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Minha felicidade não cabia no peito, não conseguia definir uma palavra correta para o que estava sentindo. Apenas que Owen havia me dado o relógio de seu pai, seu bem mais querido.

Enquanto enrolava a corrente fina do relógio de bolso para me juntar a eles no corredor, não compreendi porque o rélogio havia me deixado tão feliz, quando eu deveria estar explodindo em milhões de pedaços pelo segredo que Declan e Kirsty esconderam de mim.

Mas, oras, Owen era meu divisor de águas, ele sempre me trazia alegria, ou ao menos, calma.

- Fiquei preocupada quando a vi chorando, após Owen ir encontra-la não demorei muito para também faze-lo, e como de costume, vocês haviam escapado. - comentou Emogen, me observando guardar o relógio no decote do vestido - eu não possui bolsos naqueles momento.

Era evidente a preocupação em seus olhos.

- Algum problema, Emogen?

- Seu irmão me disse para jamais perder você de vista e em um piscar de olhos, uma distração, você sumiu.

Ah, claro, Declan havia mandado que não largasse do seu pé para que caso fosse puxada para o futuro por algum milagre, Emogen a puxasse de volta. Grande ideia! Imbecil.

- Porque não ficam e jantamos juntos? - sugeriu Owen, claramente constrangido por terem sido pegos bebendo no telhado.

E, é verdade, Emogen estava tão preocupada de ela sumir der repente que nem reparara nas taças e na garra de vinho que Owen já acaba de devolver a adega.

- Você por acaso tem mantimentos na dispensa? - Emogen perguntou tentando dar o seu melhor sorriso de "não deixe evidente demais que estava enlouquecendo de medo de ela ter desaparecido".

Emogen também sabia, não sabia?

Olhei-a de canto de olho, aborrecida.

Claro que sabia.

- Posso passar boa parte do dia e até mesmo o dia todo na mansão, mas aqui é a minha casa e eu constantemente venho para cá. Então, sim, há comida.

- Que ótimo. - exclamei.

A última coisa que queria era retornar para a mansão, não muito cedo. Até meu coração parar de doer e minha mente para de sussurrar "esgane Declan, esgane ele e depois o esprema como limão até conseguir arrancar todas as informações que precisa sobre si mesma".

- Minha mãe me ensinou a fazer Ciorba de Perisoare, eu geralmente como isso quando estou sozinho.

Sopa de almondegas, nada mal... Melhor do que um jantar ao lado do meu irmão naquele momento.

- Você tem pão, ao menos algo para acompanhar a sopa? - questionou Emogen começando a descer as escadas em direção a cozinha que se localizada na primeira porta de um pequeno corredor, no andar de baixo, composto pela própria cozinha e uma despensa.

- Sim tem, ele está ao lado das maçãs.

Owen também desceu as escadas e eu fiquei sozinha por alguns segundos antes de descer atrás dele. Como a cozinha não era o meu lugar favorito, ao invés de os seguir para a dispensa, me sentei no sofá na sala.

A sala de jantar ficava na porta rustica alguns metros atrás do sofá da esquerda e era espaçosa e vitoriana, com um leve toque medieval.

Aquela casa tinha personalidade.

- Aimee prepare a mesa, por favor. - pediu Owen, sorrindo gentilmente para mim.

Ele não olhou em meu olhos e não foi porque estava distraído com a cesta de pães ou com as coisas que Emogen carregava nos braços da dispensa para a cozinha. Às vezes Owen ficava estranho de uma hora para outra.

Intended - Destinados a partirOnde histórias criam vida. Descubra agora