Ela Era Uma Bruxa | Capítulo Seis

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Elisa e Lucas saíram correndo do corredor logo depois, como se tivessem sentido que algo estava errado. Ou simplesmente ouviram seus gritos pedindo por ajuda.

Lucas ficou paralisado quando a viu, deitada e inconsciente nos braços de Clarissa. Elisa correu e mergulhou na água ao mesmo tempo, ajudando Clarissa a tirar Lena da água. Como se despertasse de um transe, Lucas avançou e pegou Lena, pousando-a gentilmente no chão de mármore e deixando que os cabelos castanhos se espalhassem pelo piso branco enquanto Elisa subia novamente a mureta de pedra e pulava novamente para o chão.

Clarissa ainda estava dentro da água, os olhos arregalados de choque e Elisa se voltou para a loira.

— Tinha mais alguém aqui quando chegou? — questionou, os olhos brilhando em dourado e lhe encarando com urgência. Clarissa negou com a cabeça quase de prontidão, Elisa suspirou, os lábios tensionados enquanto pousava as mãos sobre as suas, passando alguma calma e conforto. — Preciso que você mergulhe e veja se acha alguma arma, pode ser uma adaga, uma faca, um canivete... qualquer coisa. Pode fazer isso? — indagou, olhando-a nos olhos. As íris douradas demonstravam calma e confiança, como se dissesse confie em mim. A loira engoliu a seco e inspirou fundo, assentindo com a cabeça em silêncio.

Mergulhou novamente na água e reparou no chão de pedra, procurou por qualquer adaga ou objeto pontiagudo, passou as mãos pelo fundo do lago e observou com mais atenção a água cristalina que ondulava e escorria, mas não achou nada ali.

Elisa estava ajoelhada ao lado de Lena e tinha os olhos fechados, os cabelos dourados ondulando e esvoaçando ao seu redor, a luz circulava toda a silhueta e se concentrava em suas mãos, colocadas no peito de Lena e manchadas com o líquido dourado.

Clarissa achou que fosse vomitar, mas sabia que isso era possível. Forçou os braços para cima e sentou-se no muro antes de ficar em pé no salão de mármore, caindo de joelhos ao lado de Elisa e Lena, que ainda estava inconsciente nos braços da ruiva

Ela parecia pálida e frágil, como uma boneca. Clarissa não conseguiu ver aquela garota que dominava as espadas com facilidade e era uma ótima guerreira.

— Ela vai ficar bem? — perguntou, lágrimas escorrendo junto com a água que pingava de seu cabelo. Foi então que viu Lucas encolhido no canto, lágrimas manchavam suas bochechas e percebeu que Lena não tinha mais a aura dourada, não tinha mais a poderosa energia que emanava.

— Eu... — Elisa murmurou, abrindo os olhos e mantendo o olhar em Lena, deitada em seu colo. Nunca vira aqueles olhos dourados tão preocupados. — Eu não consigo sentir a energia dela. A essência de quem ela foi... não está mais aqui — completou, estremecendo. Clarissa podia jurar que sentiu o gosto azedo de vômito na garganta e apertou as mãos ao lado do corpo, para fazê-las parar de tremer.

— O que isso significa? — indagou, mesmo que não quisesse saber a resposta. Elisa estremeceu. Clarissa nunca havia a visto estremecer ou fazer qualquer gesto humano antes.

— Querubins são pura essência e poder, sem eles... ela deixa de existir. Essa projeção é só como um corpo vazio mantida pela dimensão de Onyx, vai sumir em pouco tempo.

« ♡ »

Clarissa ficou sentada ao lado de Lucas em um dos degraus da escadaria, observando enquanto vários querubins andavam de um lado para o outro e investigavam o que havia acontecido ali. Lena ainda estava deitada no chão, cercada de pessoas ajoelhadas e andando ao seu redor, anotando algum em folhas presas em pranchetas, preenchendo aquelas linhas sem parar.

Elisa parecia ter razão, sua imagem ficava mais fosca a cada momento, os contornos se desfazendo no ar como se ela estivesse se mesclando à paisagem. Quando ela sumisse, não existiria mais nada daquela garota para se lembrar.

Delírio | Criaturas CelestiaisOnde histórias criam vida. Descubra agora