Elisa acordou sozinha no quarto de Clarissa, encontrou apenas um bilhete dela dizendo que estaria com Lucas e que lhe encontraria quando pudesse. Suspirou, contendo a frustração. Será que isso era comum entre elas? A troca de bilhetes?
A letra de Clarissa era elegante, e pelo tanto que ela parecia gostar de escrever, julgando pela escrivaninha cheia de papéis, talvez trocassem cartas ou bilhetes com certa frequência. Odiava não se lembrar de como era sua convivência com ela, de como costumavam ser.
Havia algo magnético que lhe puxava para Clarissa, tudo nela gritava segurança e conforto.
Se levantou, arrumando os lençóis antes de sair do quarto. Deu uma última olhada no ambiente familiar e cheio de livros, confortável o suficiente para passar horas ali. Definitivamente era perfeito para Clarissa, pensou.
Fechou a porta atrás de si, desamassando as roupas. Estava sóbria o suficiente agora, se sentindo extremamente vazia com o silêncio e a solidão, desejando que Clarissa estivesse ali quando acordasse.
Seguiu pelo lugar silencioso, nem mesmo seus passos ecoavam no piso de mármore frio. Estava quase saindo do corredor quando viu Kenan e Lena andando apressados em sua direção, ambos transformando-se em dois borrões dourados e luminosos no meio de todo o branco.
Mesmo que Lena não fosse mais uma querubim, ainda podia ver certos lapsos de dourado ao seu redor, quando ela estava irritada ou preocupada.
— Você está bem? Onde está Clarissa? — perguntou ela, com Kenan parando ao seu lado. Ambos tinham um ar de urgência inegável, o que preocupou Elisa e a fez parar imediatamente.
— Ela disse que estaria com Lucas — respondeu, franzindo as sobrancelhas. Eles estavam lhe assustando, milhares de perguntas se formavam em sua mente e ficou imaginando se Clarissa estaria bem. — Vocês parecem preocupados — comentou, sem conseguir amenizar o tom assustado. Kenan ignorou seus olhos ansiosos.
— Você sabe onde Asmodeus está? — indagou, o que fez Elisa negar com a cabeça em um gesto impaciente.
— Não sou babá dele — retrucou, quase certa de que eram eles que deveriam saber onde ele estava. Por que diabos eles não diziam logo o que havia acontecido?
— Fomos convocados pelo Conclave e, aparentemente, ele não é o único lorde infernal nesta dimensão — disse Lena, e Elisa estremeceu. Algo dizia que o segundo lorde infernal não seria tão amigável quanto Asmodeus.
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— Você pode roubar a aparência de um querubim, mas não sua energia — disse Lucas, ao pressionar a adaga contra o pescoço da garota. Quando os olhos castanhos se tornaram dourados, soube que aquela não era Lena. — Quem é você? — Luz vazava do pequeno corte no pescoço para a lâmina prateada, pintando-a de dourado. Clarissa estava paralisada, tanto por medo quanto por confusão.
Em um piscar de olhos, a aparência de Lena se desfigurou totalmente, tornando-se luz pura. Era uma silhueta de luz dourada incandescente, como as que vira no salão antes de cair no portal demoníaco. Alguns segundos depois, Lucas estava segurando ar, a querubim havia desaparecido mais rápido do que podiam reagir.
O garoto suspirou pesadamente, frustrado, e se voltou para Clarissa.
— Você está bem? — perguntou, e a loira assentiu. Havia apenas uma porta no final corredor e eles olharam para lá, em dúvida. — Não estou com a menor vontade de saber o que a doppelgänger de Lena queria, e você? — Clarissa riu baixo e olhou para a porta fechada, imaginando o que ou quem estaria lhes esperando ali. Fez um gesto negativo com a cabeça, sentindo-se ainda mais acuada e amedrontada.
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Delírio | Criaturas Celestiais
Fantasy•Criaturas Celestiais | Livro Um• "Garotas mortas ainda podem amar." Muitos consideram a morte como um descanso, um fim tranquilo depois de uma vida agitada, mas a morte foi apenas o começo das complicações para Clarissa. Quando Clarissa Byers...