Capítulo 15 - Hannah

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O lugar onde estou fede a mofo e urina de rato, me deixaram no que parece um velho colchão e amarraram as minhas mãos, ainda não consigo ver nada a minha volta com esse capuz em minha cabeça, mil coisas passam na minha mente, não sei quem são ou o que querem comigo, minha respiração está ofegante e o coração acelerado, o que me tranquiliza foi que a Grace conseguiu se salvar, a única coisa que eu queria era o Steve aqui comigo.

- Abram a cela, o chefe está vindo. - Ouço uma das vozes dizer e logo depois ouço o som de ferro se arrastando.

- Me deixem ver o que trouxeram, tirem o capuz da garota. - Ouço outra voz dizer, de quem eu deduzi ser do chefe.

Um dos caras arranca com força o capuz, o lugar era escuro e meus olhos se forçavam a se adaptarem com o ambiente, tudo o que eu conseguia ver eram três borrões em minha frente, até que derrepente ...

- Hannah ? - Ouço a voz do chefe indagar. Espera, ele me conhecia ? E pior, eu o conheço ?

Com a visão se adaptando e ficando cada vez mais nítida, eu foco nas figuras em minha frente, até eu começar a reparar no homem que estava no meio, espera, não pode ser ...

- Pai ? - Era ele, já havia se passado muitos anos, mas eu ainda o reconhecia, era ele, com um pouco mais de peso, mas ainda assim era ele, maldito seja ...

- Pai ? - Os outros dois repetiram em uníssono, que agora eu conseguia ver, tinham traços japoneses, eu já devia saber.

- Seus idiotas, a desamarrem. - Meu pai ordena. Os homens retiram as cordas do meu pulso, que até então eu não tinha percebido o quanto estavam apertadas. - Agora saiam ! - Ele continua, e os homens se retiram nos deixando sozinhos na cela.

- Então foi pra isso que nos abandonou ? Pra traficar mulheres pro Noshimuri ? - Eu quase cuspo as palavras, eu conseguia sentir as minhas mãos tremerem em uma sequência muito maior do que o normal, sabia que estava começando a ter uma crise de ansiedade.

- Eu fui embora pra proteger vocês.

- Mentira ! - Eu grito - Nunca se importou com a gente, nunca se importou com ninguém que não fosse você mesmo, quando você foi embora, eu sabia que estava trabalhando pro Noshimuri, mas eu achei que estava traficando drogas, drogas pai, não mulheres, você tem duas filhas caralho, não se importa com isso ?

- Mas eu estava mexendo com drogas, só que o Noshimuri me trocou de área, o que eu podia fazer ? Só faço o que eles mandam.

- Não precisa fazer essas merdas, nem sangue Yakuza você tem. - Digo cerrando os dentes, sentindo o gosto das lágrimas em minha boca, lágrimas essas que eu nem percebi que estavam caindo. Ele me olha com um olhar cerrado.

- O Noshimuri não acha isso. - O padrasto do meu pai era Yakuza, ele mesmo não, mas como o padrasto dele morreu sem ter filhos legítimos, o meu pai acabou assumindo os negócios, quando criança ele me dizia que o Noshimuri o mataria se ele tentasse sair da Yakuza, hoje sei que não é verdade, ele não tem nenhum compromisso com a Yakuza, nunca foi um Yakuza de verdade, se ele ainda trabalhava pro Noshimuri era por livre e espontânea vontade, a verdade é que ele gostava do que fazia, gostava do dinheiro fácil.

- Nunca nem quis conhecer a Ana.

- O que disseram a ela ?

- Que você está morto !

- É melhor assim. - Ele fala colocando as mãos nos bolsos da calça - O que está fazendo no Hawaii ?

- Não te interessa ! - Grito e logo depois sinto uma pontada na barriga. Levo as mãos até ela e a aperto, a dor começa a aumentar - Meu filho, meu filho, você precisa me levar ao hospital, pai.

- Você está grávida ? - Ele pergunta.

- Por favor pai, precisa me levar ao hospital agora. - Eu imploro enquanto me contorço de dor.

- Não pode sair daqui, acha mesmo que eles vão permitir isso ? Viu o rosto de todos, se eu deixar você sair, eles te matam e eu sou o próximo.

- Mas o meu filho ... - Digo chorando de desespero e dor.

- Eu sinto muito. - É tudo o que ele diz enquanto sai da cela e a tranca.

Ele havia me deixado, deito no velho colchão em posição fetal e começo a gritar de dor, as dores estavam ficando insuportáveis, lembro então do meu celular que estava em minha cintura, era um truque que eu usava no Brasil, colocava o celular na cintura e a blusa larga o escondia, era pra evitar assaltos, acabou funcionando nesse rapto também, com muita dificuldade tiro o celular da cintura, aperto o botão para ligar, enquanto o celular ligava a minha visão voltava a ficar turva, não deu tempo de ligar para o Steve, tudo ficou escuro antes.

Hawaii Five-0 - Uma Nova História de Amor [ CONCLUÍDO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora