As palavras dos integrantes da Conclave ainda giravam em sua mente, martelando como um zumbido insistente quando saiu do salão com Elisa.
— Que significava tudo aquilo? É um tipo de discurso padrão para assustar novatos? — perguntou Clarissa, quando haviam se afastado o suficiente do salão e Elisa sorriu, balançando a cabeça de forma negativa e fazendo os cabelos ruivos reluzirem.
— Eles são como um oráculo, sabem da sua jornada e o que você enfrentará, então eu diria que aquele discurso foi personalizado para você — explicou ela, fazendo Clarissa se calar quando os pensamentos giraram rápido demais ao tentar interpretar aquelas palavras.
Amor e ódio podem te destruir na mesma intensidade.
A dor é um sentimento sublime.
O que diabos aquilo queria dizer? O que é que lhe revelava sobre seu futuro? Deixou que Elisa lhe guiasse pelo corredor e estava imersa nas perguntas que lhe rodeavam a mente. Tinha vontade de voltar para aquele grande salão e despejar todos os questionamentos em sua mente para que a Conclave lhe respondesse.
— Para onde estamos indo? — perguntou, quando percebeu que seguiram reto pelas escadarias de mármore e não desceram os degraus em direção ao quarto de Elisa.
— Seu quarto — disse a ruiva, fazendo Clarissa parar por um segundo, as sobrancelhas levantadas em surpresa.
— Eu tenho um quarto? — indagou, voltando a andar pelos luxuosos corredores de mármore e acelerando o passo para acompanhar Elisa. Seus passos ecoavam ao seguir em frente, o vestido branco ondulava ao seu redor e esvoaçava de forma fantasmagórica enquanto reparava nas portas fechadas em que passavam.
— Claro que tem — riu Elisa, quando adentraram um corredor decorado com vasos elaborados e plantas que subiam as paredes e davam um ar de vivacidade ao local. Clarissa gostou daquilo, gostou do ar puro e do contraste do verde com o mármore branco. — É como se essa dimensão tivesse vida própria, ela vai se expandindo e contraindo de acordo com as necessidades — explicou, quando parou em frente a uma porta e fez sinal para que Clarissa avançasse. Eram portas duplas, brancas e com detalhes prateados.
Clarissa pegou na maçaneta com cuidado, empurrando e deixando que a porta se abrisse. Ficou sem reação com o que viu depois.
Tudo ali tinha uma luz alaranjada ambiente, com detalhes em um roxo escuro. A colcha da cama tinha cor de ametista e as almofadas eram de pelúcia preta, uma grande estante lotada de livros ocupava uma das paredes e ao lado ficava uma escrivaninha com alguns cadernos empilhados e um suporte com várias canetas e lápis.
Havia duas poltronas de camurça da mesma cor da colcha, um arroxeado metálico com almofadas pretas para decorar. O armário tinha portas pretas e percebeu que as luminárias que se acendiam levemente nas paredes eram pintadas de um cinza escurecido, luminárias prateadas que lançavam uma luz alaranjada e suave.
— Uau — murmurou, quando adentrou o quarto e começou a reparar nas coisas. Tinha uma mesinha de cabeceira com uma pilha de livros e sorriu ao perceber que eram seus favoritos, justamente os que escolheria para colocar ao lado da ama.
— Eu sei. É como se fizessem do quarto uma extensão de você — comentou Elisa, ao ver o olhar admirado dela ao olhar em volta. Tudo aquilo parecia perfeito, como se tivesse projetado aquilo tudo de própria mente e escolhido cada textura, cor, livro e móvel ali.
Era simplesmente feito sobre medida, perfeito.
— Eu preciso ir, mas provavelmente alguém vem te guiar. — Elisa sorria enquanto Clarissa girava para ter uma visão inteira do quarto. Abraçou a ruiva rapidamente e sentiu algo desabando dentro de si quando Elisa lhe deixou sozinha e a porta se bateu com um leve ruído quando ela sumiu pelos corredores.
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Delírio | Criaturas Celestiais
Fantasía•Criaturas Celestiais | Livro Um• "Garotas mortas ainda podem amar." Muitos consideram a morte como um descanso, um fim tranquilo depois de uma vida agitada, mas a morte foi apenas o começo das complicações para Clarissa. Quando Clarissa Byers...