Owen
Minha cabeça lateja muito mais do que quando escutei o barulho de canhões disparando pela primeira vez.
Pela maneira em que meu corpo tremia levemente como um fio cortado disparando descargas elétricas para outro, abri os olhos.
Somente uma pessoa me causa aquilo. Somente ela conseguia fazer meu corpo reagir a sua presença de tal maneira, mesmo que estivesse dois metros de distância, só ela.
Diante de mim estava Aimee. Meu coração saltou eufórico, queria dizer tantas coisas... Queria beija-la. Mas o que fiz foi puxa-la para mim.
Jamais consegui aproxima-la de mim de tal modo, apenas no dia em que fomos buscá-la no castelo de Mitchell Lazar. Não tinha forças para solta-la, para sentir ela se afastar de mim mais uma vez.
Queria chorar. Isso era engraçado, pois ninguém me via chorando e quando estava com ela não me importava se chorava ou fazia coisas engraçadas, podia ser livre.
Então ela puxou a mão. Me encolhi esperando o que viria a seguir: o vazio. O buraco profundo que ela causava em mim cada vez que se afastava do meu alcance.
— Se não me soltar vou empurrar você dessa cama.
Quase dei uma gargalhada se não fosse o peso de seu corpo sobre o meu, certamente teria rido contra seu pescoço perfumado.
— Essa é minha Aimee.
A soltei sentido como se estivesse soltando a corda que me impedia de cair no mar. Me lembrei com pesar, o peito doendo, de uma manhã no mar — em minha viajem mais recente — da forte tempestade que nos atingiu na volta para casa.
Tudo o que eu queria era chegar em Brasov e encontrar ela. Declan não respondia a minhas cartas, o medo e a curiosidade farfalhando dentro de mim a cada noite antes de dormir.
A chuva caindo tão forte a ponte de rasgar uma das cortinas da cabine dos passageiros. Saia de meu quarto para ajudar, mas a chuva forte que balançava meu sobretudo, me lançou conta a parede externa do navio.
E, por míseros segundos, se não tivesse segurado a corta que voou em minha direção no meio do caos de chuva, gritos, o som de vários passos, teria sido lançado ao mãe. Se por um único instante tivesse soltado a corda hoje deveria estar no fundo do mar.
— Onde estamos? — perguntei, virando o rosto para o outro lado na tentativa de esconder as lágrimas que se formavam.
— No hospital você desmaiou na rua. — respondeu, indiferente. — Candy encontrou você a tempo.
Virei o rosto.
— Candy?
— A irmã da Kirsty.
Como se aquilo fosse óbvio! A recordação do ocorrido golpeou-me com uma pancada no estômago. Eu ia vomitar.
Fechei a boca. Não, não, não! O estômago revirando e revirando.
— Agh! — grunhi, entre dentes.
Não ia vomitar, não na frente dela.
— Como você me encontrou?
— Na verdade foi a Candesy que encontrou você, ela e o marido. Eles trouxeram você para cá.
— A irmã da sra. Munteanu está viva?
— Sim.
— Onde exatamente estamos, Aimee?
Seus olhos azuis ficaram brilhantes, não de animação, de espanto. Algo lhe atingiu internamente.
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Intended - Destinados a partir
RomanceHá pessoas que nasceram para ser celebridades outras para serem anônimas, e há as que nasceram no século errado. Aimee Munteanu já experimentou muitas coisas em sua curta existência, mas jamais imaginou que o seu lugar não fosse na Romênia e muito...