não sabia que ia ser tão surpreendente assim. É eu acho que esperava que fosse, mas não tanto.

— Aimee acho melhor você abrir a sua boca para contar o resto dessa história toda quando chegarmos em casa, ou vamos acabar sofrendo um acidente.

Intended - Destinados a partirOnde histórias criam vida. Descubra agora