[...] — Lena, o que você está fazendo? — pediu Lucas, com um suspiro aflito. Ele se sentou ao seu lado no sofá, os olhos atentos e preocupados caindo sobre ela como se pudessem desvendar seus pensamentos e expô-la.
— Tudo o que eu posso — respondeu, dando de ombros. Alguma parte de si sabia que não era disso que ele estava falando, mas torcia para que Lucas esquecesse o assunto para que não precisassem conversar sobre aquilo.
— Eu vejo o modo como você olha para Clarissa e também para Elisa — continuou ele, e Lena desviou o olhar para o tapete branco e felpudo entre o sofá e a cama onde a ruiva estava. Não queria parecer covarde ou fugir de seus sentimentos, mas não sabia se estava preparada para ser tão direta sobre isso. — Isso me assusta, você olha para as duas da mesma maneira — disse, e Lena só queria desaparecer entre as almofadas do sofá, se esconder de seus problemas e das palavras dele, que lhe obrigavam a confrontar algo que estava bem guardado.
— Lucas...
— Não sei o que você está pensando, mas não quero que acabe machucada — falou, quando ela o encarou com os lábios crispados. A expressão de seriedade na face dele a deixava tensa e lhe fazia querer chorar. — Lembra-se de quando Elisa e Clarissa vieram para cá? O pouco tempo que foi necessário para que elas voltassem a ficar juntas? Lena, o que você acha que vai acontecer se Clarissa voltar e Elisa recuperar suas memórias? — Algo dentro de si desabou com as palavras suaves. Talvez ele tivesse razão, afinal. Elisa e Clarissa ficariam juntas se tivessem chance, seria como um reencontro épico de conto de fadas.
E onde ficava nessa história? Achava mesmo que ainda teriam espaço para si?
— Elisa precisa de ajuda, só estou fazendo o que posso — disse, mantendo a voz firme. Olhou para Elisa, encolhida entre os lençóis e mais pálida do que o normal, apagada.
Havia enchido o quarto dela de velas e cristais no dia anterior. Agora, pedras verdes e translúcidas se misturavam com os enfeites cor-de-rosa e as velas brilhavam com chamas altas, criando um campo de energia capaz de curar qualquer coisa, regenerar qualquer sequela.
Mas Elisa não reagia, já fazia algum tempo que perceberam que aquele estado inconsciente se arrastava mais do que o normal. Ela já deveria ter acordado, nenhum querubim ficava inconsciente por tanto tempo — a energia se regenerava rápido demais e tornava isso impossível. Entretanto, a ruiva continuava sem reação, com os dois cortes em suas costas se reusando a cicatrizar.
— Jura? Você mal saiu do lado dela e está exausta, parece mais preocupada com ela do que consigo mesma — insistiu Lucas, desconfiado. Lena não tirava os olhos da ruiva, preocupada ao imaginar como tirá-la daquele estado. — Sei que se importa com Lisa e isso é ótimo, mas, se ficar entre ela e Cass, vai acabar no meio do fogo cruzado e se queimando — completou ele. A garota finalmente desviou o olhar, desconfortável.
Talvez a resposta fosse Clarissa, Lena imaginou. Talvez ela pudesse curar Elisa com sua energia e despertá-la, tirá-la daquele estado. Talvez Elisa precisasse tanto de Clarissa que seu corpo reagisse a ela.
Para isso, teriam de encontrar Clarissa primeiro.
— Não me assuste com suas previsões futurísticas, o tarô já faz o suficiente — pediu, revirando os olhos. Ele ainda estava preocupado e tenso quando se levantou, dando uma última olhada para a garota ruiva dormindo entre os lençóis e travesseiros na cama de dossel.
— Não estou prevendo nada, só estou dizendo que vocês três são como uma bomba nuclear prestes a explodir — relatou, indo em direção à porta. Parou por um segundo, mas Lena não respondeu e então ele continuou. — Não fique entre essas duas, Lena. No final, quem vai acabar se magoando é você — disse, fechando a porta ao sair.
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Hello! Ainda não tenho uma data prevista para a postagem do segundo livro, vou dar um tempo para escrever tanto o segundo volume quanto outro projeto para o ano que vem. Espero que compreendam, preciso desse tempo para focar em escrever, mas logo estou de volta (já tem como adicionar o livro na biblioteca e conferir o elenco, playlist e sinopse, enquanto isso) <3
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Delírio | Criaturas Celestiais
Fantasia•Criaturas Celestiais | Livro Um• "Garotas mortas ainda podem amar." Muitos consideram a morte como um descanso, um fim tranquilo depois de uma vida agitada, mas a morte foi apenas o começo das complicações para Clarissa. Quando Clarissa Byers...