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Pela primeira vez em anos eu me via sozinha numa enorme casa. Não havia funcionários ou Emogen. Somente eu na companhia da televisão. Até Candesy chegar com sua família.

O marido desconfiado me encarando ao nós vermos depois de tanto tempo. Sorri, o melhor sorriso de "estou de volta, desculpe pelo transtorno".

— Olá, Aimee. — cumprimentou, educadamente.

As jubas loiras mexendo ao estender a mão e apertar a minha amistosamente. Meus pelos arrepiaram até a nuca. Ele não era amigável.

Eron não era personificação de "amistoso", porque dentre todas as pessoas que conheci ele era a única que falava o que vinha na mente sem nem ao menos pensar antes de dizer.

Aquele homem era impiedoso.

O olhei com cautela esperando que alguma coisa ruim saísse dele e  fosse lançada até mim. Minhas pernas fraquejaram um pouco. O que ele estava tramando?

— Sabe Amy, Eron e eu estávamos conversando umas horas atrás, depois dele chegar do trabalho, se...

— Já que voltou para nós atormentar, pensamos que poderia ficar com a Kristine hoje para podermos ir jantar fora. — disse, interrompendo a esposa que ficou vermelha.

Ótimo. Eu pensei que ele iria querer se aprofundar mais sobre o assunto do meu retornou, mas... Oh, ótimo.

Soltei um suspiro de alívio.

— Claro! Claro que posso cuidar dela para vocês.

— Ahh, que maravilha. Eu disse que diferente de Kirsty a cunhada era mais legalzinha — exclamou segurando a mão da filha que já conseguia andar sozinha.

Disse algumas coisas em italiano para a garotinha que sorria como se o pai tivesse lhe dado o mapa para o final do arco-íris. Fiquei curiosa.

— Ele só está dizendo para ela não se preocupar porque voltaremos para pegá-la mais tarde. — traduziu Candy. — Obrigada. — sussurrou em meu ouvido ao me abraçar.

— Kristine vamos assistir alguma coisa na televisão? — sugeri.

— Sim.

Ela saiu saltitando sobre nossos olhares encantados com a pequenina criaturinha de cabelos claros e vestido perolado com um unicórnio de pelúcia nas mãos, até o sofá.

— Bem, nós vamos indo. — Candy me deu mais um abraço, enquanto o marido apenas acenou com a cabeça ainda olhando para a filha.

— Não dê doces a ela ou vai pular mais que uma pulga. — advertiu, os olhos der repente focados no meu. Um pai preocupado... Um olhar como o de Declan ao falar sobre os filhos. Senti meu coração encolher ao segurar o ar. — Qualquer coisa nos ligue.

— Está bem.  — assenti os seguindo com o olhar até entrarem no carro e sumirem na rua iluminada apenas pelos postes.

Pelo céu sem estrelas iria chover em breve. Kristine tinha medo de trovões? pensei fechando a porta atrás de mim cuidadosamente.

— O que está assistindo?

— As super poderosas.

Sua voz doce e infantil aqueceu meu coração. Era bom ter uma companhia como a dela ainda mais naquela noite em que, provavelmente, iria chover.

— Sua mãe pagou as contas da casa, isso é bom, mesmo que eu tenha que pagar tudo depois para ela com meu primeiro salário, já que podemos assistir televisão, não é? — comentei indo me sentar do outro lado do sofá.

— Posso sentar do seu lado? — perguntou, em inglês, as palavras quase saindo perfeitamente como se já soubesse ler.

— Sim, pode.

Intended - Destinados a partirOnde histórias criam vida. Descubra agora