Quando abriu os olhos, percebeu que estava em um lugar coberto de luz. Por algum motivo, a luminosidade excessiva não fez com que precisasse piscar para se acostumar a ela e encarou um teto alto enquanto tentava se lembrar de como chegara ali.
Havia lustre cheio de pequenas peças de cristal cintilantes em seu centro, quase acima de si. Clarissa desviou o olhar do grande lustre luxuoso para encarar o local ao seu redor e se deparou com um piano branco de cauda no canto do quarto, o que a deixou atenta para o tamanho do local e a fez perceber que ele era maior do que um quarto comum.
Estava deitada em uma cama, cercada de almofadas brancas com detalhes prateados cintilando na luz e, aparentemente, estava em um quarto sem janelas, o que a fazia se questionar de onde vinha toda aquela luminosidade. Por que diabos não havia janelas? De onde vinha a luz, se não havia visto nem mesmo uma lâmpada?
Passou os olhos pelo quarto de paredes claras e percebeu que a cama era de dossel, com um fino véu branco caindo ao redor enquanto fitava o local mobiliado. Além do piano branco e da grande cama de dossel, havia um sofá coberto por uma manta de pelúcia rosada e uma mesinha de cabeceira com porta-retratos, um grande armário de roupas tomava toda a parede aos fundos do quarto e as portas de deslizar tinham grandes espelhos fixados, cobrindo toda sua extensão.
Era como estar no quarto de uma princesa, cada detalhe pensado para ser delicado e extremamente harmonioso. Tudo ali tinha um ar de nobreza, desde as almofadas cheias de detalhes prateados ao dossel da cama e o piano branco, o quarto parecia ter sido decorado com um toque angelical e luxuoso.
Quase se assustou quando as portas duplas se abriram e encolheu as pernas na cama, recuando. Foi quando viu Elisa na porta que sentiu as lembranças voltando, pouco a pouco foi revendo cada cena em sua mente com um aperto na garganta.
O carro, o acidente, o hospital e Elisa, a garota querubim que lhe levara junto para onde quer que fosse.
— Você acordou — constatou a ruiva, com um sorriso tranquilizador. Clarissa sentia aquele bolo cada vez mais desesperador dentro de si, como um balão crescendo em seu peito até estourar e levar todo seu autocontrole junto.
Aquilo não era real. Era um sonho. Só podia ser.
— Por quanto tempo fiquei desacordada? — perguntou e Elisa riu baixo, balançando os cabelos que agora brilhavam gloriosamente em fios dourados, quase cor de cobre. Ela estava diferente, muito diferente.
Seus cabelos pareciam ondular como marés de fogo e seus olhos não eram simplesmente dourados, era quase como se pudesse ver uma chama dançando dentro de suas íris e ela estava impressionante. Mortalmente pálida e cercada de dourado, Elisa estava estonteantemente linda e totalmente inumana.
Nenhum humano jamais teria aquele ar de nobreza e aquela aura dourada, nenhum humano jamais conseguiria se equiparar à perfeição de seus traços e de suas ondas avermelhadas.
— Tempo não importa aqui, Cass — disse ela, sentando-se na ponta da cama. Clarissa não soube bem o motivo de ter se afastado, mas encolheu as pernas e fechou os olhos, tentando permanecer calma enquanto sua mente parecia girar sem parar. — Você está morta.
« ♡ »
Clarissa passou um bom tempo em silêncio, ambas sentadas na cama e Elisa tentando lhe confortar enquanto a menina permanecia em um estado catatônico. A loira ainda tinha as pernas encolhidas, abraçando os próprios joelhos como se fosse uma criança assustada e realmente parecia uma, com seus olhos arregalados e fitando a parede em silêncio, sem reagir.
— Isso não tem volta, não é? — questionou, com a voz rouca e falha. Elisa lhe fitava com um olhar que misturava um sentimento de pena e relutância, permaneceu em silêncio por alguns segundos antes de responder e lhe fitava com uma expressão quase aflita.
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Delírio | Criaturas Celestiais
Fantasía•Criaturas Celestiais | Livro Um• "Garotas mortas ainda podem amar." Muitos consideram a morte como um descanso, um fim tranquilo depois de uma vida agitada, mas a morte foi apenas o começo das complicações para Clarissa. Quando Clarissa Byers...